Redes sociais decidirão as próximas eleições no Camboja
Ricardo Pérez-Solero.
Phnom Penh, 5 mar (EFE).- Por trás das publicações no Facebook do primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, nas quais o mesmo aparece de roupão cumprimentando um líder estrangeiro, se esconde uma luta ferrenha para se conquistar uma rede social que ameaça pôr fim aos seus 30 anos de mandato.
Como sempre fez ao longo de sua carreira política, Hun Sen, um comandante que desertou do regime do Khmer Vermelho, soube se adaptar às mudanças trazidas pela chegada dos smartphones ao país asiático.
No começo de fevereiro, o líder anunciou em seu perfil nas redes sociais que tinha superado em número de "curtidas" o líder da oposição, Sam Rainsy, ao conseguir mais de dois milhões e cem mil seguidores.
"Uso o Facebook para beneficiar a sociedade, conhecer a situação de bem-estar dos cidadãos e dar-lhes a oportunidade de estar mais perto de mim. (...) Não o utilizo para concorrer com ninguém", afirmou Hun Sen no mesmo dia que superou seu rival em "amizades".
No entanto, a princípio as novas tecnologias desbancaram os políticos do governante Partido do Povo do Camboja (PPC), mais acostumados a governar com os meios de imprensa tradicionais e desligados dos interesses da juventude.
As eleições de julho de 2013, que o PPC ganhou de forma apertada, puseram em destaque a importância das redes sociais.
As novas tecnologias foram usadas para ganhar terreno durante a campanha e para as manifestações que organizadas após o pleito a fim de denunciar fraude, embora não tenham conseguido mudar a sentença da comissão eleitoral.
"Os meios estatais não cobriram as eleições, e o povo tinha que se informar através do Facebook", disse à Agência Efe o consultor de direitos humanos Billy Chia-Lung Tai.
Um ano depois das eleições gerais, o governo e a oposição chegaram a um acordo e cessaram os protestos, mas a corrida digital tinha começado, primeiro nas cidades e depois, de forma rápida, nas zonas rurais.
Segundo relatório da ONG local Open Institute e da Asia Foundation, o número de cambojanos com smartphones cresceu de 22% para quase 40 % entre 2013 e 2015.
Javier Solá, coautor do citado estudo e que viveu 13 anos no Camboja, opinou que cerca da metade da população se conectará ao Facebook através de seu telefone até o final de 2016, e que a rede social superará a televisão como a fonte de informação mais utilizada do país.
"(O Facebook) é dirigido a um segmento da população que vai decidir as eleições, é muito importante porque os eleitores da televisão seguramente são fixos, e é o eleitor jovem que tem a possibilidade de criar uma mudança de governo ou pelo menos que a oposição seja a mais votada", avaliou Solá.
O voluntário acrescentou que existem cada vez mais jovens com direito a voto que não conheceram a época da guerra civil da qual fala Hun Sen e que assusta os mais velhos, e isso se notará ainda mais nas próximas eleições.
Segundo estimativas das Nações Unidas, dois terços da população estão abaixo dos 30 anos, o que transforma o Camboja em um dos países mais jovens da Ásia.
O blogueiro político cambojano Ritthy O admitiu que a comunicação política na rede social será determinante nas eleições de 2018, mas opinou que faltam também "reformas reais, políticas sérias e uma implementação transparente que beneficie de verdade as massas e não poucos magnatas".
A luta para conquistar as redes sociais está em andamento: sete pessoas foram detidas desde agosto e aumentou a repressão no Facebook, segundo denunciou este mês a ONG Centro Cambojano pelos Direitos Humanos.
Phnom Penh, 5 mar (EFE).- Por trás das publicações no Facebook do primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, nas quais o mesmo aparece de roupão cumprimentando um líder estrangeiro, se esconde uma luta ferrenha para se conquistar uma rede social que ameaça pôr fim aos seus 30 anos de mandato.
Como sempre fez ao longo de sua carreira política, Hun Sen, um comandante que desertou do regime do Khmer Vermelho, soube se adaptar às mudanças trazidas pela chegada dos smartphones ao país asiático.
No começo de fevereiro, o líder anunciou em seu perfil nas redes sociais que tinha superado em número de "curtidas" o líder da oposição, Sam Rainsy, ao conseguir mais de dois milhões e cem mil seguidores.
"Uso o Facebook para beneficiar a sociedade, conhecer a situação de bem-estar dos cidadãos e dar-lhes a oportunidade de estar mais perto de mim. (...) Não o utilizo para concorrer com ninguém", afirmou Hun Sen no mesmo dia que superou seu rival em "amizades".
No entanto, a princípio as novas tecnologias desbancaram os políticos do governante Partido do Povo do Camboja (PPC), mais acostumados a governar com os meios de imprensa tradicionais e desligados dos interesses da juventude.
As eleições de julho de 2013, que o PPC ganhou de forma apertada, puseram em destaque a importância das redes sociais.
As novas tecnologias foram usadas para ganhar terreno durante a campanha e para as manifestações que organizadas após o pleito a fim de denunciar fraude, embora não tenham conseguido mudar a sentença da comissão eleitoral.
"Os meios estatais não cobriram as eleições, e o povo tinha que se informar através do Facebook", disse à Agência Efe o consultor de direitos humanos Billy Chia-Lung Tai.
Um ano depois das eleições gerais, o governo e a oposição chegaram a um acordo e cessaram os protestos, mas a corrida digital tinha começado, primeiro nas cidades e depois, de forma rápida, nas zonas rurais.
Segundo relatório da ONG local Open Institute e da Asia Foundation, o número de cambojanos com smartphones cresceu de 22% para quase 40 % entre 2013 e 2015.
Javier Solá, coautor do citado estudo e que viveu 13 anos no Camboja, opinou que cerca da metade da população se conectará ao Facebook através de seu telefone até o final de 2016, e que a rede social superará a televisão como a fonte de informação mais utilizada do país.
"(O Facebook) é dirigido a um segmento da população que vai decidir as eleições, é muito importante porque os eleitores da televisão seguramente são fixos, e é o eleitor jovem que tem a possibilidade de criar uma mudança de governo ou pelo menos que a oposição seja a mais votada", avaliou Solá.
O voluntário acrescentou que existem cada vez mais jovens com direito a voto que não conheceram a época da guerra civil da qual fala Hun Sen e que assusta os mais velhos, e isso se notará ainda mais nas próximas eleições.
Segundo estimativas das Nações Unidas, dois terços da população estão abaixo dos 30 anos, o que transforma o Camboja em um dos países mais jovens da Ásia.
O blogueiro político cambojano Ritthy O admitiu que a comunicação política na rede social será determinante nas eleições de 2018, mas opinou que faltam também "reformas reais, políticas sérias e uma implementação transparente que beneficie de verdade as massas e não poucos magnatas".
A luta para conquistar as redes sociais está em andamento: sete pessoas foram detidas desde agosto e aumentou a repressão no Facebook, segundo denunciou este mês a ONG Centro Cambojano pelos Direitos Humanos.
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