Em NY, Sônia Braga afirma que houve "golpe de Estado burocrático" no Brasil
Lara Malvesí.
Nova York, 7 out (EFE).- A atriz Sônia Braga, que apresenta no Festival de Cinema de Nova York o filme "Aquarius", de Kléber Mendonça Filho, disse nesta sexta-feira, em entrevista à Agência Efe, que "no Brasil houve um golpe de Estado burocrático".
Sônia Braga afirmou aceitar os paralelismos entre seu personagem, Clara, a última inquilina de um edifício que uma imobiliária quer demolir, e a ex-presidente Dilma Rousseff, cassada por um processo de impeachment.
"Clara é uma mulher que conhece seus direitos e quer fazê-los valer", comentou a atriz, para quem o que aconteceu com Dilma "é a mesma coisa".
"Ela sabia que não podia decepcionar todos os brasileiros que tinham votado nela. Não foi um julgamento justo, nunca se descobriu que ela, pessoalmente, fez algo errado", ressaltou.
A protagonista de "Gabriela" esclareceu que não é filiada a nenhum partido político. "Embora a direita do Brasil me chame de comunista só porque fui ao Festival de Cannes com um vestido vermelho", alfinetou.
"Se sou alguma coisa, porque me criei nos anos 60, é humanista. Amo meu país e fico preocupada com as futuras gerações (...) Já vivi uma ditadura, e para que devolvam a democracia é muito difícil. Não quero voltar a passar por isso", ponderou.
Sobre a cassação de Dilma, a atriz disse ainda ter visto "pouca" solidariedade internacional. "Houve apenas alguns intelectuais que levantaram a voz, como Noam Chomsky", apontou.
De qualquer forma, Sônia Braga se mostrou "muito satisfeita" por ter dado visibilidade mundial à situação política no Brasil.
A atriz também comentou que esteve afastada das telonas na última década "não por ser seletiva demais, mas por falta de oferta". Ela também saiu em defesa dos direitos das atrizes e dos profissionais latinos no cinema americano.
"Os latinos são os que mais consomem em entretenimento, mas os que estão pior representados", lamentou a atriz, que disse já ter denunciado essa situação no Congresso dos EUA há alguns anos.
"Não é que não queiramos interpretar traficantes e prostitutas. Mas também queremos ser os protagonistas da história", destacou.
Sônia Braga lembrou ainda que fez teste para interpretar a protagonista de "As Pontes de Madison" junto com uma italiana e uma sueca, mas o papel, no final, ficou com Meryl Streep.
Por outro lado, a atriz afirmou que, apesar da passagem dos anos e das circunstâncias que cercam a personagem, não teve nenhuma dificuldade para rodar as cenas mais eróticas de "Aquarius".
"O que me custou mais, sem nenhuma dúvida, foi fingir que tocava piano", disse, com bom humor, a atriz, de 65 anos, que conserva a forma física e os cabelos compridos que a transformaram em símbolo sexual.
No entanto, ela lamentou que o cinema tenha se tornado "puritano" dos anos 80 até os dias atuais, quando anteriormente, especialmente nos anos 60, começava a haver abertura.
"Me disseram que em 'Aquarius' se vê uma sexualidade que nunca é mostrada no cinema. Ou seja, que existe, mas é a tela que não a vê. A indústria é que tem o problema, não as pessoas", opinou.
Para a atriz, por trás dessa tendência está "o conservadorismo" que "se tornou forte" e a concepção da sexualidade como "algo que se coloca em um armário e só se tira para um determinado momento".
Depois de Clara, que lhe valeu o aplauso da crítica no Festival de Cannes, a atriz se prepara para assumir o papel da mãe do personagem de John Turturro em "Going Places".
Nova York, 7 out (EFE).- A atriz Sônia Braga, que apresenta no Festival de Cinema de Nova York o filme "Aquarius", de Kléber Mendonça Filho, disse nesta sexta-feira, em entrevista à Agência Efe, que "no Brasil houve um golpe de Estado burocrático".
Sônia Braga afirmou aceitar os paralelismos entre seu personagem, Clara, a última inquilina de um edifício que uma imobiliária quer demolir, e a ex-presidente Dilma Rousseff, cassada por um processo de impeachment.
"Clara é uma mulher que conhece seus direitos e quer fazê-los valer", comentou a atriz, para quem o que aconteceu com Dilma "é a mesma coisa".
"Ela sabia que não podia decepcionar todos os brasileiros que tinham votado nela. Não foi um julgamento justo, nunca se descobriu que ela, pessoalmente, fez algo errado", ressaltou.
A protagonista de "Gabriela" esclareceu que não é filiada a nenhum partido político. "Embora a direita do Brasil me chame de comunista só porque fui ao Festival de Cannes com um vestido vermelho", alfinetou.
"Se sou alguma coisa, porque me criei nos anos 60, é humanista. Amo meu país e fico preocupada com as futuras gerações (...) Já vivi uma ditadura, e para que devolvam a democracia é muito difícil. Não quero voltar a passar por isso", ponderou.
Sobre a cassação de Dilma, a atriz disse ainda ter visto "pouca" solidariedade internacional. "Houve apenas alguns intelectuais que levantaram a voz, como Noam Chomsky", apontou.
De qualquer forma, Sônia Braga se mostrou "muito satisfeita" por ter dado visibilidade mundial à situação política no Brasil.
A atriz também comentou que esteve afastada das telonas na última década "não por ser seletiva demais, mas por falta de oferta". Ela também saiu em defesa dos direitos das atrizes e dos profissionais latinos no cinema americano.
"Os latinos são os que mais consomem em entretenimento, mas os que estão pior representados", lamentou a atriz, que disse já ter denunciado essa situação no Congresso dos EUA há alguns anos.
"Não é que não queiramos interpretar traficantes e prostitutas. Mas também queremos ser os protagonistas da história", destacou.
Sônia Braga lembrou ainda que fez teste para interpretar a protagonista de "As Pontes de Madison" junto com uma italiana e uma sueca, mas o papel, no final, ficou com Meryl Streep.
Por outro lado, a atriz afirmou que, apesar da passagem dos anos e das circunstâncias que cercam a personagem, não teve nenhuma dificuldade para rodar as cenas mais eróticas de "Aquarius".
"O que me custou mais, sem nenhuma dúvida, foi fingir que tocava piano", disse, com bom humor, a atriz, de 65 anos, que conserva a forma física e os cabelos compridos que a transformaram em símbolo sexual.
No entanto, ela lamentou que o cinema tenha se tornado "puritano" dos anos 80 até os dias atuais, quando anteriormente, especialmente nos anos 60, começava a haver abertura.
"Me disseram que em 'Aquarius' se vê uma sexualidade que nunca é mostrada no cinema. Ou seja, que existe, mas é a tela que não a vê. A indústria é que tem o problema, não as pessoas", opinou.
Para a atriz, por trás dessa tendência está "o conservadorismo" que "se tornou forte" e a concepção da sexualidade como "algo que se coloca em um armário e só se tira para um determinado momento".
Depois de Clara, que lhe valeu o aplauso da crítica no Festival de Cannes, a atriz se prepara para assumir o papel da mãe do personagem de John Turturro em "Going Places".
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