Polônia inaugura museu para honrar heróis que salvaram judeus
Nacho Temiño.
Markowa (Polônia), 22 mar (EFE).- A família Ulma, cujos oito membros foram assassinados pelos nazistas em 1944 por tentar salvar um grupo de judeus, dá nome ao museu que abriu suas portas recentemente na Polônia para honrar a memória dos heróis que morreram durante a Segunda Guerra Mundial por socorrer seus vizinhos.
"Trata-se do primeiro museu da Polônia que lembra estes poloneses que ajudaram judeus durante a Segunda Guerra Mundial", declarou à Agência Efe seu diretor, Mateusz Szpytma, que ressaltou que, graças a estas pessoas, entre 30.000 e 40.000 poloneses de religião hebreia conseguiram escapar da perseguição nazista.
Szpytma incide no contexto histórico, com uma "Polônia sob ocupação alemã, uma ocupação extremamente cruel que deixou seis milhões de poloneses mortos, a metade deles judeus".
Nessa situação e, "apesar da ameaça de morte, houve gente que ajudou os judeus, autênticos heróis", ressaltou.
Só na Europa Oriental as autoridades nazistas contemplavam a pena de morte por escondê-los, enquanto em outros regiões, como na França ou Países Baixos, os castigos eram mais benevolentes.
O museu fica em Markowa, um pequeno povoado rural da região polonesa dos Sub-Cárpatos, onde até 1944 viveu a família Ulma, cujo nome foi eternizado nestas instalações.
Em 1939 Markowa contava com aproximadamente 4.400 habitantes, deles 120 judeus, em sua maioria assassinados pelos nazistas em 1942.
No entanto, e graças aos camponeses da comarca, 21 deles conseguiram salvar suas vidas e emigrar depois da guerra a Estados Unidos, Canadá e Israel.
Entre estes camponeses se encontravam Jozef e Wiktoria Ulma, que então tinham seis filhos (com idades entre oito e dois anos) e que decidiram esconder oito judeus em sua casa.
Não está claro como as autoridades nazistas se deram conta do fato, mas em 24 de março de 1944 a polícia militar alemã se apresentou na fazenda dos Ulma e assassinou os judeus escondidos e todos os membros da família, inclusive as crianças. Wiktoria estava então grávida de seu sétimo filho.
A família Ulma foi distinta com o título de Justo entre as Nações pelo Instituto Yad Vashem de Israel, da mesma forma que outros 6.400 poloneses que arriscaram sua vida para salvar judeus.
O museu se centra em histórias que, como a dos Ulma, aconteceram na província de Sub-Cárpatos, e mostra o heroísmo de alguns poloneses, mas também os dilemas que enfrentaram perante o temor de perder a vida por ajudar os outros.
São expostas também as relações polonesas-judaicas antes da guerra e a forma como a ocupação alemã modificou uma convivência que até então tinha sido pacífica.
O museu esteve em construção durante quase oito anos e fica em um edifício que lembra uma casa camponesa típica.
Seu "coração" é uma sala iluminada que reproduz o lar da família Ulma e inclusive abriga alguns móveis originais, como a mesa de carpinteiro de Jozef e algumas fotografias feitas por ele, fotógrafo amador.
O museu foi erguido por iniciativa das autoridades da província de Sub-Cárpatos e espera ser o primeiro de outros centros que lembrem a pouco conhecida história dos poloneses que arriscaram sua vida para socorrer seus compatriotas judeus.
Hoje na quase não há vestígios da forte presença judia que existia até antes da guerra, como a bela sinagoga do século XVIII de Lancut ou o cemitério de Lezajsk, onde está enterrado o rabino Tzadik Elimelech, um dos pais do Hassidismo.
A abertura do museu coincidiu com as críticas do governo polonês ao historiador e professor de Princeton, Jan Tomasz Gross, autor de vários ensaios sobre como os poloneses foram em alguns casos cúmplices no massacre de seus vizinhos de religião hebreia.
"Os alemães assassinavam os judeus e os poloneses que os socorriam e, apesar de isso, houve poloneses que arriscaram sua vida para ajudar-lhes, embora também seja preciso lembrar que houve situações contrárias e cruéis, e não temos por que negar isso", finalizou o diretor do museu da família Ulma.
