Para driblar crise, Bienal do Rio mira youtubers e escritores brasileiros
A Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro chega à sua 18ª edição, uma simbólica maioridade, disposta a desafiar a crise econômica no Brasil e com especial atenção ao público jovem.
Considerada uma das feiras de literatura mais importantes do país, a Bienal, que acaba de abrir suas portas no Riocentro, na zona oeste de Rio, dá prioridade este ano escritores brasileiros e "youtubers", febre entre os mais jovens.
Apenas dez autores internacionais estão confirmados na Bienal, entre eles a britânica Paula Hawkins ("A Garota do Trem"), e as Americanas Karin Slaughter ("Cega") e Victoria Schwab ("Um Tom Mais Escuro de Magia").
Apesar da crise, que atinge especialmente o Estado do Rio, os organizadores projetaram uma programação 40% maior que da última edição, e esperam receber 700 mil pessoas até o encerramento, no dia 10 de setembro.
Cerca de 900 editoras e 330 autores passarão pela Bienal, que oferece, além de descontos de até 50% em livros, fóruns de debate e atividades lúdicas para os mais jovens, que poderão interagir com seus escritores favoritos, inclusive através das redes sociais, e contarão com um espaço para "nerds", com mostras de realidade aumentada, jogos e cosplay.
O desafio é conquistar o público juvenil, que consome metade dos livros vendidos no Brasil, onde, segundo estimativas do setor, as vendas caíram 11% em 2016.
No entanto, a crise não parece incomodar algumas editoras, como a Globolivro, que ampliou sua presença na Bienal nesta edição e apostou suas fichas na literatura voltada para os jovens.
"O país está em crise, mas o mercado editorial começou a ter um fôlego. Há boas expectativas e acreditamos em bons resultados", explicou à Agência Efe Amanda Orlando, porta-voz da editora.
Por sua vez, a Planeta Brasil decidiu reduzir seu espaço este ano, mas mantém a estratégia de organizar eventos e apresentações com seus autores, entre eles os "youtubers".
"É uma grande aposta para nós porque temos livros de todos os tipos, mas aqui há um público jovem e temos que fortalecer os títulos destinados a eles", apontou Mariana Figueiredo, gerente de imprensa da editora.
O leitor Alexander Mendes, de 23 anos, vê na Bienal "uma possibilidade de conseguir livros que não aparecem normalmente nas livrarias, ver os autores e conseguir bons preços".
Já Adison e Lisa, de 17 anos, procuram entre os livros empilhados nas prateleiras de ofertas de uma das livrarias história no estilo "mangá" porque "é uma alternativa para encontrar livros raros e por um melhor preço".
Além da literatura juvenil, as histórias em quadrinhos e o fenômeno dos "youtubers", a Bienal é a melhor oportunidade para conseguir o que há de atual sobre o tema da moda no Brasil: a corrupção.
Os leitores podem mergulhar nos escândalos que veem cada dia na imprensa com títulos como "Corrupção - Como e por quê o seu dinheiro sai pelo ladrão", "Estranhas catedrais" e vários livros sobre o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha, condenado a 15 anos de prisão por corrupção e que abriu uma editora dois dias antes de ser preso.
Sua editora, a "Eduardo Cunha Atividades Intelectuais", não participa desta edição da Bienal, embora muitos estejam convencidos de que um livro sobre a história do ex-deputado seria líder de vendas.
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