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Unesco certifica coleção de Brasil e Uruguai sobre Guerra do Paraguai

Imagem da cidade de Montivideú, no Uruguai - John Walker/Creative Commons
Imagem da cidade de Montivideú, no Uruguai Imagem: John Walker/Creative Commons

Montevidéu

02/03/2016 00h05

A Unesco fez nesta terça-feira (1) a entrega oficial do certificado que reconhece a inclusão ao programa Memória do Mundo de uma coleção fotográfica, iconográfica e cartográfica de Brasil e Uruguai sobre a Guerra do Paraguai, também conhecida como "Guerra da Tríplice Aliança".

Trata-se de uma galeria de 95 fotos e outros documentos oficiais que relatam a história desta guerra que, além dos países mencionados, incluiu a Argentina e se desenvolveu entre 1865 e 1870.

A Biblioteca Nacional do Uruguai (BNU) e o Museu Histórico Nacional foram as instituições uruguaias reconhecidas, enquanto pelo Brasil se destaca o Museu Imperial.

Nesse sentido, o representante para a América Latina e o Caribe da Unesco, Guilherme Canela, explicou à Agência Efe que as postulações para fazer parte da Memória do Mundo se realizam a cada dois anos, e acrescentou que "é muito interessante" que os países o façam de maneira conjunta.

"Representa muito para o Cone Sul e para todos os países, incluindo o Paraguai, (...) entender o que aconteceu em situações de guerra e de violação de direitos humanos, reconhecer esta história tem a ver com aprender com os equívocos do passado para não voltar a cometê-los no presente e no futuro" disse Canela.

Além disso, o representante da Unesco acrescentou que se trata de um reconhecimento sobre a capacidade de Brasil e Uruguai para preservar "esta história documental" para poder dar acesso a pesquisadores e à população em geral desses documentos.

"O reconhecimento mais importante é o fato de seguir discutindo todos esses fatos históricos para continuar construindo a paz", comentou Canela.

O representante da Unesco também mencionou que na Memória do Mundo se encontram documentos como os diários de Anne Frank (1929-1945), arquivos de Nelson Mandela (1918-2013), partituras de Beethoven (1770-1827) e a Carta Magna da Inglaterra.

A Guerra do Paraguai também ficou conhecida por ter sido a primeira que teve cobertura fotográfica na América do Sul, que foi realizada pela companhia uruguaia "Baté", um fato que lhe rendeu o nome de "Guerra Ilustrada".

Nesse contexto, a diretora da BNU, Esther Pailos, disse à Efe que este reconhecimento é "uma expressão de paz" através da cultura.

"É uma maravilha que através da cultura possamos manifestar nossa atitude de paz entre os povos. Eu disse várias vezes que esses documentos serviram para que nós pudéssemos ver que, nunca mais, pode haver guerras fraticidas, guerras entre povos irmãos", opinou a diretora da BNU.

"Para o Uruguai isso representa muito". "Significa não somente o conteúdo das fotografias, mas o fato de reconhecer o compromisso que se teve de conservá-las e restaurá-las para que não se perdessem", acrescentou Esther.

Além disso, a diretora ressaltou que, graças aos trabalhos de conservação, as novas gerações podem conhecer o que aconteceu nessa guerra na qual o povo paraguaio "sofreu muito" com o ataque de "seus povos irmãos".

Finalmente, Esther informou que todos os países envolvidos nesta guerra estão planejando o desenvolvimento de um catálogo interativo digital que contenha todos os documentos relacionados à Guerra do Paraguai.

O registro da Memória do Mundo é uma lista do patrimônio documental que foi aprovado pelo Comitê Consultivo Internacional e ratificado pelo diretor-geral da Unesco.