Aplicativo para celular lembra as vítimas do Holocausto em Viena
Esther Martín.
Viena, 26 nov (EFE).- Milhares de pessoas passam todos os dias em frente ao número 6 da Operngasse, junto à Ópera de Viena, mas poucos sabem que, em agosto de 1942, uma moradora do prédio, Anna Goldschmi, foi enviada a um campo de extermínio. Um aplicativo para smartphones permite agora recordar a história de Anna e de mais milhares de vítimas do nazismo.
Nenhuma placa nem inscrição lembra o assassinato de Anna Goldschmid, que morreu no campo de Treblinka, nem dos outros três moradores deste local, que foram também deportados.
Lutar contra esse esquecimento é o objetivo do "Memento Viena", site criado pelo Arquivo da Resistência Austríaca (DÖW, na sigla em alemão), adaptada para o uso em dispositivos móveis e com o qual se pode percorrer o mapa do horror nazista em Viena.
Por enquanto, o aplicativo contém informação sobre 623 edifícios do centro de Viena onde tiveram sua última residência 5.125 pessoas vítimas do Holocausto.
Os pedestres podem encontrar fotografias, documentos e dados sobre cada um dos moradores deportados, e em sua maioria assassinados, que viviam nas ruas centrais da cidade, explicou à Agência Efe Wolfgang Schellenbacher, responsável pelo projeto.
"Cerca de 67.500 pessoas foram assassinadas (pelos nazistas) na Áustria. É um número muito alto. Mas um mero número nunca lhe conta uma história nem lhe informa sobre a pessoa que está por trás dela", disse.
"Não queríamos deixar as vítimas somente como um número", acrescentou Schellenbacher, que trabalha como documentarista e historiador no DÖW, uma instituição pública que se dedica a investigar e a não deixar esquecer os anos do nazismo na Áustria (1938-1945).
O site, que funciona em alemão e em inglês, foi principalmente pensado para seu uso em telefones inteligentes e tablets, já que estes contam com um localizador via satélite que determina a posição exata do usuário (GPS).
"Com o GPS e as novas tecnologias era o momento de colocarmos o projeto para funcionar", lembra o historiador sobre as origens da iniciativa.
O aplicativo somente conta com informação de vítimas mortas, seja durante o Holocausto ou depois da guerra, para salvaguardar a privacidade de quem ainda está vivo.
Na Áustria, onde a historiografia oficial reivindicou durante décadas que o país foi "a primeira vítima do nazismo", a pesquisa do Holocausto foi um tema "difícil" de tratar até meados dos anos 80.
"Hoje em dia a maioria das pessoas é capaz de discutir sobre isso sem nenhum problema", explicou Schellenbacher.
O "Memento Viena" não somente dá informação sobre as vítimas, mas também sobre alguns dos prédios emblemáticos da repressão nazista, como o quartel em Viena da Gestapo, a terrível Polícia política do Terceiro Reich.
O projeto conta com o apoio econômico do governo austríaco, através de fundos provenientes do Ministério de Ciência, Pesquisa e Economia, entre outras instituições.
"Seu objetivo é mostrar para as pessoas o que aconteceu em seu redor, e dar nome e cara aos judeus deportados que viviam no centro de Viena", explicou o historiador.
De fato, se planeja ampliar o raio de ação do site para outras áreas da cidade, sobretudo ao distrito de Leopoldstadt, onde vivia a maior parte dos judeus de Viena.
"Só nessa área foram deportados e assassinados mais de 30 mil moradores", destacou Schellenbacher.
Até 1938, quando aconteceu a anexação da Áustria pela Alemanha nazista, viviam em Viena cerca de 200 mil judeus, 10% da população total da capital.
Cerca de 130 mil conseguiram fugir a tempo dos nazistas, enquanto os demais foram enviados aos campos de concentração e de extermínio, onde a maioria morreu.
Assim que terminar de documentar Viena, os desenvolvedores do aplicativo querem fazer o mesmo em outras cidades do país, como Salzburgo, embora essa expansão "seja questão de dinheiro", reconheceu o historiador do DÖW.
