Após salvar sinos originais de Notre Dame, abadia quer fazer badalar de novo
Luis Miguel Pascual.
Paris, 8 fev (EFE).- Durante dois séculos, os velhos sinos de Notre Dame, em Paris, badalaram alegremente em eventos felizes, como a libertação da cidade do nazismo em 1944, e tocaram tristes quando a capital chorou seus dramas.
Quando em 2012 foram substituídos por novos para comemorar os 850 anos da catedral, o bispado de Paris os enviou ao local onde foram feitos no século 19. A intervenção de uma pequena abadia beneditina de Riaumont, no entanto, impediu que essas peças, consideradas patrimônio histórico, desaparecessem.
O grupo fez uma denúncia e a Justiça ordenou que os trabalhos fossem paralisados até que se resolvesse seu destino. Notre Dame desistiu de derretê-los e há alguns meses eles estão expostos no chão, no jardim adjacente à catedral.
Agora, os monges reivindicam os sinos para o campanário do templo que estão construindo com a ajuda de jovens em situação de exclusão social.
"Em nossa opinião é absurdo destruir os sinos. Eles têm uma história e estamos oferecendo um futuro a eles", explicou à Agência Efe o monge Alain Hocquemiller.
Será uma segunda chance para Angélique-Françoise (de 1.915 quilos), Antoinette-Charlotte (1.335 kg), Hyacinthe-Jeanne (925 kg) e Denise-David (767 kg), retirados da Torre Norte da catedral porque, segundo especialistas, não tinham um som harmonioso com o sino maior, Emmanuel, feito nos tempos de Luís XIV e que pesa 12 toneladas.
"Para nós, soariam como a glória", brincou Hocquemiller, que garante que os planos de sua igreja foram modificados para receber os velhos sinos.
Mas seu destino não é tão simples. Os sinos são, como todo patrimônio francês, propriedade do Estado, que ainda não decidiu o futuro deles.
Os monges de Riaumont afirmam que um conservador do Ministério de Cultura prometeu em julho de 2012 doar os sinos à comunidade religiosa. Contudo, não há qualquer documento escrito que comprove isso, apenas depoimentos, o quê, para o advogado dos monges, Philippe Bodereau, é prova suficiente para que a Justiça transfira a propriedade dos sinos.
Após ter tirado a razão dos monges beneditinos em primeira instância, o Tribunal de Apelação de Paris tomou uma decisão sábia: obrigou todas as partes (a catedral, a abadia beneditina e o Estado) a se apresentarem com uma postura conciliada em 6 de abril.
A única condição que os juízes impuseram é que "seu destino deve corresponder "a seu papel cultural e histórico, dado que os sinos soaram em vários eventos históricos de Paris e da França e apesar de sua sonoridade ser considerada ruim".
Bodereau considera que colocá-los no templo beneditino cumpre todas as condições impostas pelos juízes, enquanto para Hocquemiller "é melhor do que tê-los no chão, porque os sinos foram feitos para tocar, não para serem vistos".
O frade assegurou que preferia que a doação fosse feita de "bom grado".
"Pedi mil vezes para ter uma reunião com o bispo de Paris, mas não sou suficientemente importante. Não nos deixou outro remédio além de irmos aos tribunais", assegurou.
Notre Dame, por sua vez, ignora isso. O advogado da catedral, Laurent Delvolvé, afirmou à Efe que "os sinos são do Estado e seu destino será decidido pelo Ministério da Cultura".
Mas ele está convencido de que a comunidade de Riaumont não tem legitimidade para reclamá-los.
"Quem são eles para dizer que os sinos são deles? O fato de um conservador ter dito em reunião que era favorável a doá-los não significa que os pertençam. É preciso um acordo formal", afirmou.
Ele assegurou que os monges beneditinos do norte da França não são os únicos que pediram os sinos.
"Riaumont não tem nada a ver com Notre Dame. Outros, talvez sim", acrescentou o advogado, que não citou os nomes das outras instituições que pediram os sinos.
Ele negou, inclusive, que a catedral tenha decidido destruí-los.
"Era um projeto entre muitos. A ideia de fundi-los para criar pequenas campainhas que servissem de brinde aos peregrinos que fossem a Notre Dame era uma saída aceitável".
