Literatura 2016: Do esperado livro de Bolaño ao inesperado Nobel a Bob Dylan
O ano de 2016 foi, na literatura, marcado pela esperada publicação de um inédito romance de Roberto Bolaño e pelo sucesso da oitavo livro da série Harry Potter, e sobretudo pelo surpreendente anúncio de que Bob Dylan ganhou o Prêmio Nobel.
Desde 2010 o nome do escritor japonês Haruki Murakami aparece em todas as apostas para levar o Nobel de Literatura. E neste ano, no qual não havia um claro favorito, a Academia Sueca surpreendeu ao concedê-lo ao lendário cantor e compositor americano.
Muitos consideram que as letras de suas canções não tinham o suficiente valor literário, e Dylan demorou quase uma semana para se pronunciar a respeito e sequer foi a Estocolmo receber o prêmio.
Talvez isso fará a academia repensar as escolhas arriscadas e voltar a olhar para algum de seus outros eternos candidatos: Philip Roth, Ali Ahmad Said Esber (Adonis), Milan Kundera, Amós Oz e Claudio Magris.
O ano literário que começou com a chegada às livrarias de um livro que marcou, infelizmente, o século XX: "Minha luta", de Adolf Hitler. Após sete décadas de proibição - desde o suicídio do führer -, o volume que recolhia sua aterrorizante ideologia estava disponível para ser editado.
Mas o livro não foi o número um de vendas, título que corresponde a "Harry Potter and the Cursed Child" (Harry Potter e a Criança Amaldiçoada), de J.K.Rowling, John Tiffany e Jack Thorne.
A oitava aventura do jovem mago se passa com ele adulto, 19 anos após "Harry Potter and the Deathly Hallows" (Harry Potter e as Relíquias da Morte).
Foram vendidas 2 milhões de cópias em dois dias, mostrando o interesse que este personagem que apareceu pela primeira vez em 1997 e cujas histórias em papel já alcaçaram 500 milhões de vendas continua despertando .
Muita expectativa também foi gerada pelo lançamento do novo romance de Roberto Bolaño, nada menos que 13 anos após a morte do escritor chileno.
"O espírito da ficção científica", que foi apresentado oficialmente na Feira do Livro de Guadalajara (México), foi escrito por Bolaño em 1984 em Blanes (Gerona, Espanha), é ambientado na capital mexicana durante os anos 70 e segue dois jovens poetas que buscam ganhar a vida com a literatura.
A obra não é isenta de polêmica, porque a viúva de Bolaño, Carolina López, decidiu trocar sua editora de sempre, a Anagrama, pela Alfaguara, o que motivou uma série de acusações cruzadas devido à quantidade de obras que ainda restam para serem publicadas.
Os inéditos estão "quantificados e classificados", mas não foi analisado o que é publicável ou não, segundo López.
Em um estilo completamente diferente, outro livro destacado de 2016 foi a biografia de Bruce Springsteen, "Born to Run", na qual ele revelou sua tendência à depressão, e nos últimos meses do ano chegou uma das novidades mais esperadas: "O cemitério dos livros esquecidos", o fechamento da saga que o espanhol Carlos Ruiz Zafón iniciou com "A sombra do vento" (2001).
"Cinco esquinas", de Mario Vargas Llosa; "Aqui estou", de Jonathan Safran Foer; "O livro de Baltimore", de Joe Dicker; "A noite ao revés", de Zoé Valdés; a saga "Duas amigas", de Elena Ferrante, e "Falcó", de Arturo Pérez-Reverte, foram outros dos livros que tiveram certo protagonismo neste ano.
Em 2016 foram lembrados o centenário do nascimento de Camilo José Zela, os 400 anos da morte de Cervantes e Shakespeare e os 20 anos sem José Donoso.
E o mundo da literatura se despediu de Imre Kertesz, Dario Fo, Elie Wiesel, Ignacio Padilla, Umberto Eco e Harper Lee.
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