"Guerrilheiro heroico" tornado ícone, Che é revivido em cada canto de Cuba
Sara Gómez Armas
Havana, 7 out (EFE).- A famosa imagem de Che Guevara imortalizada pelo fotógrafo cubano Alberto Korda em cada esquina de Cuba, seja em prédios do governo ou escolas, também se transformou, 50 anos após a morte do "guerrilheiro heroico" da Revolução, em um ícone pop que vendido em lojas de souvenires.
Na emblemática Praça da Revolução de Havana, o protagonismo é do retrato de Ernesto Guevara, o "Che", sobre o edifício do Ministério do Interior: a imagem monopoliza as fotografias dos turistas, que frequentemente passeiam por Cuba com réplicas da boina preta com a estrela ao meio usada pelo guerrilheiro.
Essa boina, assim como camisetas com a sua imagem, pinturas, cartões postais e muitos outros produtos relacionados a Che são vendidos em qualquer mercadinho de Havana Velha, a parte histórica da cidade, que é frequentada por milhares de turistas que visitam a ilha em busca de lembranças da viagem.
"A imagem de Che vende tanto como os carros americanos", declarou Freddy, um artesão que vende as próprias obras - colagens nas quais pinta símbolos de Cuba sobre exemplares do jornal Granma - em um armazém situado em Havana Velha.
O pintor Juan Manuel Hernández Fuentes põe à venda nesses armazéns as suas obras "pop art", inspiradas em peças de Andy Warhol, onde as sopas Campbell's são rebatizadas como "Revolution" e Che compartilha espaço com figuras como Mickey Mouse, Marilyn Monroe e Barack Obama.
"Em Cuba, Che é um herói, uma figura histórica. Mas no mundo inteiro é também um ícone pop", comentou o artista.
"É uma homenagem ao seu legado, não tem fins comerciais", disse Neida, uma artesã veterana que está há 20 anos no negócio e vende cartazes com o rosto de Che pintado à mão a um "preço razoável", cerca de US$ 15.
Além do uso mercantil da foto tirada por Korda em 1960, a figura e o legado de Che ainda são usados em Cuba como exemplo para as novas gerações. Todas as manhãs, antes do início das aulas, os estudantes cubanos cantam o hino de Cuba, içam a bandeira e repetem o lema: "Pioneiros pelo comunismo, seremos como o Che".
Também é comum que os estudantes cubanos, quando terminam o ensino fundamental, médio ou superior, recebam como presente obras importantes da literatura revolucionária, como "Passagens da guerra revolucionária" ou "O Diário do Che na Bolívia".
Para preservar e divulgar seu legado e pensamento, funciona desde 1983 o Centro de Estudos Che Guevara, com sede em Havana e dirigido por Aleida March, que foi a segunda esposa do guerrilheiro.
Como exemplo vivo das múltiplas maneiras de homenagear Che em Cuba, são vários os adoradores do guerrilheiro na ilha, sobretudo entre a geração nascida nas décadas de 60 e 70, os anos gloriosos da Revolução, pela qual ele lutou desde o nascimento do Exército Rebelde em Sierra Maestra.
Longe da aura messiânica e heroica imposta pelo relato oficial da Revolução, biografias bem documentadas como a do escritor e jornalista Jon Lee Anderson descrevem um homem de personalidade conflituosa, assíduo das discussões e amante do pouco ortodoxo.
A versão oficial em Cuba fala apenas de sua vida pessoal, sem citar as diferenças que teve com Fidel Castro durante a luta em Sierra Maestra.
De fato, a edição cubana de "Diário de um combatente", publicado postumamente em 2011, omite os três primeiros meses da luta do Exército Rebelde contra o regime de Fulgencio Batista porque Guevara questionava as estratégias de guerra de Fidel, a quem acusava de ser pouco disciplinado, segundo conta Anderson.
À margem da controvérsia sobre sua figura, a certeza é que a Cuba comunista não teria sido a mesma sem Ernesto Guevara, nem ele teria se transformado no guerrilheiro "heroico" se não tivesse iniciado a luta revolucionária na ilha, onde logo se revelou como um combatente valente, audaz e um tanto temerário.
Foi o cubano Ñico López quem colocou o apelido de "Che" quando se conheceram na Guatemala, em 1954. Foi assim que Ernesto Guevara foi apresentado um ano depois na Cidade do México a Raúl Castro e, pouco depois, a Fidel.
Só foi necessário um jantar com Fidel Castro para que, já transformado no "Che", encontrasse a causa política de seu espírito revolucionário e embarcasse no iate Granma a Cuba, uma viagem que mudou o curso de sua vida e da história.