Paris, 8 fev (EFE).- Durante dois séculos, os velhos sinos de Notre Dame, em Paris, badalaram alegremente em eventos felizes, como a libertação da cidade do nazismo em 1944, e tocaram tristes quando a capital chorou seus dramas.
Quando em 2012 foram substituídos por novos para comemorar os 850 anos da catedral, o bispado de Paris os enviou ao local onde foram feitos no século 19. A intervenção de uma pequena abadia beneditina de Riaumont, no entanto, impediu que essas peças, consideradas patrimônio histórico, desaparecessem.
O grupo fez uma denúncia e a Justiça ordenou que os trabalhos fossem paralisados até que se resolvesse seu destino. Notre Dame desistiu de derretê-los e há alguns meses eles estão expostos no chão, no jardim adjacente à catedral.
Agora, os monges reivindicam os sinos para o campanário do templo que estão construindo com a ajuda de jovens em situação de exclusão social.
"Em nossa opinião é absurdo destruir os sinos. Eles têm uma história e estamos oferecendo um futuro a eles", explicou à Agência Efe o monge Alain Hocquemiller.
Será uma segunda chance para Angélique-Françoise (de 1.915 quilos), Antoinette-Charlotte (1.335 kg), Hyacinthe-Jeanne (925 kg) e Denise-David (767 kg), retirados da Torre Norte da catedral porque, segundo especialistas, não tinham um som harmonioso com o sino maior, Emmanuel, feito nos tempos de Luís XIV e que pesa 12 toneladas.
"Para nós, soariam como a glória", brincou Hocquemiller, que garante que os planos de sua igreja foram modificados para receber os velhos sinos.
Mas seu destino não é tão simples. Os sinos são, como todo patrimônio francês, propriedade do Estado, que ainda não decidiu o futuro deles.
Os monges de Riaumont afirmam que um conservador do Ministério de Cultura prometeu em julho de 2012 doar os sinos à comunidade religiosa. Contudo, não há qualquer documento escrito que comprove isso, apenas depoimentos, o quê, para o advogado dos monges, Philippe Bodereau, é prova suficiente para que a Justiça transfira a propriedade dos sinos.
Após ter tirado a razão dos monges beneditinos em primeira instância, o Tribunal de Apelação de Paris tomou uma decisão sábia: obrigou todas as partes (a catedral, a abadia beneditina e o Estado) a se apresentarem com uma postura conciliada em 6 de abril.
A única condição que os juízes impuseram é que "seu destino deve corresponder "a seu papel cultural e histórico, dado que os sinos soaram em vários eventos históricos de Paris e da França e apesar de sua sonoridade ser considerada ruim".
Bodereau considera que colocá-los no templo beneditino cumpre todas as condições impostas pelos juízes, enquanto para Hocquemiller "é melhor do que tê-los no chão, porque os sinos foram feitos para tocar, não para serem vistos".
O frade assegurou que preferia que a doação fosse feita de "bom grado".
"Pedi mil vezes para ter uma reunião com o bispo de Paris, mas não sou suficientemente importante. Não nos deixou outro remédio além de irmos aos tribunais", assegurou.
Notre Dame, por sua vez, ignora isso. O advogado da catedral, Laurent Delvolvé, afirmou à Efe que "os sinos são do Estado e seu destino será decidido pelo Ministério da Cultura".
Mas ele está convencido de que a comunidade de Riaumont não tem legitimidade para reclamá-los.
"Quem são eles para dizer que os sinos são deles? O fato de um conservador ter dito em reunião que era favorável a doá-los não significa que os pertençam. É preciso um acordo formal", afirmou.
Ele assegurou que os monges beneditinos do norte da França não são os únicos que pediram os sinos.
"Riaumont não tem nada a ver com Notre Dame. Outros, talvez sim", acrescentou o advogado, que não citou os nomes das outras instituições que pediram os sinos.
Ele negou, inclusive, que a catedral tenha decidido destruí-los.
"Era um projeto entre muitos. A ideia de fundi-los para criar pequenas campainhas que servissem de brinde aos peregrinos que fossem a Notre Dame era uma saída aceitável".
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