Portos suíços armazenam 79 obras de Picasso há mais de 3 anos
Paris, 15 fev (EFE).- Um lote de 79 obras de Picasso, avaliadas em 300 milhões de euros (R$ 1,33 bilhão), está armazenado nos portos de Genebra desde outubro de 2012, depois que Catherine Hutin-Blay, enteada do artista, as enviou da França, informou nesta segunda-feira o jornal "Le Point".
Vários famosos e valiosos retratos de sua mãe, Jacqueline Picasso, última mulher do pintor, estão entre as obras que estão há mais de três anos nos portos, lugar que funciona não só como ponto de entrada de mercadorias na Suíça, mas como centro logístico de armazenagem.
Filha do primeiro casamento de Jacqueline Picasso, Hutin-Blay, hoje com 67 anos, herdou após o suicídio da mãe, em outubro de 1986, mais de mil quadros do pintor, assim como centenas de gravuras, esculturas e um grande patrimônio imobiliário.
O famoso retrato "Jacqueline em traje turco", avaliado em 35 milhões de euros (R$ 155 milhões), o favorito da viúva de Picasso, é uma das obras que dormem há quase quatro anos em "outro cofre suíço", segundo informou no domingo o portal "Agefi".
Outras visões da mãe da herdeira pintadas por Picasso, "Jacqueline sentada na cadeira de balanço", estimada em 30 milhões de euros (R$ 133 milhões), e "Jacqueline com as pernas cruzadas", valorada em dez milhões (R$ 44 milhões), figuram igualmente na lista.
O jornal "Le Point", que tentou sem sucesso obter a opinião dos advogados de Hutin-Blay sobre esse envio de uma tonelada à beira do lago Leman, diz não compreender "tanto mistério, pois os quadros de Picasso foram enviados normalmente, acompanhados de seus documentos alfandegários e licenças de exportação".
A personalidade da dona das obras dá ao caso uma dimensão particular, entre outras razões porque Hutin-Blay sempre se apresentou como uma colecionadora, e não como uma mulher de negócios interessada no dinheiro, e ainda menos como alguém capaz de se afastar de vários grandes retratos de sua mãe.
"Não revendo obras, a menos que me sinta obrigada", disse ao "Le Parisien" em julho de 2013 a filha de Jacqueline Roque, que em 2015, segundo a imprensa, em relação a uma denúncia de roubo que ela mesma tinha apresentado, garantiu que seria impossível se separar de uma representação de sua mãe.
O gabinete de advogados que a representa não quis se pronunciar a respeito, alegando a existência desse processo penal aberto na França e o necessário sigilo. O "Le Point" ressalta em seu site que tal procedimento não tem relação alguma com as obras enviadas à Suíça.
Para o "Le Point", as razões pelas quais Hutin-Blay, residente em Paris, decidiu expedir quadros tão prestigiados aos portos de Genebra podem ser as melhores possibilidades oferecidas pela Suíça para vendê-los com discrição.
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