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"Como Nossos Pais" leva ao Festival de Berlim a opressão invísivel da mulher

11/02/2017 14h45

Elena Garuz.

Berlim, 11 fev (EFE).- Dirigido por Laís Bodansky, o filme "Como Nossos Pais" estreia neste sábado no Festival de Berlim para mostrar uma história que aborda a "opressão invisível" que a mulher ainda vive atualmente em uma sociedade que precisa reformular as estruturas familiares antiquadas para se adaptar aos novos tempos.

O filme aborda com naturalidade o dia a dia de três gerações em São Paulo através de paixões individuais e mentiras existenciais. A história é focada em Rosa, permanentemente questionada pelo que se espera dela como mulher, mãe e profissional.

"O tema das mulheres na sociedade é invisível no Brasil", afirmou Laís em entrevista coletiva, acrescentando que fazer um filme sobre essa questão era um desejo pessoal que ela tinha.

A diretora não pretendia fazer um filme feminista, mas mostrar a postura das mulheres em relação aos demais.

""Como Nossos Pais" não é um filme só sobre a mulher atuação, mas põe em dúvida, além disso, as antiquadas estruturas familiares que já não correspondem com a realidade, mas que são herdadas e, embora opressoras, passam de geração a geração", explicou.

Assim, as novas gerações repetem os erros das antecessoras, "Como Nossos Pais", título do filme que faz referência a uma música composta por Belchior e popularizada na voz de Elis Regina.

O filme é protagonizado por Rosa, interpretada por Maria Ribeiro, e mostra uma mulher na casa dos 40 anos, filha de pais divorciados, que, além de trabalhar, praticamente só se ocupa de suas duas filhas. Os projetos de pesquisa pouco lucrativos do marido fazem com que ele se ausente com frequência de casa.

Rosa decide escapar das obrigações diárias que a impedem de se dedicar à vocação como autora de teatro quando sua mãe a revela um grande segredo. Nesse momento, ela descobre que a vida ainda lhe reservava muitas surpresas.

Para Maria Ribeiro, o papel da mulher é cultural: elas estão educadas para cuidar dos demais. E isso é universal. A vida, segundo a atriz, consta de duas partes, assim como o futebol. O segundo tempo começa aos 40 anos, quando a mulher pensa sobre o que quer mudar ainda em sua vida, como ocorre com a protagonista do filme.

"Como Nossos Pais", que será projetado na mostra Panorama Especial, a segunda em importância do Festival de Berlim, também lança uma pergunta sobre o conceito do que é amor e a ideia que defende Bodanzky de que "deveríamos ser mais democráticos na questão do amor" e nas suas diferentes formas.

A diretora aproveitou a apresentação do filme para defender que as mulheres nos Estados Unidos protestem nas ruas contra o novo presidente do país, Donald Trump.

"Temos que combater Trump, sobretudo as mulheres. Temos uma voz e essas manifestações demonstraram isso publicamente", afirmou.