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Ai Weiwei leva aos EUA retratos de Snowden e Chelsea Manning feitos com Lego

28/06/2017 16h53

Washington, 28 jun (EFE).- O artista chinês Ai Weiwei apresentou nesta quarta-feira no Museu Hirshhorn de Washington sua instalação "Trace", sobre dissidentes e ativistas de direitos humanos, com retratos feitos com peças de Lego, entre os quais figuram Edward Snowden e Chelsea Manning.

"Esta obra fala da liberdade de expressão. Esta gente pagou o seu amor à liberdade com a sua própria liberdade", declarou Weiwei em uma breve entrevista à emissora de rádio pública "NPR".

"Infelizmente, há muitos prisioneiros políticos no mundo", acrescentou o artista, que explicou que começou a realizar estes retratos "pegando emprestadas" peças de Lego do seu filho.

A exposição, composta por 1,2 milhão de peças, reúne retratos de 176 dissidentes de todo o mundo feitos com os populares brinquedos da marca dinamarquesa Lego e estará aberta ao público da capital americana até janeiro de 2018.

Além de Snowden e Manning, também foram retratados Martin Luther King Jr., Nelson Mandela e a birmanesa Aung San Suu Kyi, vencedora do prêmio Nobel da Paz.

Ainda que a mostra já tenha sido exibida em San Francisco em 2014, é a primeira vez na qual Weiwei, que atualmente reside em Berlim, pôde viajar para os Estados Unidos para acompanhar a exposição após recuperar o seu passaporte em 2015, depois de quatro anos sem o documento.

"Se pode fazer a vinculação direta entre esta obra e a sua própria detenção na China e a incapacidade para sair do país. Assim que aqui está, um artista que foi franco sobre uma série de temas que foram muito sensíveis na China e depois foi detido", declarou Melissa Chiu, diretora do museu em um comunicado.

Neste sentido, Chiu afirmou que "durante a sua distinguida carreira, redefiniu o papel tanto de artista como o de ativista".

Ai Weiwwi, de 58 anos, foi detido durante 81 dias por "incitar à subversão contra o Estado" em 2011 pelas autoridades chinesas e passou um ano em detenção domiciliar até que em junho de 2012 recebeu permissão para sair de casa, ainda que não do país por estar investigado por bigamia, pornografia e intercâmbio ilícito de moedas estrangeiras.