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Obra de pintor cazaque afetado por testes nucleares chega à Casa Branca

09/04/2016 16h11

Astana, 9 abr (EFE).- Karipbek Kuyukov nasceu sem braços como efeito dos testes nucleares soviéticos no Cazaquistão, o que não lhe impediu de se transformar em um conhecido pintor, além de ativista antinuclear, e agora uma de suas obras, "Explosão", encontrou um lar na Casa Branca.

"Explosão" foi o quadro escolhido pelo presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev, como presente para o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, durante a Cúpula Nuclear realizada na semana passada em Washington.

"Representantes de Akorda (o Palácio Presidencial cazaque) me chamaram e pediram para ver minhas pinturas. Compraram 'Explosão'. Acabo de saber agora pelo secretário de imprensa do presidente que a pintura foi dada a Obama. Me sinto muito orgulhoso", declarou à Agência Efe o artista, que maneja o pincel com a boca.

A obra, que representa um homem se protegendo, com as mãos alçadas, de uma detonação nuclear, foi criada pelo artista em novembro de 2015, usando principalmente as cores vermelha e preta para "expressar alarme e perigo".

Os Estados Unidos "têm a grande responsabilidade de liderar o caminho que assegure o cumprimento do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (TPCEN). Dados os eventos na Coreia do Norte e o aumento das ameaças de terrorismo nuclear, não temos tempo a perder", acrescentou o artista.

Muito satisfeito com o fato de que sua obra tenha encontrado um lugar na coleção da Casa Branca, Kuyukov espera que isso sirva de alerta para o atual e os futuros presidentes dos Estados Unidos da necessidade de ratificar o TPCEN.

Kuyukov nasceu sem braços devido à radiação a que seus pais foram expostos durante os testes nucleares soviéticas na base de Semipalatinsk (agora Semey), no noroeste do Cazaquistão, onde foram efetuados mais de 450 testes entre 1949 e 1991 e que é hoje um dos lugares do mundo com níveis mais altos de radiação.

O pintor cazaque é um comprometido ativista antinuclear e embaixador honorário do Projeto ATOM, lançado em 2012 para conscientizar à sociedade dos graves riscos dos testes nucleares e conseguir a proibição das armas atômicas.

Desde sua fundação, mais de 250.000 pessoas de 100 países assinaram via online o pedido do Projeto ATOM. A entrada em vigor do TPCEN - assinado em 1996 - está pendente de ser assinado e ratificado por oito estados-chave: Estados Unidos, China, Índia, Paquistão, Israel, Egito, Irã e Coreia do Norte.