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Netflix reforça aposta no cinema ao apresentar "Bright" na Comic-Con

21/07/2017 17h37

David Villafranca.

San Diego (EUA), 20 jul (EFE).- Após revolucionar a produção de séries e a maneira de consumir televisão, a Netflix aproveitou a Comic-Con de San Diego para apresentou nesta sexta-feira o filme "Bright", uma superprodução que promete aquecer ainda mais o debate sobre a entrada da plataforma de streaming no cinema.

Dirigido por David Ayer ("Esquadrão Suicida", 2016) e com um elenco liderado por Will Smith, que conta com a companhia de Joel Edgerton, Noomi Rapace e Édgar Ramírez, "Bright" atriu muitos olhares no dia inaugural do evento, que até o próximo domingo será o epicentro mundial do entretenimento e da cultura pop.

A equipe do filme passou com todas as honras pelo Hall H, o salão mais prestigiado da Comic-Con, com capacidade para 6,5 mil pessoas, mas grande parte da repercussão midiática sobre este longa-metragem girou em torno da entrada da Netflix no cinema e se esta iniciativa da empresa beneficiará ou não os criadores.

O assunto é polêmico na indústria, especialmente após a polêmica no último Festival de Cannes quando dois filmes da Netflix, "Okja", de Bong Joon Ho, e "The Meyerowitz Stories", de Noah Baumbach, fizeram parte da competição oficial.

Posteriormente, a organização do festival decidiu modificar as regras para que no próximo ano os filmes que concorrem à Palma de Ouro tenham estreias nos cinemas.

Em meio a este assunto, que pode alterar o esquema tradicional de distribuição e produção cinematográfica, parece que os gigantes da indústria se veem obrigados a se posicionar a favor ou contra a Netflix e seu poder financeiro.

Assim, o produtor Christopher Nolan, que nesta semana estreia "Dunkirk" e que defende a excepcionalidade das telonas, disse em entrevista recente ao site especializado "Indiewire" que a Netflix tem uma "estranha aversão" a apoiar as estreias em cinemas e criticou a "política sem sentido" de coincidir os lançamentos em streaming e em salas.

Mas o outro lado também conta com vozes de peso, como a do diretor Martin Scorsese, que reuniu Robert De Niro e Al Pacino para "The Irishman", produzido pela Netflix e que contará com um orçamento estimado de US$ 100 milhões.

Com este pano de fundo, o diretor David Ayer e o ator Will Smith tomaram partido no debate durante a coletiva de imprensa sobre "Bright", que estreará em dezembro e que segundo algumas estimativas também custou cerca de US$ 100 milhões.

"Tenho uma filha de 16 anos, uma de 19 e outra de 25. Seus hábitos como espectadoras são quase antropológicos. Ainda vão ao cinema às noites de sexta-feira e sábado, mas assistem à Netflix toda a semana. São duas experiências completamente diferentes", argumentou Smith.

Ayer destacou a "liberdade criativa" e o apoio com o qual contou para tornar "Bright" possível, uma liberdade que, na sua opinião, talvez teria sido mais difícil de alcançar em um estúdio tradicional.

Assim, o produtor comentou que com este projeto tinha a "sensação" de estar fazendo algo "diferente" e "especial", e enfatizou a confiança que dada pela Netflix.

Smith reforçou essa ideia ao indicar que a principal diferença da plataforma digital é que o sistema de assinaturas permite assumir maiores riscos.

"A Netflix pode fazer um filme duro, voltado só para adultos ou menores acompanhados, por US$ 170 milhões. Os estúdios não podem fazer isso se os executivos ainda quiserem estar trabalhando na segunda-feira seguinte. Quando se faz um filme muito caro é necessário expandir o público, o que significa que tem que ser com material sensível, mas permitido para menores", afirmou.

Além das discussões empresariais, "Bright" revelou nesta sexta-feira seu primeiro trailer, que mostra uma Los Angeles nos tempos atuais, mas na qual habitam orcs, humanos e elfos.

Ward (Will Smith) é um policial humano que colabora com o oficial orc Jakoby (Joel Edgerton) para superar as suas diferenças e proteger um potente objeto que nas mãos equivocadas poderia provocar uma catástrofe.

Além disso, a Netflix anunciar alguns detalhes da adaptação cinematográfica do mangá "Death Note". A plataforma digital já produziu longas como "Beasts of No Nation" (2015), com Idris Elba, e "War Machine" (2017), com Brad Pitt, enquanto que para este ano tem prevista a estreia de "Our Souls at Night", com Robert Redford e Jane Fonda.