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Robert Redford e Jane Fonda reinam em Veneza com ode ao amor maduro

01/09/2017 15h48

Gonzalo Sánchez.

Veneza (Itália), 1 set (EFE).- O amor melhora na velhice, pelo menos na opinião de Robert Redford e Jane Fonda, que apresentaram nesta sexta-feira no Festival de Veneza seu reencontro no cinema, "Our souls at night".

Dirigida para a Netflix pelo indiano Ritesh Batra ("The Lunchbox", 2013), a produção era uma das mais esperadas da 74ª edição do festival ao juntar na grande tela estas duas estrelas meio século após o mítico "Descalços no Parque" (1967).

"O que você acha de dormirmos lado a lado? A noite é o pior". Esta é a pergunta que dá início a "Our souls at night", na qual dois vizinhos, Louis (Redford) e Addie (Fonda), ambos viúvos e até então quase desconhecidos, começam uma história em comum.

Trata-se de um convite para unir forças perante a solidão e as vicissitudes da vida, mas o que começa como uma proposta inocente por parte dela termina convertendo-se em um processo de conhecimento mútuo, de confissões e de amor na terceira idade.

A sua exibição, fora de concurso, praticamente lotou a Sala Grande da Mostra, reservada para as grandes ocasiões, mas a expectativa aumentou na coletiva de imprensa conjunta.

Ali a dupla falou das suas lembranças de juventude, mas sobretudo do tema do filme: o amor na velhice, da perene esperança de encontrar companhia no ocaso da vida, uma etapa que não tem por que ser um inconveniente, tal como defendeu veementemente a atriz.

"O amor na velhice melhora. Primeiro porque somos mais valentes. O que temos a perder? Sei o que o meu corpo necessita, você conhece teu corpo melhor e não teme pedir o que precisa. Acredito que em nível sexual é melhor", respondeu Fonda, ao mesmo tempo que Redford arqueava as sobrancelhas, ria ironicamente e tirava a jaqueta.

O ator de "Butch Cassidy" (1969) e "O Grande Gatsby" (1974) quis abordar uma questão sobre envelhecer: a necessidade de renunciar a hábitos pretéritos, próprios da juventude.

"Quando se é jovem não pensamos nisso. Para o meu trabalho representou uma dificuldade técnica. Quando era jovem era muito atlético e podia mover-me de qualquer maneira. E nunca pensava nisso. Tristemente preciso começar a ter cuidado", advertiu.

"É difícil de lidar, porque, se você não tiver cuidado, as consequências podem ser grandes. Envelhecer implica em dar-se por vencido em relação a coisas que fazias quando era jovem, ainda que possa ser triste", completou.

Junto a "Descalços no Parque", "A caçada humana" (1966) e "O Cavaleiro Elétrico", "Our souls at night" é o quarto trabalho protagonizado por este casal e pode ser que também seja o último.

"Queria fazer um último filme com Jane antes de morrer", disse o ator, que assegurou que se animou a participar do projeto por essa razão e porque é uma história de amor dirigida aos jovens, baseada no livro homônimo de Kent Haruf (2015).

Os dois não economizaram na troca de elogios e Fonda aplaudiu o festival de cinema independente criado por seu companheiro, o Sundance que, em sua opinião, "mudou o cinema americano do modo mais profundo".

"Quando fizemos nosso último filme, o Instituto Sundance estava simplesmente começando, por isso queria estar um tempo com ele e ver em o que tinha se transformado ", explicou a atriz.

Além disso, lembrou que quando lhe viu pela primeira vez, na década de 1960 nos estúdios Paramount, logo soube que aquele loiro e jovem ator "seria uma estrela".

Os dois evitaram entrar na seara política durante a coletiva, ainda que Redford, conciliador, tenha considerado que "há esperança para o futuro", mesmo que a situação atual não seja de toda idílica.

Mas para isso defendeu a necessidade de fomentar um sonho americano que implique todos e, nesse sentido, os dois fizeram especial insistência em respeitar o meio ambiente: "O mais importante é salvar o planeta", concluiu a atriz.