Jornalistas russos trocam socos durante debate sobre Stalin
Moscou, 31 jan (EFE).- Dois jornalistas russos chegaram às vias de fato enquanto participavam de um debate ao vivo em um jornal sobre o papel do ditador soviético Josef Stalin na Segunda Guerra Mundial.
O jornalista e historiador Nikolay Svanidze adotou uma postura crítica com Stalin, argumentando que o líder soviético foi o responsável pelas catastróficas derrotas do Exército Vermelho durante os primeiros meses do conflito com a Alemanha de Adolf Hitler.
"Até o final de 1941, 3,8 milhões de soldados soviéticos tinham caído prisioneiros da Alemanha", afirmou, após acusar o ditador de ter liquidado a maioria dos generais soviéticos nos anos prévios à guerra.
O apresentador e colunista Maxim Shevchenko respondeu que a União Soviética ganhou a guerra graças precisamente à liderança ferrenha de Stalin e acusou seu interlocutor de "cuspir sobre os túmulos" dos soldados.
"Canalha. Se você estivesse mais perto, te daria uma boa", disse Svanidze a Shevchenko, que desafiou a seu colega a cumprir sua ameaça e lhe chamou de "cagão".
Nesse momento, Svanidze se aproximou a Shevchenko e lhe deu uma bofetada, ao que o apresentador respondeu com vários golpes contundentes que deixaram no solo seu "rival", 11 anos mais velho que ele, segundo se pode ver nos vídeos e fotos divulgados nesta quarta-feira pela imprensa russa.
Os funcionários do jornal "Komsomolskaia Pravda", em cuja redação foi realizado ontem o debate, separaram os dois e puseram um fim no "duelo".
Ambos jornalistas colaboram com a emissora de rádio independente "Ekho Moskvy" e são também membros do Conselho para o Desenvolvimento do Civismo, órgão adjunto à presidência da Rússia.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse hoje que esse incidente dá a razão ao Ministério de Cultura russo, que suspendeu recentemente a estreia da comédia britânica "A morte de Stalin", com o argumento que ofende a memória dos soviéticos caídos na Segunda Guerra Mundial.
"Isso prova como inclusive mastodontes (do jornalismo) como estes não podem conter suas emoções" ao falar da figura de Stalin, respondeu Peskov à pergunta dos jornalistas sobre a briga.
O filme britânico, que conta com humor negro as intrigas políticas no Kremlin após a repentina morte do ditador, também foi criticado por personalidades da cultura russa por zombar dos dirigentes e símbolos soviéticos.
Pouco depois o Ministério de Cultura decidiu retirar sua licença, ainda que seu titular, Vladimir Medinski, tenha negado que se tratasse de um ato de censura governamental.
Mesmo assim, o filme estreou no último dia 25 de janeiro no cinema Pioner, especializado em filmes estrangeiros em versão original, com a sala lotada de espectadores, ainda que outros cinemas tenham optado por não exibi-lo.
A imagem de Stalin, que dirigiu a União Soviética com mão de ferro durante mais de um quarto de século, melhorou nos últimos anos e cada vez são menos os russos que lhe consideram um ditador sanguinário culpado de reprimir milhões de pessoas.
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