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Israel descobre trecho do Muro das Lamentações oculto há 1.700 anos

De Jerusalém

16/10/2017 15h51

Um novo trecho do Muro das Lamentações (Kotel) e um pequeno teatro aos seus pés que data do período romano, a primeira estrutura pública encontrada até agora nesta área, foram apresentados nesta segunda-feira na Cidade Velha de Jerusalém pela Autoridade de Antiguidades de Israel.

Em bom estado de conservação e sob o arco de Wilson, o único elemento que permanece da ponte que permitia acessar o Segundo Templo de Herodes, Israel desenterrou um trecho de oito metros do muro ocidental e um pequeno teatro com capacidade para um público de 200 pessoas.

"A descoberta foi uma verdadeira surpresa. Quando começamos a escavar, nosso objetivo era datar o arco de Wilson. Não imaginei que se abriria uma janela ao mistério do teatro perdido de Jerusalém", afirmou a arqueóloga Tahila Liberman.

Os sítios encontrados confirmam os escritos históricos sobre estas estruturas que, ao contrário de grandes teatros como o de Cesareia, parece se tratar de um odeão utilizado para interpretações acústicas, ou um bouleuterion onde se reunia o conselho da cidade.

Os arqueólogos israelenses acreditam que o teatro nunca foi utilizado porque as escadas não estão completas e que o mesmo foi abandonado possivelmente devido à revolta judaica contra o Império Romano.

Durante uma entrevista coletiva nos túneis subterrâneos da cidade amuralhada, contíguos à Esplanada das Mesquitas - ou Monte do Templo para os judeus, seu local mais sagrado - os arqueólogos israelenses mostraram nesta segunda-feira os materiais encontrados nas escavações "como parte do patrimônio judeu e sua profunda conexão com a Cidade Santa".

"'Por que esconderam as escavações?', nos perguntam. Agora podemos apresentar esta grande investigação e o que fazemos a partir de um ponto de vista científico", disse o arqueólogo do distrito de Jerusalém Yuval Baruch sobre os trabalhos realizados no subsolo da zona leste da cidade, ocupada por Israel em 1967 e anexada em 1980, movimento que não é reconhecido pela comunidade internacional.

As descobertas serão apresentadas durante a conferência que leva o título "Novos estudos na arqueologia de Jerusalém e seus arredores", que neste ano tem enfoque nos 50 anos de pesquisa científica desde a data considerada como a de reunificação da cidade, quando Israel ocupou o território palestino.