Artista brasileiro explora identidade do mundo ocidental em Roterdã
David Morales Urbaneja.
Roterdã (Holanda), 13 fev (EFE).- Como parte da Semana da Arte de Roterdã, o artista brasileiro Caetano Carvalho apresentou na Showroom MAMA a mostra "Is There Any World to Come?" (Há algum mundo por vir?)", uma exposição de luz e som que explora a identidade ocidental, promove a interação entre os visitantes e brinca com os medos.
Mais que uma obra a ser admirada, o trabalho de Carvalho é uma instalação que convida o espectador a se comunicar com outros visitantes, a fazer perguntas e a se deixar levar. "Podem inclusive escrever na parede se quiserem, embora eu não dê nada para que eles façam isso", comentou o artista em entrevista à Agência Efe.
A exposição se divide em três espaços totalmente diferenciados. No primeiro, os convidados se deparam com dois grandes espelhos com rodas nas bases, permitindo que sejam movidos e colocados onde as pessoas preferirem.
Longe de serem testemunhas passivas, os objetos "se comunicam" através de caixas de som que reproduzem um vinil de house musci que provoca a vibração dos espelhos, distorcendo a imagem que refletem.
"Para mim, tanto os espelhos como a música eletrônica simbolizam a identidade ocidental", considerou o artista.
O segundo espaço da mostra é o menor, mas o mais intrigante. O visitante deve entrar em uma sala de luzes tênues que tem escrito na parede e com pintura fluorescente uma frase em inglês digna de um livro de autoajuda: "Vai ficar tudo bem".
Como acompanhamento, mais de 20 pequenos alto-falantes posicionados no chão reproduzem vozes femininas que repetem essas mesmas palavras, todas em baixo volume.
Em frente, uma manta no chão incita o espectador a se abaixar para escutar. A tranquilidade que o ambiente poderia passar se choca em questão de segundos com o tom das vozes, que por momentos se transformam em sussurros desesperados.
"É necessário muito tempo com uma pessoa para fazer este tipo de gravação. Durante o primeiro minuto, elas falam à sua maneira, depois peço que façam o mesmo de forma relaxada, depois com um tom mais profundo", explicou o brasileiro.
O último espaço da exposição é o mais lúdico e tem como elemento central dois grandes alto-falantes com conexões bluetooth independentes. A ideia, segundo Caetano Carvalho, é bem simples.
"Qualquer um pode vir e reproduzir as músicas que tiver em seu telefone, mas deve saber que outra pessoa pode se aproximar e colocar, ao mesmo tempo, outra música que não tenha nada a ver". Como não há limites, todas as combinações são possíveis, desde Bach até David Guetta, passando por Freddie Mercury.
O artista incentiva os visitantes a se movimentarem pela sala seguindo as melodias reproduzidas, a subirem nas caixas de som e explorarem os buracos por onde sai o áudio. Um deles tem um botão de reset escondido, que desliga o equipamento sem aviso prévio.
"As pessoas se escandalizam e pedem desculpas porque pensam que quebraram o aparelho. Não acontece nada, é só voltar a conectar e continuar", acrescentou.
Caetano Carvalho, o único artista sul-americano a realizar uma exposição solo na Semana da Arte de Roterdã, chegou à Holanda em 2007 para estudar arte "quando ainda era um país muito aberto".
Antes, tinha trabalhado no setor de publicidade, primeiro no Brasil e posteriormente em Portugal e no Reino Unido, mas confessou que ficou "entediado" com o trabalho.
"Na publicidade, te pagam bem em troca de te manter sob controle. Na arte, não se ganha tanto dinheiro, mas você pode ser muito mais autônomo", afirmou, ao dizer que em nenhum momento lamentou a mudança profissional porque agora tem "mais liberdade de movimento e de escolha".
A Semana da Arte de Roterdã terminou neste domingo, mas a mostra "Is There Any World to Come?" continuará na Showroom MAMA até o dia 2 de abril.
