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Helsinque descarta construção de museu Guggenheim com recursos públicos

30/11/2016 22h08

Helsinque, 30 nov (EFE).- A capital da Finlândia, Helsinque, descartou definitivamente nesta quarta-feira a construção de um novo museu da franquia Guggenheim, um polêmico projeto que dividiu durante cinco anos a classe política, a opinião pública e os círculos artísticos locais.

Após um longo debate no plenário da câmara municipal, o setor mais crítico em relação à iniciativa, composto pelos partidos de esquerda e os ultranacionalistas Verdadeiros Finlandeses, derrubou a proposta na votação decisiva por 53 votos contra 32.

Vários dos vereadores que votaram contra manifestaram que não se opõem à construção de um museu Guggenheim em Helsinque, mas sim a que este seja financiado em sua maior parte com recursos públicos, tratando-se de uma instituição privada.

Além dos motivos econômicos, existe também um certo sentimento nacionalista muito reticente ao financiamento público de uma rede internacional de museus, em vez de apostar na promoção da arte e da cultura locais.

A proposta previa a criação de uma joint venture para construir e administrar o museu, na qual a cidade teria que ceder um cobiçado espaço e contribuir com 80 milhões de euros.

O projeto Guggenheim Helsinque esteve envolvido em polêmica desde 2011, quando o prefeito da cidade, Jussi Pajunen, surpreendeu a opinião pública anunciando sua intenção de repetir o chamado "efeito Bilbao" (cidade espanhola sede de um dos Guggenheim) na capital finlandesa com a construção de um novo museu da franquia nova-iorquina.

A Fundação Solomon R. Guggenheim, desejando expandir sua rede, aceitou a solicitação de Pajunen com entusiasmo.

Além de sua proximidade do enorme mercado russo, Helsinque apresentava seu prestígio como um dos centros indiscutíveis da arquitetura e do design nórdicos.

Nessa primeira fase, Helsinque gastou 2,3 milhões de euros em um plano de viabilidade que, em vez de ser encomendado a uma organização independente, foi elaborado pela própria fundação nova-iorquina, com um resultado previsível: a recomendação de levar o projeto adiante.

O plano propunha a construção de um museu de 12 mil metros quadrados no porto sul da cidade, especializado em design, arquitetura e novas tecnologias, com um custo estimado de 140 milhões de euros.

No entanto, a iniciativa não foi tão bem recebida como esperavam seus incentivadores, e logo boa parte da opinião pública se mostrou reticente a financiar o museu, já que, na opinião de muitos, a fundação nova-iorquina era a maior beneficiada, enquanto os custos e os riscos deveriam ser assumidos pela cidade.

O único consenso desde o princípio foi de que, se construído, o edifício do museu não deveria ser tão monumental quanto os projetados pelo arquiteto Frank Gehry para os Guggenheim de Bilbao e Abu Dhabi, e sim mais discreto e integrado no entorno.

Em 2012, o órgão executivo municipal rejeitou o projeto por oito votos a sete, o que obrigou a Fundação Guggenheim a modificar sua proposta para tentar convencer os políticos locais.

Pelo novo plano, a fundação diminuiria para 130 milhões de euros o custo do museu, assumiria a missão de buscar financiamento para custear o concurso com o qual seria escolhido o projeto do edifício e reduziria de 28 milhões de euros para 18,8 milhões o investimento a ser pago pelo museu durante 20 anos por usar a marca Guggenheim.

O concurso arquitetônico foi vencido em junho de 2015 pelo estúdio francês Moreau Kusunoki, com um complexo modular de madeira escura e vidro formado por nove pavilhões e uma torre em forma de farol.