Após acusações de filha de Woody Allen, Hollywood se afasta do diretor
Nova York, 17 jan (EFE).- Quatro anos depois que Dylan Farrow acusar publicamente o pai, Woody Allen, de ter abusado sexualmente dela quando era criança, a onda contra os assédios fez com que atores que trabalharam com o cineasta nova-iorquino agora virem as costas para ele e poucas vozes saiam em sua defesa.
Hoje, com a divulgação de alguns trechos da primeira entrevista para a TV de Dylan - que será transmitida na íntegra amanhã -, a imagem pública do diretor, que já era visto de forma reticente por alguns desde o seu casamento com a enteada Soon-Yi Previn, ficou definitivamente manchada.
Quando a relação de Mia Farrow e Woody Allen terminou, em 1992, por causa do romance dele com a enteada (naquela época ele tinha 56 anos e ela, 21), as acusações dos abusos sofridos por Dylan, aos sete anos, se perderam no caos.
Mas Ronan Farrow, o único filho biológico de do casal, seguiu atacando o pai durante anos, tentando fazer com que o tema não fosse esquecido. Foi ele quem se dedicou a investigar as sujeiras de Hollywood quando trabalhava na revista "The New Yorker", na qual escreveu, em outubro do ano passado, um artigo sobre as denúncias de várias mulheres contra o todo-poderoso produtor Harvey Weinstein.
Assim começou um movimento que ameaça derrubar muitos nomes conhecidos de Hollywood e que provocou uma drástica mudança de mentalidade no templo do cinema, onde, conforme tem sido revelado nos últimos meses, os casos de assédio e abuso sexual eram habituais e que a maioria sabia, mas poucos se atreviam a denunciar.
Além disso, quanto mais se fala, mais são descobertos casos antigos e silenciados, entre eles o de Woody Allen, que foi acusado publicamente pela filha, já adulta, em 2014, apesar de os crimes já terem prescrito. Mas Dylan não desanimou e aproveitou a nova fase de Hollywood para lançar mensagens no Twitter.
"Apesar das minhas acusações críveis, Woody Allen foi aprovado, elogiado e apoiado, enquanto eu fui ignorada, desacreditada e criticada por muitos em Hollywood", escreveu.
As críticas contra o diretor aumentaram, e a atriz britânica Rebeca Hall foi a primeira a se posicionar publicamente contra ele, com quem acaba de rodar "A Rainy Day in New York" (ainda sem título em português). Apesar de só ter filmado por um dia e de seu cachê não ser alto, ela decidiu doar o que recebeu para o fundo da "Time's Up", movimento contra o assédio sexual criado por atrizes e produtoras de Hollywood.
"Após ler e reler as declarações de Dylan Farrow de alguns dias atrás e voltar para ler as mais antigas, eu vejo não só o quão complicada é essa questão, mas também que minhas ações fizeram outra mulher se sentir silenciada e repudiada. Me arrependo dessa decisão e não faria o mesmo hoje", disse a atriz.
Ontem, o protagonista do filme, Timothée Chalamet, anunciou que doaria o salário recebido para ajudar a "acabar com a injustiça, a desigualdade e, principalmente, com o silêncio". Selena Gómez, que também está no longa, fez o mesmo. Segundo a imprensa americana, ela teria feito uma doação anônima maior do que o que recebeu pela participação para a instituição.
Há uma semana, a atriz e diretora Greta Gerwig afirmou que se arrependia de ter trabalhado com Woody Allen em "Para Roma com Amor" (2012).
Poucas vozes se manifestaram a favor do premiado cineasta. Um dos que resolveram defende-lo é Alec Baldwin, que trabalhou três vezes com o diretor e que disse que "negar" Woody Allen é "injusto e triste".
Palavras que em pouco tempo foram abafadas pelas duras declarações de Dylan à "CBS". "Por que eu não deveria derrubá-lo? Por que não deveria estar irritada? Por que não deveria estar ferida? Por que não deveria sentir uma espécie de indignação por ter sido ignorada, afastada e por não ter me encontrado por todos esses anos?".
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