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Juiz americano rejeita encerrar caso de abuso sexual contra Polanski

18/08/2017 23h36

Los Angeles (EUA), 18 ago (EFE).- Um juiz dos Estados Unidos se negou nesta sexta-feira a encerrar o caso de abuso sexual contra o cineasta Roman Polanski aberto desde os anos 70, ao rejeitar o pedido da vítima Samantha Geimer, que em junho passado solicitou ao magistrado que a investigação fosse encerrada para ela poder "virar a página".

Na sua decisão, o juiz federal do condado de Los Angeles Scott Gordon mostrou sua empatia pelos argumentos de Geimer, mas disse que não se pode encerrar um caso "simplesmente porque seria o melhor para a vítima".

"A declaração da vítima sobre este tema é uma prova clara do verdadeiro e real impacto que uma agressão sexual tem na sobrevivente (...). A sua declaração é uma dramática evidência dos duradouros e traumáticos efeitos que estes crimes e a recusa do acusado a obedecer às ordens do tribunal para prestar depoimento estão tendo na sua vida", escreveu Gordon.

O juiz disse que, apesar de poder beneficiar a vítima, a sociedade tem interesse em que se faça justiça, fato que, segundo o magistrado, só é possível se a acusação contra Polanski continuar.

Em junho do ano passado, Geimer foi à Justiça e afirmou que já completou uma "sentença" de 40 anos - em alusão ao mesmo tempo transcorrido desde então -, pelo que pediu que despreze o caso "como um ato de misericórdia" para ela e para sua família.

"Somos seres humanos", disse. "Não se trata de ganhar ou perder", acrescentou.

Em 1977, Polanski, de 43 anos na época, drogou e obrigou Geimer, de 13 anos, a manter relações sexuais após uma sessão fotográfica.

Polanski se declarou culpado e passou 42 dias na prisão, mas, estando em liberdade pagando uma fiança e com medo de ter de voltar para a prisão para cumprir uma condenação muito mais severa, fugiu dos Estados Unidos, no final de 1978.

O cineasta apresentou em fevereiro deste ano uma série de documentos legais para retornar ao país e encerrar o caso, sempre e quando contasse com a garantia de que não passaria mais tempo preso.

Polanski, de 83 anos, argumentou que na época chegou a um acordo com as autoridades para cumprir apenas 48 dias preso, mas que escapou do país porque o juiz Laurence Rittenband pretendia impor a ele uma pena mais dura do que a pactuada.

No entanto, o juiz Gordon não aceitou essas alegações.

Este embaraço judicial restringiu a liberdade de movimento do diretor por todo o mundo durante décadas, por medo de que os EUA exigisse sua extradição.

Em 2009, as autoridades americanas pediram as da Suíça a detenção do produtor, de nacionalidade francesa e polonesa.

Polanski foi detido no aeroporto de Zurique e passou três meses na prisão e outros sete em detenção domiciliar, até que, finalmente, a Suíça negou sua extradição e o libertou.

A tentativa mais recente de levar Polanski aos tribunais aconteceu em 2015, quando os EUA pediram à Polônia a extradição do artista, uma solicitação que foi rejeitada.