Roterdã (Holanda), 13 fev (EFE).- Como parte da Semana da Arte de Roterdã, o artista brasileiro Caetano Carvalho apresentou na Showroom MAMA a mostra "Is There Any World to Come?" (Há algum mundo por vir?)", uma exposição de luz e som que explora a identidade ocidental, promove a interação entre os visitantes e brinca com os medos.
Mais que uma obra a ser admirada, o trabalho de Carvalho é uma instalação que convida o espectador a se comunicar com outros visitantes, a fazer perguntas e a se deixar levar. "Podem inclusive escrever na parede se quiserem, embora eu não dê nada para que eles façam isso", comentou o artista em entrevista à Agência Efe.
A exposição se divide em três espaços totalmente diferenciados. No primeiro, os convidados se deparam com dois grandes espelhos com rodas nas bases, permitindo que sejam movidos e colocados onde as pessoas preferirem.
Longe de serem testemunhas passivas, os objetos "se comunicam" através de caixas de som que reproduzem um vinil de house musci que provoca a vibração dos espelhos, distorcendo a imagem que refletem.
"Para mim, tanto os espelhos como a música eletrônica simbolizam a identidade ocidental", considerou o artista.
O segundo espaço da mostra é o menor, mas o mais intrigante. O visitante deve entrar em uma sala de luzes tênues que tem escrito na parede e com pintura fluorescente uma frase em inglês digna de um livro de autoajuda: "Vai ficar tudo bem".
Como acompanhamento, mais de 20 pequenos alto-falantes posicionados no chão reproduzem vozes femininas que repetem essas mesmas palavras, todas em baixo volume.
Em frente, uma manta no chão incita o espectador a se abaixar para escutar. A tranquilidade que o ambiente poderia passar se choca em questão de segundos com o tom das vozes, que por momentos se transformam em sussurros desesperados.
"É necessário muito tempo com uma pessoa para fazer este tipo de gravação. Durante o primeiro minuto, elas falam à sua maneira, depois peço que façam o mesmo de forma relaxada, depois com um tom mais profundo", explicou o brasileiro.
O último espaço da exposição é o mais lúdico e tem como elemento central dois grandes alto-falantes com conexões bluetooth independentes. A ideia, segundo Caetano Carvalho, é bem simples.
"Qualquer um pode vir e reproduzir as músicas que tiver em seu telefone, mas deve saber que outra pessoa pode se aproximar e colocar, ao mesmo tempo, outra música que não tenha nada a ver". Como não há limites, todas as combinações são possíveis, desde Bach até David Guetta, passando por Freddie Mercury.
O artista incentiva os visitantes a se movimentarem pela sala seguindo as melodias reproduzidas, a subirem nas caixas de som e explorarem os buracos por onde sai o áudio. Um deles tem um botão de reset escondido, que desliga o equipamento sem aviso prévio.
"As pessoas se escandalizam e pedem desculpas porque pensam que quebraram o aparelho. Não acontece nada, é só voltar a conectar e continuar", acrescentou.
Caetano Carvalho, o único artista sul-americano a realizar uma exposição solo na Semana da Arte de Roterdã, chegou à Holanda em 2007 para estudar arte "quando ainda era um país muito aberto".
Antes, tinha trabalhado no setor de publicidade, primeiro no Brasil e posteriormente em Portugal e no Reino Unido, mas confessou que ficou "entediado" com o trabalho.
"Na publicidade, te pagam bem em troca de te manter sob controle. Na arte, não se ganha tanto dinheiro, mas você pode ser muito mais autônomo", afirmou, ao dizer que em nenhum momento lamentou a mudança profissional porque agora tem "mais liberdade de movimento e de escolha".
A Semana da Arte de Roterdã terminou neste domingo, mas a mostra "Is There Any World to Come?" continuará na Showroom MAMA até o dia 2 de abril.
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