Cidade das portas abertas, Manizales encerra tradicional feira de janeiro
Víctor Diusabá.
Manizales (Colômbia), 14 jan (EFE).- Conhecida como a "cidade das portas abertas", Manizales, no centro da Colômbia, encerra neste domingo sua tradicional feira de início de ano, uma comemoração que tem inspiração espanhola.
Com a edição atual, já são 62 anos nos quais milhares de turistas têm a oportunidade de aproveitar de uma agenda múltipla de eventos, a maioria deles gratuitos, com cultura e esporte como protagonistas.
Cerca de 300 mil turistas visitaram a cidade neste início do ano para conhecer a feira, entre eles os embaixadores da Espanha na Colômbia, Pablo Gómez de Olea, e da Índia, Ravi Bangar.
O embaixador espanhol, que recebeu as chaves da cidade das mãos do prefeito de Manizales, Octavio Cardona, destacou os vínculos entre o país e a cidade, cuja feira nasceu inspirada na realizada anualmente por Sevilla no mês de abril.
A Feira de Manizales só não ocorreu em duas ocasiões. A primeira foi em 1980, por causa dos danos provocados pelo terremoto de 29 de novembro de 1979. A segunda vez foi em 1986 devido à tragédia ocorrida meses antes após a erupção do vulcão Nevado del Ruiz.
A história dessa cidade do centro da Colômbia e capital do departamento de Caldas, conhecido pela produção de café, começa em 1849. Manizales foi fundada por colonizadores que desafiaram as montanhas para erguê-la na base da cordilheira central dos Andes. E é repleta de poetas, artistas, arquitetos, políticos e empresários.
Além deles, o destaque vai para empreendedores como Óscar Hoyos Botero, nascido em Manizales e que em 1955 se atreveu a organizar uma feira colombiana, mas com o mesmo espírito de Sevilla.
"Foi ali, na capital da Andaluzia, onde Hoyos Botero lançou a ideia que hoje é motor de boa parte da economia da cidade e da região", conta Luis Bernardo Gómez, historiador da cidade e devoto de outro dos símbolos de Manizales, a Virgem de Macarena, como a de Sevilla.
Na semana da feira que se encerra neste domingo, cerca de 1 milhão de pessoas puderam participar de atividades que vão desde uma exposição artesanal reconhecida como uma das melhores do país, shows de diferentes gêneros musicais, festivais de tecnologia, viagens ao Nevado del Ruiz e expressões da cultura local.
O Reinado Internacional do Café, um tradicional concurso de beleza do qual só participam mulheres de países produtores e consumidores do grão, foi vencido na noite de ontem pela candidata da Espanha, Carmen Serrano.
Mas, a cidade é dominada na época da feira pelos fãs das touradas. Manizales também é a capital colombiana da tourada e pela praça La Monumental passam todas as grandes figuras da modalidade.
Desta vez, a feira teve como principais nomes os espanhóis Enrique Ponce, Alberto López Simón, José Garrido e Julián López "El Juli"; o francês Juan Bautista e os colombianos Ramsés Ruiz, Luis Bolívar, Juan Pablo Correa e Pepe Manrique.
Ponce foi o grande vencedor e levou o trófeu oficial, uma réplica da Catedral de Manizales.
As touradas têm também um componente social por causa da contribuição através de doações e impostos ao Hospital Infantil Universitário Rafael Heano Toro, de responsabilidade da Cruz Vermelha, o que faz com que os vínculos entre os cidadãos e o espetáculo sejam maiores do que em qualquer outro lugar da Colômbia.
"O hospital é uma causa social que conta com todo o apoio de outra causa, as touradas", afirma o médico Juan Carlos Gómez, gerente do Cormanizales, órgão que controla a praça La Monumental.
Mas, se há uma característica que marca Manizales é a hospitalidade da sua gente, uma qualidade que confirma que ela realmente é a "cidade das portas abertas".
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