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Obama inaugura museu afro-americano dos EUA ao som "do sino da liberdade"

Barack Obama discursa durante a inauguração do Museu Afro-Americano, em Washington - Joshua Roberts/Reuters
Barack Obama discursa durante a inauguração do Museu Afro-Americano, em Washington Imagem: Joshua Roberts/Reuters

Cristina García Casado

De Washington (EUA)

24/09/2016 16h59

O primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, inaugurou neste sábado (24), ao som "do sino da liberdade", o Museu Nacional da História e da Cultura Afro-americana, em homenagem à libertação dos escravos, proclamada em 1863 pelo então presidente Abraham Lincoln.

Obama e sua esposa Michelle, a primeira primeira-dama negra do país, e quatro gerações de uma família negra são a "prova do progresso" desta comunidade que fizeram soar o sino da primeira igreja batista da Virgínia, construída em 1776, uma das primeiras igrejas para negros do país, que foi levado a Washington para a inauguração do museu.

"Vamos abrir este museu ao mundo". "O som deste sino, que será reproduzido por outros em centros religiosos, praças, em todo o país. Um eco do som dos sinos que marcaram a libertação (dos escravos) há mais de um século e meio, o som e o hino da liberdade americana", disse Obama.

Também participaram da esperada inauguração do museu os ex-presidentes Bill Clinton (1993-2001) e George W. Bush (2001-2009), este último responsável por assinar em 2003 a lei para a construção do museu afro-americano na esplanada monumental de Washington, o National Mall.

Bush e sua esposa, Laura, presidiram ao lado de Obama e Michelle uma emotiva cerimônia que reuniu milhares de pessoas, entre elas figuras importantes da luta pelos direitos civis, como o senador democrata John Lewis, que participou da organização da marcha de Washington em 1963, ao lado de Martin Luther King.

"A história afro-americana não está separada da história dos Estados Unidos. Não é a parte inferior da história. É central na história americana", disse Obama, o último a discursar antes da inauguração oficial com o som do sino.

"Ela nos ajuda a entender melhor as vidas, do presidente, mas também do escravo. Do industrial, mas também do apertador de botões. Daquele que manteve o 'status quo' e também do ativista que buscava acabar com o 'status quo'", acrescentou o presidente.

Além disso, Obama aproveitou o momento para mandar uma mensagem para o futuro, enquanto os EUA vivem um período de tensão racial por conta dos episódios de violência policial contra cidadãos negros no último ano: "Espero que este museu nos faça falar uns com os outros, a ouvirmos e vermos uns aos outros".

O museu, que fica próximo do obelisco do Monumento a Washington na Avenida Constituição, narra a história dos negros nos Estados Unidos, desde a escravidão, passando pela luta pelos direitos civis até a chegada do primeiro presidente negro à Casa Branca em 2009.

"Uma grande nação não se esconde da verdade. A verdade nos fortalece, nos encoraja. É um ato de patriotismo nos incluir onde estivemos", frisou Obama.

"Este museu nos ajuda a contar uma história mais rica e mais completa de quem somos", acrescentou o atual presidente.

Nesse mesmo sentido também se pronunciou seu antecessor na Casa Branca, George W. Bush, ao lado de sua esposa e ex-primeira-dama Laura Bush.

"Uma grande nação não esconde sua história. Enfrenta seus erros e os corrige. Este museu conta a verdade de um país fundado na promessa de liberdade para milhões de pessoas acorrentadas, e que o preço da nossa união foi o pecado original dos Estados Unidos", afirmou o ex-presidente republicano.

Já o congressista e histórico defensor dos direitos civis John Lewis, um dos que promoveram a construção do museu, afirmou que este é "um sonho transformado em realidade".

O evento, no qual participaram 7 mil convidados oficiais e milhares de pessoas que assistiram ao ato nos jardins do National Mall, contou com apresentações de Stevie Wonder e discursos emocionantes, como o de Obama, que arrancou lágrimas de sua esposa Michelle.

O museu, de mais de 37 mil metros quadrados, narra a tortuosa história dos negros nos Estados Unidos através de mais de 36 mil objetos recopilados em todo o país.