Viena, 26 nov (EFE).- Milhares de pessoas passam todos os dias em frente ao número 6 da Operngasse, junto à Ópera de Viena, mas poucos sabem que, em agosto de 1942, uma moradora do prédio, Anna Goldschmi, foi enviada a um campo de extermínio. Um aplicativo para smartphones permite agora recordar a história de Anna e de mais milhares de vítimas do nazismo.
Nenhuma placa nem inscrição lembra o assassinato de Anna Goldschmid, que morreu no campo de Treblinka, nem dos outros três moradores deste local, que foram também deportados.
Lutar contra esse esquecimento é o objetivo do "Memento Viena", site criado pelo Arquivo da Resistência Austríaca (DÖW, na sigla em alemão), adaptada para o uso em dispositivos móveis e com o qual se pode percorrer o mapa do horror nazista em Viena.
Por enquanto, o aplicativo contém informação sobre 623 edifícios do centro de Viena onde tiveram sua última residência 5.125 pessoas vítimas do Holocausto.
Os pedestres podem encontrar fotografias, documentos e dados sobre cada um dos moradores deportados, e em sua maioria assassinados, que viviam nas ruas centrais da cidade, explicou à Agência Efe Wolfgang Schellenbacher, responsável pelo projeto.
"Cerca de 67.500 pessoas foram assassinadas (pelos nazistas) na Áustria. É um número muito alto. Mas um mero número nunca lhe conta uma história nem lhe informa sobre a pessoa que está por trás dela", disse.
"Não queríamos deixar as vítimas somente como um número", acrescentou Schellenbacher, que trabalha como documentarista e historiador no DÖW, uma instituição pública que se dedica a investigar e a não deixar esquecer os anos do nazismo na Áustria (1938-1945).
O site, que funciona em alemão e em inglês, foi principalmente pensado para seu uso em telefones inteligentes e tablets, já que estes contam com um localizador via satélite que determina a posição exata do usuário (GPS).
"Com o GPS e as novas tecnologias era o momento de colocarmos o projeto para funcionar", lembra o historiador sobre as origens da iniciativa.
O aplicativo somente conta com informação de vítimas mortas, seja durante o Holocausto ou depois da guerra, para salvaguardar a privacidade de quem ainda está vivo.
Na Áustria, onde a historiografia oficial reivindicou durante décadas que o país foi "a primeira vítima do nazismo", a pesquisa do Holocausto foi um tema "difícil" de tratar até meados dos anos 80.
"Hoje em dia a maioria das pessoas é capaz de discutir sobre isso sem nenhum problema", explicou Schellenbacher.
O "Memento Viena" não somente dá informação sobre as vítimas, mas também sobre alguns dos prédios emblemáticos da repressão nazista, como o quartel em Viena da Gestapo, a terrível Polícia política do Terceiro Reich.
O projeto conta com o apoio econômico do governo austríaco, através de fundos provenientes do Ministério de Ciência, Pesquisa e Economia, entre outras instituições.
"Seu objetivo é mostrar para as pessoas o que aconteceu em seu redor, e dar nome e cara aos judeus deportados que viviam no centro de Viena", explicou o historiador.
De fato, se planeja ampliar o raio de ação do site para outras áreas da cidade, sobretudo ao distrito de Leopoldstadt, onde vivia a maior parte dos judeus de Viena.
"Só nessa área foram deportados e assassinados mais de 30 mil moradores", destacou Schellenbacher.
Até 1938, quando aconteceu a anexação da Áustria pela Alemanha nazista, viviam em Viena cerca de 200 mil judeus, 10% da população total da capital.
Cerca de 130 mil conseguiram fugir a tempo dos nazistas, enquanto os demais foram enviados aos campos de concentração e de extermínio, onde a maioria morreu.
Assim que terminar de documentar Viena, os desenvolvedores do aplicativo querem fazer o mesmo em outras cidades do país, como Salzburgo, embora essa expansão "seja questão de dinheiro", reconheceu o historiador do DÖW.
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