Daniel Diges enfrenta no Brasil o "desafio da sua vida" com "Les Misérables"

EFE

Fabio Manzano e Alba Santandreu
São Paulo (BRA)

O cantor e ator espanhol Daniel Diges enfrenta no Brasil o "maior desafio de sua vida" com o musical "Les Misérables", uma obra na qual volta a interpretar o "arriscado" papel de Jean Valjean, ainda que agora o desafio seja cantar em português.

"Trata-se de um personagem muito arriscado, em outro idioma. É preciso ser forte para fazer tudo isto", contou Diges, em entrevista à Agência Efe em São Paulo.

O espanhol já havia interpretado o papel do herói criado pelo escritor romântico Victor Hugo nos palcos espanhóis, mas desde março deste ano atua para o público brasileiro no Teatro Renault.

O Valjean brasileiro é mais "bruto, mais animal, mais tigre" que o espanhol e, além disso, canta em português, um idioma que Diges teve que aprender em poucos meses para poder interpretar o protagonista do clássico francês no Brasil.

O desafio não "foi fácil", disse, mas está satisfeito e "contente" com as críticas recebidas por parte de alguns jornais brasileiros. "O fato de falarem bem de mim me deu segurança".

"A cada dia sou mais Valjean", disse Diges, que compartilha a espiritualidade com seu personagem.

Na obra, Valjean fala constantemente com Deus e questiona sua existência. O ator, por sua vez, acredita que a oportunidade de atuar no Brasil foi uma "mensagem" divina que chegou em um momento de "maturidade" profissional e pessoal.

"Cresci muito, fiz musicais, estudei muito teatro; cresci como artista, como pessoa, como ator. Sou mais maduro", afirma o artista, que ficou conhecido ao interpretar David, "Gato", na série juvenil "Nada Es Para Siempre".

Divulgação
Cena da montagem de 2017 do musical "Les Miserables" em São Paulo


Anos mais tarde, em 2010, representou a Espanha no Festival de Eurovision, um desafio que lhe deu um impulso à carreira musical e lhe permitiu "ser uma pessoa conhecida" em todo o país.

Diges se define como um "ator que sabe cantar", o que, a seu julgamento, lhe permitiu ter sucesso no mundo dos musicais, onde já participou de "A Bela e a fera" e "Mamma Mia", entre outros.

Ao Brasil chegou após uma indicação do produtor inglês Cameron Mackintosh, que buscava alguém que soubesse canto e tivesse as características internacionais do personagem.

"Queriam alguém que tivesse feito o personagem. Ele gostou de como o fiz na Espanha. Me mandaram duas canções para prepará-las em duas semanas. Peguei uma professora de português e em quatro dias as preparei", afirma.

Diges disse que segue estudando dia a dia e como aluno aplicado, mostra as anotações realizadas nos roteiros, que se transformaram em um constante desafio.

O ator teve que deixar de lado o repertório em espanhol e entrar de cabeça no português, o que em algumas ocasiões o levou a cometer alguns deslizes. As folhas estão repletas de rabiscos que marcam a pronúncia e o tom que deve usar no Brasil.

O trabalho muscular do rosto, além disso, foi "muito forte" para que o público possa entender Valjean, "um dos personagens mais complicados dentro do mundo dos musicais".

"Acredito que este papel seja uma mensagem. Quando as pessoas assistem à peça 'Les Misérables', entram sendo uma e saem sendo outra", explica.

Diges não pensou ainda qual será seu próximo passo após "Les Misérables". "Vou relaxar. Se tiver que ficar pela América, ficarei. Agora mesmo não é o momento de escolher".