Markowa (Polônia), 22 mar (EFE).- A família Ulma, cujos oito membros foram assassinados pelos nazistas em 1944 por tentar salvar um grupo de judeus, dá nome ao museu que abriu suas portas recentemente na Polônia para honrar a memória dos heróis que morreram durante a Segunda Guerra Mundial por socorrer seus vizinhos.
"Trata-se do primeiro museu da Polônia que lembra estes poloneses que ajudaram judeus durante a Segunda Guerra Mundial", declarou à Agência Efe seu diretor, Mateusz Szpytma, que ressaltou que, graças a estas pessoas, entre 30.000 e 40.000 poloneses de religião hebreia conseguiram escapar da perseguição nazista.
Szpytma incide no contexto histórico, com uma "Polônia sob ocupação alemã, uma ocupação extremamente cruel que deixou seis milhões de poloneses mortos, a metade deles judeus".
Nessa situação e, "apesar da ameaça de morte, houve gente que ajudou os judeus, autênticos heróis", ressaltou.
Só na Europa Oriental as autoridades nazistas contemplavam a pena de morte por escondê-los, enquanto em outros regiões, como na França ou Países Baixos, os castigos eram mais benevolentes.
O museu fica em Markowa, um pequeno povoado rural da região polonesa dos Sub-Cárpatos, onde até 1944 viveu a família Ulma, cujo nome foi eternizado nestas instalações.
Em 1939 Markowa contava com aproximadamente 4.400 habitantes, deles 120 judeus, em sua maioria assassinados pelos nazistas em 1942.
No entanto, e graças aos camponeses da comarca, 21 deles conseguiram salvar suas vidas e emigrar depois da guerra a Estados Unidos, Canadá e Israel.
Entre estes camponeses se encontravam Jozef e Wiktoria Ulma, que então tinham seis filhos (com idades entre oito e dois anos) e que decidiram esconder oito judeus em sua casa.
Não está claro como as autoridades nazistas se deram conta do fato, mas em 24 de março de 1944 a polícia militar alemã se apresentou na fazenda dos Ulma e assassinou os judeus escondidos e todos os membros da família, inclusive as crianças. Wiktoria estava então grávida de seu sétimo filho.
A família Ulma foi distinta com o título de Justo entre as Nações pelo Instituto Yad Vashem de Israel, da mesma forma que outros 6.400 poloneses que arriscaram sua vida para salvar judeus.
O museu se centra em histórias que, como a dos Ulma, aconteceram na província de Sub-Cárpatos, e mostra o heroísmo de alguns poloneses, mas também os dilemas que enfrentaram perante o temor de perder a vida por ajudar os outros.
São expostas também as relações polonesas-judaicas antes da guerra e a forma como a ocupação alemã modificou uma convivência que até então tinha sido pacífica.
O museu esteve em construção durante quase oito anos e fica em um edifício que lembra uma casa camponesa típica.
Seu "coração" é uma sala iluminada que reproduz o lar da família Ulma e inclusive abriga alguns móveis originais, como a mesa de carpinteiro de Jozef e algumas fotografias feitas por ele, fotógrafo amador.
O museu foi erguido por iniciativa das autoridades da província de Sub-Cárpatos e espera ser o primeiro de outros centros que lembrem a pouco conhecida história dos poloneses que arriscaram sua vida para socorrer seus compatriotas judeus.
Hoje na quase não há vestígios da forte presença judia que existia até antes da guerra, como a bela sinagoga do século XVIII de Lancut ou o cemitério de Lezajsk, onde está enterrado o rabino Tzadik Elimelech, um dos pais do Hassidismo.
A abertura do museu coincidiu com as críticas do governo polonês ao historiador e professor de Princeton, Jan Tomasz Gross, autor de vários ensaios sobre como os poloneses foram em alguns casos cúmplices no massacre de seus vizinhos de religião hebreia.
"Os alemães assassinavam os judeus e os poloneses que os socorriam e, apesar de isso, houve poloneses que arriscaram sua vida para ajudar-lhes, embora também seja preciso lembrar que houve situações contrárias e cruéis, e não temos por que negar isso", finalizou o diretor do museu da família Ulma.
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