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Vencedor do Prêmio Pritzker põe seus projetos à disposição de refugiados

05/04/2016 17h37

Lara Malvesí.

Nações Unidas, 5 abr (EFE).- O arquiteto chileno Alejandro Aravena, que acaba de receber o Prêmio Pritzker nas Nações Unidas, pôs à disposição dos governos de todo o mundo seus projetos de habitação sustentável para construir imóveis para os refugiados que se encontram em campos de detenção.

Em entrevista coletiva nesta terça-feira, poucas horas após receber o prêmio na sede da ONU em Nova York, Aravena garantiu estar "disponível" para governos e prefeituras dispostos a solucionar a problemática da moradia.

"Aqui estão. Os arquivos e planos. Uma razão a menos para dizer que não é possível", afirmou o premiado, que disse que suas soluções para a escassez de habitação e a falta de recursos servem tanto para o caso de imigrantes como de refugiados.

O arquiteto chileno antecipou que a partir de hoje porá à disposição de todo o mundo através de internet os planos de seus projetos de moradia social que lhe valeram o prêmio.

Entre outros projetos está o trabalho de reconstrução da cidade de Constitución, uma das mais devastadas pelo terremoto e o tsunami que em 27 de fevereiro de 2010 devastaram o Chile e deixaram 500 mortos e cerca de 800.000 afetados.

Aravena dirige o coletivo Elemental, com sede em Santiago do Chile e que se centra em projetos de impacto social e interesse públicos.

O chileno, que falou com a imprensa ostentando orgulhoso a medalha do Pritzker, alertou que só com uma construção sustentável é possível encarar desafios como as atuais 1 bilhão de pessoas que vivem em áreas urbanas em condições sub-humanas.

"Para fazer frente a esta realidade seria preciso construir 1 milhão de casas por semana", disse Aravena, que reivindica dos mercados uma "mudança de paradigma" na construção.

A propósito das dificuldades de financiamento para imóveis sociais no mundo todo e especialmente nos países em desenvolvimento, para os que se orienta a maioria dos projetos que lhe levaram ao Pritzker, o arquiteto afirmou que "o que realmente sai caro é construir errado".

"Um edifício sustentável e adaptado ao entorno pode ser desfrutado por famílias durante gerações e também traz benefícios ao conjunto da cidade", comentou.

Nesse sentido, destacou que "a arquitetura é capaz de fornecer o valor agregado da síntese a problemáticas muito complexas como a habitação e a imigração".

O chileno gosta de pensar que a arquitetura é capaz de descer de sua aura elevada para contribuir aos grandes debates do mundo global com suas linguagens e soluções próprias.

Aos 48 anos, diretor da seção de arquitetura da Bienal de Veneza e professor visitante da Universidade de Harvard, Aravena recebeu a medalha do prêmio das mãos do presidente da Fundação Hyatt, Thomas J. Pritzker.

A concessão do prêmio foi anunciada no último dia 13 de janeiro, e já nessa ocasião se destacou a destreza de Aravena para combinar a arte com a responsabilidade social em suas criações, desde importantes edifícios até imóveis sociais.

Ao receber o prêmio ontem à noite, Aravena lembrou que a arquitetura não consiste tanto em aço, tijolos ou madeira, "mas na própria vida".

Além de Aravena, o Prêmio Pritzker, considerado o Nobel de Arquitetura, também já reconheceu o trabalho dos brasileiros Oscar Niemeyer (1988) e Paulo Mendes da Rocha (2006).

Em 2004 a vencedora foi a anglo-iraquiana Zaha Hadid, a primeira mulher a receber o prêmio, que também estaria presente na cerimônia desta segunda-feira na sede da ONU, mas que morreu no último dia 31 de março, aos 65 anos, e foi homenageada por seus colegas e admiradores.