Topo

Ópera Dom Quixote chega ao país com primeira produção nacional

Ensaio da ópera Dom Quixote, de Jules Massenet, no Theatro São Pedro, em São Paulo - Heloisa Bortz/Divulgação
Ensaio da ópera Dom Quixote, de Jules Massenet, no Theatro São Pedro, em São Paulo Imagem: Heloisa Bortz/Divulgação

Fabio Manzano

De São Paulo

02/03/2016 18h38

A ópera Don Quixote, do francês Jules Massenet, sobe ao palco do Theatro São Pedro nesta quarta-feira (2) em São Paulo para lembrar o quarto centenário de morte de Miguel de Cervantes com uma montagem que traz à luz um dos mais importantes personagens da literatura ocidental com uma produção nacional pela primeira vez.

"As datas comemorativas normalmente são desculpas para que façamos o que já desejávamos há tempo, e esse é o caso com Quixote", disse à agência Efe o diretor de orquestra e artístico do Theatro São Pedro, Luiz Fernando Malheiro.

A ópera se apresentou por primeira e única vez no Brasil em 1929, no Theatro Municipal, com uma produção e montagem de uma companhia italiana.

Estreada em 1910 no Cassino de Monte Carlo, de Mônaco, a composição misturou na cena toda a poesia francesa junto com o ritmo espanhol do flamenco em uma montagem que diverte, emociona e encanta com a história do engenhoso hidalgo imortalizada há mais de 400 anos.

Além do texto original de Cervantes, para a produção do libreto, Henri Caïn (1857-1937) se inspirou na peça 'Le Chevalier de la Longue Figure', do francês Jacques Le Lorrain, na qual Dulcineia sai dos relatos de 'Alonso Quijano' (O Quixote) e ganha vida nos palcos.

No Brasil, a dama Dulcineia é interpretada por Luisa Francesconio, e o papel principal ficou com o americano Gregory Reinhart, radicado na França e que é o único estrangeiro do elenco.

Malheiro destacou que esta "é uma ópera muito especial e bonita, com muitos ingredientes diferentes, além do próprio canto. Há vários números de dança flamenca e coros, existem também cenas intimistas e expressivas".

O flamenco nesta versão brasileira foi dirigido por Nuria Castejón, coreógrafa espanhola que além de dançar nesta ópera trabalhou em filmes internacionais do 'Barbeiro de Sevilla' e 'Carmen', nos Estados Unidos.

Ensaio da ópera Dom Quixote, de Jules Massenet, no Theatro São Pedro, em São Paulo - Heloisa Bortz/Divulgação - Heloisa Bortz/Divulgação
Ensaio da ópera Dom Quixote, de Jules Massenet, no Theatro São Pedro, em São Paulo
Imagem: Heloisa Bortz/Divulgação


A cenografia desta versão é assinada pelo argentino Nicolás Boni, que já trabalhou em óperas tanto em seu país como nos Estados Unidos e no Brasil.

Para este 'Quixote', sua réplica de 'La Mancha' foi montada a partir de reproduções das gravuras de Gustave Doré, que ilustraram por muitos anos os livros de Cervantes.

As raias típicas das gravuras também estão nas roupas criadas pelo brasileiro Fábio Namatame, cujos tecidos estão impressos um por um com os detalhes que os aproximam mais dos desenhos do romance.

O diretor disse que desde sempre foi "apaixonado" pelo trabalho de Massenet, de quem tem gravações de todas as composições de ópera e com frequência voltava a escutar a de 'Don Quixote' várias vezes.

"Sem dúvidas faz muitos anos que eu cultivo essa ideia", explicou Malheiro.

Com pouco menos de um mês de ensaios, o elenco leva ao quase centenário teatro brasileiro uma montagem a cargo do libanês Jorge Takla, que estudou na França e foi responsável por espetáculos musicais no Brasil como 'My fair lady' e 'West side story'.

"O convite a Takla para dirigir 'Don Quixote', além de seu talento cênico, está baseada em seu formação francesa, pois era necessário que se conheça muito da língua francesa, assim como da cultura deste país", disse Malheiro.

A ópera 'Don Quixote' abre a temporada 2016 do Theatro São Pedro, situado no centro de São Paulo com apresentações nesta quarta-feira e nos dias 4, 6, 9 e 11 e 13. Depois, seguirá para o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde terá cinco récitas a partir de 13 de abril.