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Exposição faz passeio pela história do jazz no Harlem

27/06/2017 10h10

Ana Hidalgo.

Nova York, 27 jun (EFE).- Nas ruas do Harlem, em Nova York, ainda reverbera a história da comunidade que transformou o jazz em uma filosofia de vida.

Por conta da exposição dedicada ao legado artístico da era do jazz, o Museu Cooper Hewitt acaba de organizar um percurso a pé por 15 dos palcos locais mais emblemáticos.

John Reddick, arquiteto e historiador, foi o responsável por guiar os visitantes através do passado musical de um bairro pelo qual passaram figuras como Duke Ellington, Ella Fitzgerald, Bessie Smith e Billie Holiday.

A reivindicação da identidade cultural da comunidade afro-americana, que se instalou ao norte da ilha de Manhattan em 1920, foi o motor da revitalização do Harlem e a origem de sua explosão sociocultural.

As tensões raciais vividas nos Estados Unidos configuraram a identidade racial que caracterizou o bairro desde então. Segundo dados demográficos da cidade de Nova York, atualmente 62% dos moradores do bairro são afro-americanos.

Músicos, escritores, artistas e pensadores contribuíram durante as primeiras décadas do século XX para construir um imaginário cultural próprio da comunidade negra conhecido como "O Renascimento do Harlem".

Apesar de sofrer hoje com os efeitos da gentrificação, o popular bairro conserva em sua arquitetura e seus locais noturnos grandes partes dessa história recente.

Os murais que decoram a fachada principal e as salas interiores do hospital do Harlem, na rua 135, são uma mostra disso.

A coleção de pinturas, comissionada pela primeira Administração para o Progresso do Trabalho (WPA, na sigla em inglês) em mãos de afro-americanos, retrata a essência da atividade social da época.

À mesma altura está o centro Schomburg. O que antes foi palco do agitado debate político e cultural é hoje um ativo centro de estudos da cultura negra.

A alguns metros de lá fica a sede que a associação YMCA mantém aberta no Harlem. Nela moraram escritores famosos como Claude McKay e Langston Hughes.

A vibrante atividade noturna nos clubes de jazz ainda é uma atração do bairro em locais como o Alhambra Ballroom ou o célebre Cotton Club, a oeste da rua 125.

As estrelas já não são as mesmas, mas o lendário Teatro Apollo, no coração do Harlem, continua recebendo uma infinidade de concertos e atuações que já não são mais limitadas a um seleto público branco.

As imposições da Lei Seca e o desejo dos afro-americanos de administrar suas próprias áreas de lazer provocaram o surgimento de locais clandestinos conhecidos como "speakeasies".

Ainda são muitos os curiosos que se aproximam do chamado "beco da selva", na rua 133, para conhecer esses locais.

Como epicentro da atividade musical da comunidade negra, o Harlem foi o território preferido dos selos musicais para se estabelecer.

A casa de Harry Pace, fundador do "Black Swan Records", que dizia só publicar genuínos artistas de cor, conserva até hoje sua fachada original na rua 138.

Na altura da rua 129 com a Boulevard Malcom X, o Museu Nacional do Jazz funciona desde 1995 para estreitar os laços entre o gênero musical e o grande público.

O diretor do museu, Ryan Murphy, afirmou na visita organizada pelo Cooper Hewitt que "95% das pessoas sentem o desejo de justificar sua ignorância a respeito do jazz".

"Claro que há muitas coisas a aprender sobre o jazz, mas também devemos apreciá-lo, e esse é o objetivo do nosso museu: aproximar o jazz das pessoas", afirmou Ryan Murphy.

A história do Harlem é a história do nascimento do jazz. Circular hoje pelo lugar que foi considerado "a capital cultural da América Negra" representa viajar às raízes de um gênero musical inigualável. EFE

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