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Diretor admite falhas em obras de restauração da Cidade Proibida, na China

12/12/2016 09h08

Pequim, 12 dez (EFE).- O ambicioso processo de restauração da Cidade Proibida, o antigo Palácio Imperial da China, que estava previsto para ser realizado entre os anos de 2002 e 2020, teve que ser interrompido em 2014 devido à má qualidade dos trabalhos de renovação, reconheceu o responsável pelo recinto, Shan Jixiang.

Em declarações publicadas nesta segunda-feira pelo jornal "South China Morning Post", Shan, diretor do Museu do Palácio, admitiu que as obras de restauração foram interrompidas naquele ano devido ao "trabalho malfeito" que operários sem especialização necessária tinham realizado.

"Se tivéssemos seguido assim, os edifícios teriam ficado danificados pelas reformas, uma responsabilidade histórica que não podíamos permitir", afirmou Shan, principal responsável do monumento desde 2012.

Segundo o diretor do Museu do Palácio Imperial, o principal problema foi o fato de as obras de restauração terem ficado a cargo de empresas que não tinham trabalhadores qualificados e que os terceirizavam com salários muito baixos, muitas vezes camponeses sem experiência na construção e, menos ainda, na restauração de edifícios históricos.

Shan detalhou que procedimentos de segurança inadequados ao longo dos anos resultaram na perda de muitos artesãos responsáveis pela conservação que integravam a equipe do museu, e estes foram substituídos por emigrantes de outras províncias que apresentavam trabalho de pior qualidade.

Assim, Shan pediu ao governo mais verbas orçamentárias para garantir que sejam utilizados os melhores materiais.

Em 2015, o diretor ordenou o início da restauração de um dos recintos da Cidade Proibida, o Salão de Cultivo Mental, no qual estão sendo utilizados trabalhadores cuidadosamente selecionados e os melhores materiais.

O salão, onde residiram oito imperadores, agora só pode ser visitado parcialmente (os turistas só podem vê-lo através de telas de vidro), mas, após a restauração, poderão ter acesso a 90% do recinto.

Esta restauração levará quatro anos e meio, o triplo do tempo planejado com os padrões anteriores.

Quando Shan chegou à direção da Cidade Proibida há quatro anos, vários problemas de gestão do museu já vinham sendo denunciados e acabaram levando à destituição de seu antecessor, Zheng Xinmiao, que estava há uma década na função.

Entre eles, danos em uma valiosa peça de porcelana, num momento de distração de um pesquisador, e o roubo de nove caixas de ouro e prata do museu.

A Cidade Proibida foi a residência dos imperadores das dinastias Ming e Qing entre 1420 e 1911, e sua muralha externa também está passando por reformas atualmente devido a fendas e problemas em seus alicerces que, segundo Shan, exigiam reparos de emergência.