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Nova York, lugar de peregrinação para amantes do vinil e dos clássicos

01/01/2017 10h04

Khrystyna Kinson.

Nova York, 1 jan (EFE).- Em meio à perda do hábito de comprar CDs e ao auge dos serviços de música em streaming, o vinil não só é uma das poucas formas de consumo musical que sobrevivem, mas passa por um de seus melhores momentos.

A febre pelos LPs continua viva nos Estados Unidos, e em cidades como Nova York ainda há lojas independentes que são uma verdadeira vitrine da história da música e contam com uma fiel clientela que não perde sua fascinação pelo formato.

É o que garante George Flanagan, gerente da Rough Trade, uma conhecida loja de música do bairro nova-iorquino de Williamsburg que conta com uma enorme coleção de mais de 20 mil peças e na qual o vinil é protagonista.

"Os discos de vinil representam 60% de nossas vendas", contou à Agência Efe Flanagan, que viu como no último ano cresceu a demanda - sobretudo entre os jovens - pelo formato, inventado em 1948.

"Os vinis proporcionam uma experiência diferente, podem tocar a música, têm um valor estético que não se pode encontrar na música em streaming", acrescentou.

Na opinião de Flanagan, há uma geração de jovens nascidos na era digital que está "começando a descobrir esse valor" e que aproveita o fato de poder ver sua faixa favorita e realizar o ritual de colocar seu pedaço de plástico sob a agulha do toca-discos.

Nesta grande loja, que funciona desde 2013, é possível encontrar verdadeiras relíquias como o LP "The Complete BBC Sessions", da banda britânica Led Zeppelin, por US$ 100, que contém gravações inéditas de todas suas apresentações ao vivo na rádio "BBC" entre 1969 até 1971.

Além das simples recopilações de canções e de artistas, a Rough Trade se destaca pela grande quantidade de discos novos de música pop e rock contemporâneo e de reedições especiais de discos lendários que fizeram história ou marcaram época, que podem ser adquiridos a preços acessíveis (entre US$ 8 e US$ 20).

Capas ilustradas de todo tipo de gêneros e artistas, desde Elton John, David Bowie, Beatles e Pink Floyd até Prince, Aretha Franklin, Sharon Jones e Arthur Russell, fazem parte do extenso catálogo disponível.

Um dos LPs mais procurados é o álbum "Vs." da banda americana Pearl Jam - uma edição limitada vendida a US$ 165 -, gravado em 1993 e indicado a dois prêmios Grammy.

Outro dos estabelecimentos que foi testemunha do ressurgimento do vinil é a Academy Records, uma pequena loja de Manhattan que desde 1977 se especializou na compra e venda de vinis e que possui uma coleção de mais de 10 mil relíquias fonográficas, sobretudo de rock, música clássica e jazz.

Seu dono, Franke Vogl, disse à Efe que um claro exemplo desta tendência no consumo musical é que, nos últimos quatro anos, sua seção de CDs "foi ficando cada vez menor" e está dando espaço a mais para os vinis.

Seu LP favorito, e o mais caro da loja, é uma reedição especial dos sucessos do mítico quarteto de punk-rock The Stooges, liderada pelo extravagante Iggy Pop, lacrada e à venda por US$ 180.

Rolling Stones, Michael Jackson, Nirvana, Elvis Presley e Abba são alguns dos nomes que enchem as estantes e vitrines deste pequeno santuário da música.

"Prefiro os vinis aos CD porque sinto que posso viajar ao passado e reviver através da música uma época na qual não cresci", comentou uma cliente da loja, Amanda First, enquanto escolhia um álbum de uma caixa repleta de discos de Frank Sinatra.

Segundo a Associação de Indústrias Fonográficas dos Estados Unidos (RIAA, na sigla em inglês), em 2015 as vendas de álbuns neste formato aumentaram 32% em relação ao ano anterior, rendendo US$ 416 milhões, o número mais alto registrado desde 1988.

Na primeira metade de 2016, as vendas já tinham superado os US$ 207 milhões.

Ainda que o sucesso do vinil seja bem menor em comparação aos formatos digitais, é cada vez mais comum que artistas contemporâneos publiquem gravações novas em LP.

Cantoras como Adele e Taylor Swift faturaram mais em 2015 com a venda de seus álbuns em vinil do que com a publicidade em plataformas online como YouTube e Spotify, uma tendência que demonstra que o velho LP está na moda e voltou para ficar.