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Egito acusa especialistas de se precipitarem ao anunciarem achado em pirâmide

02/11/2017 18h50

Cairo, 2 nov (EFE).- O Ministério de Antiguidades do Egito acusou os especialistas do projeto Scanpyramids de se precipitarem e usarem termos propagandistas ao anunciarem na revista "Nature" nesta quinta-feira a descoberta de uma nova câmara dentro da Grande Pirâmide de Quéops.

"O Ministério de Antiguidades considera que a equipe de pesquisadores não deveria ter se precipitado nem se dirigido à opinião pública neste momento utilizando termos propagandistas sobre o projeto como 'descobrimento' ou o 'achado de uma câmara ou espaço do tamanho de um avião dentro da Grande Pirâmide", informa o governo egípcio em comunicado.

Na nota, a pasta declara que os arqueólogos já sabiam da existência de "várias câmaras" no interior das três pirâmides de Gizé.

"Nature" publicou nesta quinta-feira um estudo dos especialistas que trabalham no projeto Scanpyramids, lançado em 2015 sob o guarda-chuva do Ministério de Antiguidades egípcio para decifrar o interior dessas estruturas. O grupo conta com integrantes de Japão, França, Canadá e Egito.

A Grande Pirâmide, a mais importante construção do Reino Antigo, foi construída durante o reinado de Khufu (2550 a.C. a 2527 a.C.), segundo faraó da 4ª Dinastia, a quem Heródoto chamou de Quéops, mas os especialistas ainda desconhecem quais foram as técnicas usadas na construção.

O cofundador e vice-presidente do ScanPyramids, o egípcio Hany Helal, disse à Agência Efe que o projeto tinha apresentado um relatório sobre o descobrimento deste espaço, de 30 a 40 metros de comprimento, ao Ministério de Antiguidades em setembro.

Além disso, contou que solicitou às autoridades estender o trabalho do grupo por mais um ano e que a pasta aceitou a prorrogação.

Em declarações ao portal "Ahram Online", o arqueólogo egípcio e ex-ministro de Antiguidades Zahi Hawass afirmou que o artigo publicado nesta quinta-feira "não se trata de uma nova descoberta".

"Acho que temos de ter cuidado com o uso da palavra 'câmara', porque a grande pirâmide está cheia de câmaras, disse Hawas, que é o presidente do comitê de especialistas que supervisiona os trabalhos de ScanPyramids.

O novo estudo explica que os cientistas analisaram as imagens geradas por uma partícula cósmica conhecida como muon, que é ativado quando partículas subatômicas procedentes do espaço exterior entram em contato com a atmosfera terrestre. Esta grande câmara vazia apresenta uma seção transversal similar à da Grande Galeria, localizada debaixo da nova cavidade.

A grande expectativa e o interesse criados pelas descobertas arqueológicas relacionadas com as dinastias faraônicas costuma provocar controvérsias e polêmicas.

O caso mais recente ocorreu em 2015, quando o egiptólogo britânico Nicholas Reeves formulou a hipótese de que atrás da parede norte da tumba de Tutancâmon há uma câmara funerária na qual estaria enterrada a rainha Nefertiti, o que ainda não pôde ser provado e que as autoridades arqueológicas egípcias negam.