Espanhol reabilita Patrimônio da Humanidade no Quênia a partir da arquitetura
Jèssica Martorell.
Nairóbi, 17 mai (EFE).- Misturar a tradição suaíli com a modernidade sem perder as raízes que transformam a cidade de Lamu em Patrimônio da Humanidade. Essa é a filosofia do arquiteto espanhol Urko Sánchez, que há mais de uma década reforma construções neste singular arquipélago do norte do Quênia.
Em suas ruas labirínticas, Lamu esconde muros de coral e gesso, tetos de makuti (folha de palma) e imponentes portas de madeira talhadas à mão e decoradas com motivos árabes que o transformam no assentamento suaíli melhor conservado da África oriental e em um dos lugares que mais atraem turistas.
"Em Lamu parece que o tempo parou", comentou à Agência Efe o arquiteto espanhol, que neste ano recebeu o prêmio da Associação de Arquitetos do Quênia por seu trabalho na ilha, pela qual se apaixonou à primeira vista em uma viagem de "mochileiro" quando era estudante.
Conhecer a cidade é viajar no tempo: as estreitas ruas se mantêm sem mudanças no meio de construções que datam do século XV, a vida flui no porto e nas praças e, salvo um par de ambulâncias e o carro do prefeito, não há nenhum outro veículo em toda a ilha.
Os burros e os barcos à vela continuam sendo o principal meio de transporte em Lamu, onde a pressa não existe e sua gente vive fundamentalmente do que pesca entre os mangues que inundam as águas do arquipélago.
A personalidade da cidade cativou totalmente Sánchez há 16 anos, quando decidiu se instalar neste local do norte do país após ter trabalhado em diferentes países em conflito - Somália, Angola e Bósnia - com várias ONG.
Lá decidiu comprar uma casa "em ruínas" e formar uma pequena equipe de trabalho. "Com o que ganhava, economizava e pude reformar a casa. Assim aprendi o fabuloso mundo da arquitetura suaíli", explicou o madrilenho.
"Trabalhar em Lamu é um privilégio", assegurou, porque você "tem que manter o espírito deste lugar, com uma tradição que o transformou em Patrimônio da Humanidade da Unesco, mas ao mesmo tempo dando um enfoque contemporâneo".
Nos últimos anos, Sánchez e sua equipe reformaram várias casas na ilha, como Lamu House, um dos hotéis mais populares, onde a influência árabe se mistura com a ocidental do século XXI, especialmente a espanhola.
"Lamu começou a entrar na moda e os estrangeiros começaram a vir e comprar casas para reformá-la", comentou Sánchez, embora tenha reconhecido que esta tendência caiu notavelmente nos últimos três anos devido à ameaça do grupo terrorista somali Al Shabab.
Aos 45 anos, o espanhol assegurou ter aprendido muito da arquitetura tradicional desta cidade, que respeita o meio ambiente, estuda a orientação natural para criar espaços confortáveis, minimiza o uso de energia e trabalha com materiais locais para evitar custos de transporte.
Agora acaba de se instalar em Nairóbi, onde tenta seguir a mesma filosofia para realizar arquitetura "sustentável" em uma cidade repleta de guindastes e prédios vazios devido à febre do tijolo que começou nos últimos anos.
"Os valores que o Ocidente transmitiu a países como o Quênia estão relacionados com a lógica econômica, não com o desenvolvimento responsável", criticou.
Sánchez também lamentou a tendência atual de homogeneizar as cidades de todo o mundo. "Dá pena ver os mesmos edifícios no Quênia, Malásia e Miami. Nós entendemos a arquitetura como um reflexo da identidade de cada cidade", acrescentou.
Isso é justamente o que tenta fazer em Nairóbi através de diferentes projetos que respeitam a essência da capital queniana: seu vínculo especial com a natureza.
"Pouco a pouco se começa a ver uma corrente em Nairóbi com consciência ecológica. É minoritária, mas está crescendo", afirmou o espanhol com otimismo.
