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Guerreiros gregos de bronze de Riace têm novo museu na Itália

18/05/2016 06h07

Cristina Rocha.

Reggio Calabria (Itália), 18 mai (EFE).- Os Bronzes de Riace, os dois guerreiros gregos do século V a.C. descobertos em 1972, estão de "casa nova", o novo Museu Arqueológico de Reggio Calabria, que recupera parte do patrimônio da Magna Grécia, denominação que recebia o sul da península Itálica, região colonizada na Antiguidade pelos gregos.

As duas imponentes estátuas e o que é considerado como o primeiro retrato da arte grega são algumas das peças exibidas pelo museu, reaberto agora após dez anos de obras.

São 11 mil metros quadrados de superfície para exposições, que mostram ao público os tesouros de seu patrimônio arqueológico, que durante anos estavam guardados nos porões e armazéns do prédio.

Objetos rituais, mosaicos, sarcófagos e vasilhas, todos eles procedentes da Calábria (sul da Itália) integram um percurso cronológico como uma "grande revista da História que ajuda a ler o passado da cidade e da região", segundo seus responsáveis.

Também há peças provenientes das escavações realizadas onde se assentaram as polis (cidades) de Locros Epicefirios, Medma e Hipônio, colônias da Magna Grécia fundadas na Antiguidade em terras da Calábria, de onde comercializavam com sua metrópole.

O Museu Arqueológico de Reggio Calabria é um dos mais representativos do período da Magna Grécia e exibe, em suas 230 vitrines, antiguidades pré-históricas, esculturas do século V a.C. e mosaicos dos séculos II e III a.C., entre outras peças.

No entanto, o museu é principalmente conhecido por receber a exposição permanente dos Bronzes de Riace, "duas das cinco estátuas que se encontram no mundo todo" nesse metal e dessa época, destacou à Agência Efe o responsável pelo serviço educacional do museu, Giacomo Oliva.

Além disso, lembrou Oliva, "há duas cabeças de bronze do século V a.C. das quais uma delas é única no mundo porque é o primeiro retrato da História da Arte grega, conhecida como 'A cabeça do filósofo'; estas peças demonstram a excepcionalidade do museu".

Os Bronzes de Riace ocupam uma sala do térreo do museu que dispõe de um sofisticado sistema de climatização e filtragem do ar para evitar fenômenos de corrosão, à qual só se pode ter acesso em grupos reduzidos e durante um tempo limitado.

Para chegar até esta sala os visitantes devem primeiro atravessar duas antessalas de descontaminação.

Além disso, os Bronzes de Riace foram colocados sobre pedestais antissísmicos para garantir a máxima segurança em caso de terremotos, que são frequentes na região.

As esculturas - denominadas "Bronze A" e "Bronze B" -, representam dois homens nus com barba, um mais velho e outro mais jovem, com a perna direita levemente à frente e o tronco torcido.

Foram recuperados casualmente do fundo do mar Jônico, ao sul da península italiana, há 43 anos e são das poucas amostras da escultura grega em bronze que chegaram praticamente intactas até a atualidade.

Além dos dois guerreiros de Riace, só existem a Auriga de Delfos e o Zeus de Capo Artemísio, sob custódia do Museu Arqueológico Nacional de Atenas, além do Apolo de Piombino, no Museu do Louvre de Paris.

As estátuas têm 1,98m e 1,97m de altura respectivamente e, no momento de sua descoberta, pesavam 400 quilos cada uma, mas após sua limpeza interior para tirar sedimentação calcárea marinha seu peso diminuiu para 160 quilos por peça.

Ao longo do percurso, os visitantes dispõem de textos explicativos e vídeos interativos que acompanham a mostra.

O novo museu, situado em um edifício dos anos 30 no centro histórico da cidade de Reggio Calabria, foi submetido a uma profunda renovação cujo resultado são quatro andares que traçam um percurso cronológico desde o Paleolítico até a Magna Grécia no território da agora Calábria.

Além disso, dispõe de um pátio interior com teto de vidro, "o pulmão bioclimático que refresca todo o prédio", segundo Oliva.

O novo espaço acolhe no último andar uma cafeteria e um restaurante com amplas vidraças com vistas para o estreito de Mesina, que separa a península italiana da ilha da Sicília.

"Há dez anos os bronzes de Riace estavam em porões. É incrível que o ícone da arqueologia da Calábria, a própria identidade do patrimônio cultural desta região, estivesse relegado a porões. Agora, está à disposição de todos", explicou Oliva.

No entanto, a instalação dos bronzes no museu não ficou isenta de polêmica e alguns veículos de comunicação italianos criticaram que permaneçam em Reggio Calabria, uma cidade afastada dos circuitos turísticos mais conhecidos do país.