História de duelo de "Trama Fantasma" é indicado ao Oscar
Manuel Sánchez Gómez.
Londres, 1 fev (EFE).- "As relações se baseiam em diálogos. Elas são são um duelo, são um dueto e muita gente se esquece disso no dia a dia", disse a atriz Vicky Krieps, que, com a interpretação que faz em "Trama Fantasma", dirigida por Paul Thomas Anderson, ajudou o filme a receber seis indicações ao Oscar.
Até bem pouco desconhecida, talvez por ter nascido em um país sem tradição no cinema ou apenas ter feito trabalhos pouco conhecidos em nível mundial, a atriz, que nasceu em Luxemburgo, é a grande surpresa desse longa, no qual ela tem o papel principal.
"Quando li o roteiro percebi que seria um dos personagens principais. Começamos a trabalhar e, um dia, Paul se aproximou e disse: 'é estranho, porque acho que é a primeira vez que tenho uma mulher como protagonista'", contou.
Foi então que ela se deu conta de que era o personagem principal e não Reynolds (Daniel Day-Lewis), apesar de o diretor ter confessado que "os dois" eram um só, "como uma criatura de duas cabeças", acrescentou ela em uma coletiva de imprensa.
"Trama Fantasma" narra a história de amor-ódio entre um famoso estilista inglês em meados do século XX, Reynolds Woodcock, - interpretado por Daniel Day-Lewis -, e Alma, a sua musa inspiradora, - interpretada por Vicky.
O filme recebeu seis indicações ao Oscar, incluindo melhor filme, melhor ator (Daniel Day-Lewis), melhor diretor (Paul Thomas Anderson). O longa também concorre a quatro categorias do Bafta, considerado o Oscar britânico.
Para o americano Paul Thomas Anderson, que já foi indicado ao Oscar oito vezes - contando com as atuais -, os prêmios não mudam em nada as suas "intenções" nem "a forma como se aproxima" dos temas.
"Isso é maravilho. Mais pessoas verão o filme e ficaremos nos cinemas por mais três semanas, por exemplo. Recebo mais mensagens agora (ri)", completou.
Daniel Day-Lewis, por sua vez, já conheceu o gostinho de receber o Oscar. Em 1990 ele venceu em "Meu Pé Esquerdo"; em 2008 ganhou com "Sangue Negro" e em 2013, com "Lincoln".
No entanto, ele não pretende fazer mais filmes. Ele anunciou que depois de "Trama Fantasma" quer colocar fim a 47 anos de carreira no cinema.
"A verdade é que essa decisão não me surpreende. Não sei o motivo, mas respeito muito às pessoas capazes de separar decisões pessoais de profissionais", comentou o diretor.
O papel de Alma exigiu que Vicky colocasse forma ao personagem e criasse uma história própria, baseada parte no roteiro e parte na sua imaginação.
"Ela era da Europa, escapou da guerra. Encontrei a resposta nas minhas avós. Era uma mulher jovem na guerra, sabia que muita gente estava morrendo ao seu ao redor, tinha que escapar, criar uma nova vida como imigrante", relatou a atriz, lembrando que, por se passar nos anos 50, ela ainda tinha que fazer as tarefas domésticas e não podia questionar.
Em contraposição, aparece a figura de Woodcock, mestre da moda e gênio da criação artística, cercado de mulheres, mas incapaz de compreendê-las.
"Ele tem relações complicadas com as mulheres e, ao mesmo tempo, está rodeado por elas, que são as que fazem o trabalho para ele. A sua irmã comanda o negócio, o espectro da mãe está no ambiente. Assim era o mundo da moda. Provavelmente, agora esteja diferente, mas nos anos 50 era assim", expressou Anderson.
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