Exposição em São Paulo apresenta no Brasil a chamada "arte eletrônica"
A exposição "O Borbulhar de Universos", que reúne trabalhos de 339 artistas estrangeiros e 18 brasileiros, chega ao Brasil para exibir as criações da chamada "arte eletrônica", em uma mostra que reúne som, luzes e a interação entre o homem e a tecnologia.
Bolhas de sabão que surgem de alto-falantes, tapetes com sensores para acompanhar a música, uma nuvem que respira, colchões que fazem um sanduíche com as pessoas, vestidos femininos inspirados na anatomia, jogos eletrônicos e um vaso de flores que só quer mostrar o seu lado bonito são algumas das criações apresentadas em São Paulo.
No entanto, na arte eletrônica "não existe uma tendência, é muito difícil apontar tendências em uma área que tem uma dinâmica muito intensa e ao longo de 18 anos muitas coisas se transformaram nos meios tecnológicos e nas plataformas que surgiram", disse à Agência Efe a curadora da mostra Paula Perissinotto.
"O que se busca é mostrar as experiências que foram feitas nas plataformas mais recentes, que não necessariamente são de alta tecnologia, porque muitas procuram a integração de um sistema tecnológico com uma experiência sensorial", acrescentou.
A exposição inédita faz parte do 18º Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE), que ficará em cartaz até o dia 3 de setembro no Centro Cultural Fiesp com a curadoria de Paula Perissinotto e Ricardo Barreto.
A seleção das obras, explicou Paula, parte de uma convocação internacional aberta durante três meses no ano anterior e as obras desta edição são exibidas pela primeira vez ao público, que depois poderá apreciá-las em outras cidades pelas quais o FILE passará, como Vitória (Espírito Santo).
"O festival não seleciona por nacionalidade. Para nossa curadoria não importa de onde é o artista e sim o trabalho que tem e como ele dialoga com a proposta do evento. Há anos com mais expressão brasileira e anos com menos", comentou a curadora.
A exposição ocupa duas galerias, o centro de eventos e a fachada da sede da Fiesp.
A obra "Black Hole Horizont", do alemão Thom Kubli, na qual enormes alto-falantes produzem com os seus ruídos bolhas de sabão, recebe os visitantes, enquanto "Physical Mind", do holandês Teun Vonk, chama a atenção pela experiência de interação com o público.
A proposta de Vonk, uma das que mais gera filas entre o público, consiste em dois colchões infláveis que pressionam as pessoas e combina a sensação de medo e depois de tranquilidade, na qual o sanduíche humano passa a ser sentido como um abraço.
Entre os 370 trabalhos analisados pelos curadores, Paula destaca a origem da obra "Perfect view", do canadense Daniel Jolliffe, que surgiu de um antigo vaso de flores de sua família.
Contrariando as recomendações de sua irmã, que o advertiu que a peça poderia se quebrar, Jolliffe o levou a casa e a quebrou de fato. Em seguida, o artista pôs o vaso em uma plataforma móvel, que detecta o movimento dos observadores que tentam se aproximar e evita, assim, mostrar o lado danificado, sempre dando a sua "melhor cara".
"Ele [Jolliffe] criou uma relação entre esse vaso quebrado e o mundo que queremos ver de uma forma perfeita", concluiu a curadora.
Além das obras, o FILE 2017 conta com visitas guiadas, oficinas com especialistas, conferências e projeções de produções audiovisuais.
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