Nairóbi, 17 mai (EFE).- Misturar a tradição suaíli com a modernidade sem perder as raízes que transformam a cidade de Lamu em Patrimônio da Humanidade. Essa é a filosofia do arquiteto espanhol Urko Sánchez, que há mais de uma década reforma construções neste singular arquipélago do norte do Quênia.
Em suas ruas labirínticas, Lamu esconde muros de coral e gesso, tetos de makuti (folha de palma) e imponentes portas de madeira talhadas à mão e decoradas com motivos árabes que o transformam no assentamento suaíli melhor conservado da África oriental e em um dos lugares que mais atraem turistas.
"Em Lamu parece que o tempo parou", comentou à Agência Efe o arquiteto espanhol, que neste ano recebeu o prêmio da Associação de Arquitetos do Quênia por seu trabalho na ilha, pela qual se apaixonou à primeira vista em uma viagem de "mochileiro" quando era estudante.
Conhecer a cidade é viajar no tempo: as estreitas ruas se mantêm sem mudanças no meio de construções que datam do século XV, a vida flui no porto e nas praças e, salvo um par de ambulâncias e o carro do prefeito, não há nenhum outro veículo em toda a ilha.
Os burros e os barcos à vela continuam sendo o principal meio de transporte em Lamu, onde a pressa não existe e sua gente vive fundamentalmente do que pesca entre os mangues que inundam as águas do arquipélago.
A personalidade da cidade cativou totalmente Sánchez há 16 anos, quando decidiu se instalar neste local do norte do país após ter trabalhado em diferentes países em conflito - Somália, Angola e Bósnia - com várias ONG.
Lá decidiu comprar uma casa "em ruínas" e formar uma pequena equipe de trabalho. "Com o que ganhava, economizava e pude reformar a casa. Assim aprendi o fabuloso mundo da arquitetura suaíli", explicou o madrilenho.
"Trabalhar em Lamu é um privilégio", assegurou, porque você "tem que manter o espírito deste lugar, com uma tradição que o transformou em Patrimônio da Humanidade da Unesco, mas ao mesmo tempo dando um enfoque contemporâneo".
Nos últimos anos, Sánchez e sua equipe reformaram várias casas na ilha, como Lamu House, um dos hotéis mais populares, onde a influência árabe se mistura com a ocidental do século XXI, especialmente a espanhola.
"Lamu começou a entrar na moda e os estrangeiros começaram a vir e comprar casas para reformá-la", comentou Sánchez, embora tenha reconhecido que esta tendência caiu notavelmente nos últimos três anos devido à ameaça do grupo terrorista somali Al Shabab.
Aos 45 anos, o espanhol assegurou ter aprendido muito da arquitetura tradicional desta cidade, que respeita o meio ambiente, estuda a orientação natural para criar espaços confortáveis, minimiza o uso de energia e trabalha com materiais locais para evitar custos de transporte.
Agora acaba de se instalar em Nairóbi, onde tenta seguir a mesma filosofia para realizar arquitetura "sustentável" em uma cidade repleta de guindastes e prédios vazios devido à febre do tijolo que começou nos últimos anos.
"Os valores que o Ocidente transmitiu a países como o Quênia estão relacionados com a lógica econômica, não com o desenvolvimento responsável", criticou.
Sánchez também lamentou a tendência atual de homogeneizar as cidades de todo o mundo. "Dá pena ver os mesmos edifícios no Quênia, Malásia e Miami. Nós entendemos a arquitetura como um reflexo da identidade de cada cidade", acrescentou.
Isso é justamente o que tenta fazer em Nairóbi através de diferentes projetos que respeitam a essência da capital queniana: seu vínculo especial com a natureza.
"Pouco a pouco se começa a ver uma corrente em Nairóbi com consciência ecológica. É minoritária, mas está crescendo", afirmou o espanhol com otimismo.
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