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Primeira edição de "O Capital" é comprada por telefone por mais de R$ 1 mi

Estátuas de Karl Marx (à esquerda) e Friedrich Engels em Berlim, na Alemanha - Herbert Knosowski/AP
Estátuas de Karl Marx (à esquerda) e Friedrich Engels em Berlim, na Alemanha Imagem: Herbert Knosowski/AP

De Londres

15/06/2016 13h57

Uma peculiar primeira edição da obra "O Capital", de Karl Marx (1818-1883), que leva a assinatura do autor e foi dada para o amigo Johann Eccarius, foi vendida nesta quarta-feira (15) em Londres por 218,5 mil libras (mais de US$ 1 milhão) pela casa Bonhams.

Segundo indicou à agência Efe um porta-voz da casa de leilões, o arremate foi fechado por telefone e a obra, que partia com um preço estimado de saída de entre 80 mil e 120 mil libras (entre R$ 400 mil e R$ 865 mil), foi comprada por um colecionador europeu, do qual não foram revelados detalhes para não quebrar a confidencialidade.

Marx e Eccarius foram figuras importantes durante o difícil nascimento do comunismo e desfrutaram de uma relação estreita pessoal durante muitos anos até que os ciúmes e as diferenças políticas os separaram, segundo o especialista em livros da casa de leilões Simon Roberts.

A peça está datada em 18 de setembro de 1867, quatro dias depois da publicação do primeiro volume, e é uma das poucas cópias que sobreviveram, segundo a Bonhams.

"O Capital", um tratado de crítica das ciências econômicas, é formado por três volumes, dos quais o primeiro foi publicado em vida de Marx, mas os outros dois, elaborados por seu amigo e colaborador Friedrich Engels a partir das notas do autor, apareceram em 1885 e 1894.

Eccarius (1818-1889) foi um alfaiate que se uniu à britânica da Liga dos Justos, organização revolucionária apoiada por alemães que tinham emigrado em 1839.

Em 1846, Marx e Engels, que viviam então em Bruxelas, foram convidados a se unir à liga, e um ano depois assistiram ao segundo congresso da organização em Londres, onde conheceram Eccarius.

Marx foi muito amigo de Eccarius, mas por volta de 1870 a relação tornou-se difícil depois que o autor de "O Capital" lhe acusou de assumir o crédito de suas ideias em artigos jornalísticos.