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Lituânia celebra centenário de independência

16/02/2018 16h56

Juris Kaza.

Riga, 16 fev (EFE).- A Lituânia comemora nesta sexta-feira o centenário de independência e abre um ano de celebrações nos seus vizinhos bálticos, a Estônia e a Letônia, para lembrar a libertação das ocupações russa e alemã, em 1918.

"No começo do século passado, tínhamos a esperança de receber algum sinal de apoio. Hoje, sabemos que temos verdadeiros amigos e aliados", disse a presidente da Lituânia, Dalia Grybauskaite, em cerimônia organizada na capital, Vilnius.

Entre os convidados, os principais responsáveis de instituições europeias e os presidentes de Polônia, Alemanha, Finlândia, Islândia, Ucrânia e Geórgia, assim como a princesa Victoria da Suécia.

O festejo, que teve badalar de sinos e milhares de pessoas nas ruas, começou com um ato no Cemitério Roses, onde está enterrado o primeiro signatário da declaração de independência lituana, Jonas Basanavicius. As comemorações nos bálticos, membros da União Europeia (UE) e da Otan, estão, de alguma forma sombreadas pela crescente ameaça que a Rússia, que absorveu dentro da União Soviética os três países entre 1945 e 1991, representa.

Na opinião do diretor-adjunto do Instituto Letão de Assuntos Internacionais, Karlis Bukovskis, as celebrações do centenário são uma oportunidade de avançar para os três países, embora sem esquecer os quase 50 anos de ocupação soviética.

"O centenário é para lembrar que não somos países 'novos', que temos a idade média dos países europeus modernos como a Finlândia, que também proclamou a sua independência mais ou menos na mesma época", explicou Bukovskis em declarações à Agência Efe.

Na sua opinião, os bálticos já tinham amadurecido politicamente no começo do século XX e estavam preparados para a soberania.

"Espero que este aniversário nos faça prestar mais atenção ao que somos agora e ao que podemos oferecer no futuro, em vez de olhar o mal que nos aconteceu no passado", acrescentou.

Após as celebrações da Lituânia começarão as da Estônia, que publicou a sua declaração de independência em 24 de fevereiro de 1918. O país organizou uma semana de festas - começando na próxima segunda-feira -, com marchas, discursos e uma recepção liderada pela presidente Kersti Kaljulaid e pelo primeiro-ministro Jüri Ratas.

Um curioso ato paralelo que também lembra a independência estoniana foi convocado através de Facebook por um vendedor de peças de carro. Incomodado porque os impostos em cima do álcool e da gasolina são menores na Letônia, ele organizou uma carreata até a fronteira para o próximo dia 24 e já ganhou a adesão de milhares de cidadãos da Estônia.

A Letônia, que só declarou a independência em 18 de novembro, estendeu os atos comemorativos ao longo de vários anos, com o objetivo de lembrar a guerra de independência que começou em 1919 com milícias russas e alemãs, a aprovação da Constituição em 1920 e o seu reconhecimento internacional a partir do ano seguinte. Letônia e Lituânia devem ainda promover festivais de música e dança, em alusão às chamadas "Revoluções Cantadas", os protestos populares com os quais os países bálticos recuperaram a independência em 1991, após o afundamento do bloco soviético.

As décadas de submissão báltica à URSS foram marcadas por repressão política e deportações de parte da população da Estônia, Letônia e Lituânia para a Sibéria por ordens do líder comunista Josef Stalin. Além disso, milhares de cidadãos bálticos fugiram para o oeste quando o Exército Vermelho invadiu os seus países, expulsando os soldados nazistas que tinham ocupado estes territórios em 1941 e que alguns anos tinham assassinado a maioria dos judeus e obrigado o alistamento de milhares de pessoas da Letônia e da Estônia.

Nazistas e soviéticos congelaram só temporariamente o anseio de autogoverno dos bálticos, que tinham alcançado a independência em 1918 graças ao vazio de poder que criou na região o armistício e o posterior tratado de paz entre a Alemanha e o novo governo comunista na Rússia.