Havana, 7 out (EFE).- A famosa imagem de Che Guevara imortalizada pelo fotógrafo cubano Alberto Korda em cada esquina de Cuba, seja em prédios do governo ou escolas, também se transformou, 50 anos após a morte do "guerrilheiro heroico" da Revolução, em um ícone pop que vendido em lojas de souvenires.
Na emblemática Praça da Revolução de Havana, o protagonismo é do retrato de Ernesto Guevara, o "Che", sobre o edifício do Ministério do Interior: a imagem monopoliza as fotografias dos turistas, que frequentemente passeiam por Cuba com réplicas da boina preta com a estrela ao meio usada pelo guerrilheiro.
Essa boina, assim como camisetas com a sua imagem, pinturas, cartões postais e muitos outros produtos relacionados a Che são vendidos em qualquer mercadinho de Havana Velha, a parte histórica da cidade, que é frequentada por milhares de turistas que visitam a ilha em busca de lembranças da viagem.
"A imagem de Che vende tanto como os carros americanos", declarou Freddy, um artesão que vende as próprias obras - colagens nas quais pinta símbolos de Cuba sobre exemplares do jornal Granma - em um armazém situado em Havana Velha.
O pintor Juan Manuel Hernández Fuentes põe à venda nesses armazéns as suas obras "pop art", inspiradas em peças de Andy Warhol, onde as sopas Campbell's são rebatizadas como "Revolution" e Che compartilha espaço com figuras como Mickey Mouse, Marilyn Monroe e Barack Obama.
"Em Cuba, Che é um herói, uma figura histórica. Mas no mundo inteiro é também um ícone pop", comentou o artista.
"É uma homenagem ao seu legado, não tem fins comerciais", disse Neida, uma artesã veterana que está há 20 anos no negócio e vende cartazes com o rosto de Che pintado à mão a um "preço razoável", cerca de US$ 15.
Além do uso mercantil da foto tirada por Korda em 1960, a figura e o legado de Che ainda são usados em Cuba como exemplo para as novas gerações. Todas as manhãs, antes do início das aulas, os estudantes cubanos cantam o hino de Cuba, içam a bandeira e repetem o lema: "Pioneiros pelo comunismo, seremos como o Che".
Também é comum que os estudantes cubanos, quando terminam o ensino fundamental, médio ou superior, recebam como presente obras importantes da literatura revolucionária, como "Passagens da guerra revolucionária" ou "O Diário do Che na Bolívia".
Para preservar e divulgar seu legado e pensamento, funciona desde 1983 o Centro de Estudos Che Guevara, com sede em Havana e dirigido por Aleida March, que foi a segunda esposa do guerrilheiro.
Como exemplo vivo das múltiplas maneiras de homenagear Che em Cuba, são vários os adoradores do guerrilheiro na ilha, sobretudo entre a geração nascida nas décadas de 60 e 70, os anos gloriosos da Revolução, pela qual ele lutou desde o nascimento do Exército Rebelde em Sierra Maestra.
Longe da aura messiânica e heroica imposta pelo relato oficial da Revolução, biografias bem documentadas como a do escritor e jornalista Jon Lee Anderson descrevem um homem de personalidade conflituosa, assíduo das discussões e amante do pouco ortodoxo.
A versão oficial em Cuba fala apenas de sua vida pessoal, sem citar as diferenças que teve com Fidel Castro durante a luta em Sierra Maestra.
De fato, a edição cubana de "Diário de um combatente", publicado postumamente em 2011, omite os três primeiros meses da luta do Exército Rebelde contra o regime de Fulgencio Batista porque Guevara questionava as estratégias de guerra de Fidel, a quem acusava de ser pouco disciplinado, segundo conta Anderson.
À margem da controvérsia sobre sua figura, a certeza é que a Cuba comunista não teria sido a mesma sem Ernesto Guevara, nem ele teria se transformado no guerrilheiro "heroico" se não tivesse iniciado a luta revolucionária na ilha, onde logo se revelou como um combatente valente, audaz e um tanto temerário.
Foi o cubano Ñico López quem colocou o apelido de "Che" quando se conheceram na Guatemala, em 1954. Foi assim que Ernesto Guevara foi apresentado um ano depois na Cidade do México a Raúl Castro e, pouco depois, a Fidel.
Só foi necessário um jantar com Fidel Castro para que, já transformado no "Che", encontrasse a causa política de seu espírito revolucionário e embarcasse no iate Granma a Cuba, uma viagem que mudou o curso de sua vida e da história.
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