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Tecnologia 3D revela rosto de mulher que governou no Peru há 1.700 anos

04/07/2017 22h38

Lima, 4 jul (EFE).- A Dama de Cao, considerada a principal soberana mulher que governou a região equivalente ao norte do Peru há 1.700 anos, teve seu rosto revelado nesta terça-feira graças à uma tecnologia 3D desenvolvida por empresas privadas.

O rosto da Dama de Cao, também conhecida como Senhora de Cao, que morreu aos 25 anos de idade após dar à luz, apresenta uma forma oval, pele morena e longos cabelos pretos penteados em duas tranças, segundo a reprodução e o trabalho de pesquisa realizado pelas empresas Faro Technologies, 3D Systems, Grupo Abstract e ARQ 3D.

A soberana que controlava o poder político e religioso no vale do rio Chicama tinha sobre a cabeça um diadema de ouro e uma grande coroa em forma de "V", com uma imagem de um puma no centro. No pescoço, usava um colar com o mesmo rosto felino.

A tecnologia também foi usada para fazer uma réplica do corpo mumificado da Dama de Cao. Ele traz as tatuagens que a soberana tinha nos braços e pés. Elas mostravam serpentes e animais selvagens da região norte do Peru.

O arqueólogo Régulo Franco, que comandou a descoberta da Dama de Cao em 2005 na região de La Libertad, explicou à Efe que o achado é bastante relevante porque "nunca havíamos encontrado os restos de uma mulher que tinha governado um vale da costa norte do Peru".

"Agora temos a surpresa, essa descoberta especular, de uma mulher que tinha todo o poder político e religioso há 1.700 anos no vale do Chicama", indicou.

O especialista explicou que a Dama do Cao tinha as insígnias de poder com os desenhos e as imagens da iconografia da cultura Moche, a maior desenvolvida no norte do Peru antes do Império Inca, conhecida apenas nos líderes homens desse território.

"A soberana tinha um diadema, uma coroa, colares, e, sobretudo, dois porretes que eram os emblemas do poder, cajados que davam o poder para controlar uma sociedade altamente desenvolvida do Antigo Peru", afirmou.

Além disso, a Dama do Cao tinha braços e pés tatuados com serpentes, aranhas, a árvore da vida e figuras estrelares, considerados elementos sagrados que também aparecem nos templos da região.

Ingrid Claudet, gerente-geral da Fundação Wiese, que patrocinou o projeto, explicou à Efe que a Faro Technologies propôs no ano passado escanear o corpo da Dama de Cao e fazer uma reconstrução facial forense, utilizando as técnicas mais modernas existentes.

Os especialistas da empresa documentaram em 3D toda a Huaca de Cao, o mausoléu da soberana, a múmia e sua cabeça, disse Ingrid.

Depois disso, um engenheiro forense esculpiu, sobre a imagem tridimensional da cabeça, músculo por músculo do rosto da Dama de Cao, colocou a pele e detalhou a caracterização de sua face. Para isso, ele utilizou um arquivo fotográfico de mulheres que habitam hoje a região onde viveu a soberana.

O representante da Faro Technologies, Luis Graterol, disse que o rosto da Dama de Cao representa os indígenas da América Latina. "Nesse espelho enterrado vimos como éramos e como somos na atualidade", afirmou.

O rosto e a réplica da múmia da Dama de Cao permanecerão em exibição por duas semanas no Museu da Nação de Lima. Depois, eles serão levados ao museu do complexo El Brujo, a mais de 570 quilômetros da capital peruana.