Sebastião Salgado leva duas faces da Amazônia à universidade francesa
Paris, 29 mai (EFE).- O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado doou nesta segunda-feira duas de suas obras sobre a Amazônia à biblioteca do prestigiado Instituto de Estudos Políticos de Paris, conhecido como Science Po, onde lembrou a necessidade de salvar o planeta.
"Preferi duas fotografias que representam as duas faces distintas da Amazônia. Se seguirmos nesse ritmo destrutivo, em 30 anos, destruiremos a Amazônia", disse o fotógrafo, de 73 anos.
As duas imagens são muito distintas. A primeira mostra uma montanha escavada pela atividade do garimpo. Na segunda, é possível ver no horizonte a formação de uma chuva, em um movimento de nuvens que forma uma imagem similar a de um "cogumelo atômico". Ambas em preto e branco, elas caracterizam o estilo do fotógrafo brasileiro e revelam sua curiosidade pelos fenômenos biológicos e antropológicos.
As imagens foram reveladas pelo próprio autor durante o evento, que faz parte das comemorações do décimo aniversário do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) da Science Po.
"É um momento histórico, sem precedentes nos 150 anos da instituição", disse o diretor da Sciences Po, Frédéric Mion, que destacou que a presença de Salgado exemplifica as boas relações da universidade e a América Latina.
Durante a cerimônia foi exibido um vídeo em que diferentes personalidades latino-americanas agradecem a doação do fotógrafo.
"As fotografias de Salgado provocam um choque emocional maior do que nossos trabalhos", afirmou o presidente do Opalc, Olivier Dabène, que também ressaltou a "qualidade estética" das obras.
A capacidade comunicativa das imagens de Salgado também foi elogiada pelo embaixador do Brasil na França, Paulo Oliveira Campos.
Salgado foi para Paris exilado após a decretação do AI-5, em dezembro de 1968. Na França, o fotógrafo estudou na Escola Nacional de Estatística e Administração Econômica, mas acabou descobrindo sua paixão pela fotografia.
A Science Po de Paris é uma das instituições mais prestigiadas das ciências sociais e políticas da França. Entre ex-alunos de destaque estão os ex-presidentes Nicolas Sarkozy e François Hollande.
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