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Após sucesso em Madri, próxima edição dos Prêmios Platino será em Cancún

23/07/2017 12h29

Madri, 23 jul (EFE).- A cidade mexicana de Cancún tomará o bastão de Madri para receber em 2018 a quinta edição dos Prêmios Platino, já consolidados como a principal premiação do cinema ibero-americano e que servem para "afirmar a indústria, fortalecer nossas origens e nossa língua comum".

Essas foram as palavras do produtor chileno Pablo Larraín, que foram seguidas por todos os participantes na cerimônia dos IV Prêmios Platino, realizada ontem à noite na capital espanhola e na qual a argentina "O Cidadão Ilustre", de Gastón Duprat e Mariano Cohn, foi a grande vencedora.

A produção levou os prêmios de melhor filme, roteiro e ator - para Oscar Martínez -, mas perdeu o de melhor direção, que ficou com o espanhol Pedro Almodóvar, que destacou o "sentimento de irmandade" na família do cinema ibero-americano.

"Temos algo em comum importantíssimo que é a língua e é algo que nos aproxima de um modo orgânico, por isso faz sentido que existam estes prêmios, que se dê visibilidade ao talento ibero-americano", disse o cineasta.

Ainda que Almodóvar tenha também reconhecido que é "muito difícil competir contra a maquinaria do cinema de fala inglesa, porque a indústria é em inglês e por isso é tão importante que celebremos nossa própria língua".

Uma maquinaria muito bem conhecida por Larraín, que dirigiu "Jackie" nos Estados Unidos e que assinalou a distribuição como o principal desafio de um cinema ibero-americano que produz muito, mas que não é capaz de exportar dentro da América Latina.

"Há algo que acontece, há uma falta de sincronia entre os nossos países apesar de falarmos a mesma língua", refletiu Larraín, que considerou que iniciativas como os Platino podem ajudar a melhorar a situação.

Nesse sentido, o argentino Pablo Trapero, um dos cineastas mais reconhecidos internacionalmente, considerou que a matéria pendente do cinema ibero-americano é que os filmes sejam mais vistos na América Latina.

No entanto, se mostrou otimista, pois "nossos filmes são premiados nos grandes festivais e todos os anos há um ou dois filmes dos nossos países que têm uma grande comunicação com o público".

Já o roteirista argentino Andrés Duprat, ganhador do Platino de melhor roteiro por seu trabalho em "O Cidadão Ilustre", aposta na importância da valorização.

"Temos que ter a autoestima de premiar a nós mesmo, outros países fazem isso, somos muitíssima gente e acredito que é super importante reconhecer o nosso trabalho", opinou.

Nessa edição, o campeão de indicações, o espanhol "Sete Minutos Depois da Meia-Noite", de Juan Antonio Bayona, levou quatro dos sete prêmios que disputava, ainda que todos de categoria técnica.

Mas isso não estragou a alegria de Bayona, feliz com esses prêmios que estão colaborando para romper "essa fronteira com o cinema latino-americano".

O que estes prêmios melhoraram foi a visibilidade do cinema ibero-americano, na opinião da

vencedora do prêmio de melhor atriz, Sonia Braga, premiada por "Aquarius".

"É preciso continuar produzindo e denunciando e promovendo o cinema ibero-americano", disse a atriz, que há quatro anos levou o Platino de Honra na primeira edição destes prêmios impulsionados pela Entidade de Gestão de Direitos dos Produtores Audiovisuais da Espanha (EGEDA) e a Federação Ibero-Americana de Produtores Cinematográficos (FIPCA).

E ainda mais contundente se mostrou o vencedor do Platino de melhor ator, o argentino Oscar Martínez, que uniu este prêmio à Copa Volpi conquistada em Veneza, a primeira para um ator latino-americano.

"Os Platino são a grande festa do cinema ibero-americano. Temos que irmanar-nos e defender o nosso cinema e a nossa cultura dos mercados invasores", afirmou.

Uma festa que une todos os ibero-americanos, como apontou o produtor venezuelano Lorenzo Vigas, ganhador do Platina de melhor obra-prima por "Desde allá" e uma cerimônia que já é "o Oscar de Ibero-América", nas palavras do grande homenageado desta edição, Edward James Olmos.

Uma festa que foi transmitida em 17 países e pôde ser vista 80 milhões de lares, que foi conduzida pelo espanhol Carlos Latre e pela uruguaia Natalia Oreiro e cujo espírito foi resumido por Hernán Zin, que levou o Platino de melhor documentário por "Nascidos na Síria": "Chega de muros, é hora de abrir pontes".