Alejandro Iñárritu: "A dor é temporária, um filme é para sempre"
Magdalena Tsanis.
Madri, 31 jan (EFE).- No ano passado ele ganhou quatro estatuetas do Oscar por "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)", neste ano Alejandro González Iñárritu volta a ser o favorito nas apostas com "O Regresso", uma história de sobrevivência e vingança ambientada em uma América "infinita, desconhecida e selvagem" da época dos primeiros colonos.
Rodada em paisagens da Argentina e do Canadá, somente com a luz natural e uma câmera que parece flutuar entre as árvores, o filme protagonizado por Leonardo DiCaprio, é o maior desafio que o diretor e roteirista mexicano já enfrentou até hoje.
"Um filme é como um parto. Dói tanto que a única forma de ter outro filho é você esquecer essa dor. A dor é temporária, um filme é para sempre. Na realidade, já me esqueci da dor", garante em entrevista à Agência Efe.
Baseada em fatos reais, "O Regresso" conta a história do explorador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio), que durante uma expedição é gravemente ferido por um urso e depois é abandonado por seus companheiros de caçada. Alimentado pela sede de vingança e pelo amor à família, Glass se nega a morrer e começa uma longa viagem através do inóspito Oeste americano em busca do homem que o traiu: John Fitzgerald (Tom Hardy).
"Este projeto me deu muito medo porque nunca tinha feito algo assim. Nunca tinha filmado uma árvore ou um cavalo, mas a possibilidade de falhar era o que me excitava", explica.
O desejo pessoal de integrar-se à natureza durante um ano - depois da neurótica e urbana "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" - e a história em si, também foram fatores preponderantes na hora de aceitar o trabalho.
"É um filme de aventuras e sobrevivência, mas, ao mesmo tempo, é uma metáfora da vida e de quantas vezes nascemos e renascemos. Um ataque de um urso não é pior do que lidar com um câncer ou perder um ente querido. Passar por um divórcio, ficar sem emprego, as pessoas desesperadas e os emigrantes. São todas viagens e as pessoas às vezes tem que morrer para se reinventar e renascer", sustenta.
Falando de imigração, e dado que ele é um - como bem lembrou Sean Penn na entrega do Oscar do ano passado -, "O Regresso" é também uma declaração contra a xenofobia e o racismo que mostra a América em ebulição do século XIX, onde todos vinham de fora.
"Não tenha medo da imigração. É preciso agir com compaixão e empatia. Não podemos continuar reduzindo esta gente desesperada aos estereótipos dos discursos, que tiram deles a integridade humana", defende Iñárritu, perguntado sobre as políticas restritivas na Europa e as declarações polêmicas de Donald Trump.
Desde que estreou seu primeiro filme, "Amores Brutos" (2000) até hoje, Alejandro González Iñárritu passou de marginalizado pela indústria de Hollywood a ser o diretor com quem todos querem trabalhar.
"É muito estranho. Para mim, o único que mudou foi o custo do filme, mas meu processo é o mesmo. Sempre tive a sorte de atuar com total liberdade. Todos os erros dos meus filmes me pertencem, porque nunca tive que fazer nada que eu não quisesse, nem mexer em uma linha de diálogo, nem tirar ou pôr uma cena", garante.
Quanto aos futuros projetos, por enquanto, ele diz que não quer pensar sobre.
"Meu projeto agora se chama hibernar, como o urso em uma caverna", afirma, em tom bem humorado.
Madri, 31 jan (EFE).- No ano passado ele ganhou quatro estatuetas do Oscar por "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)", neste ano Alejandro González Iñárritu volta a ser o favorito nas apostas com "O Regresso", uma história de sobrevivência e vingança ambientada em uma América "infinita, desconhecida e selvagem" da época dos primeiros colonos.
Rodada em paisagens da Argentina e do Canadá, somente com a luz natural e uma câmera que parece flutuar entre as árvores, o filme protagonizado por Leonardo DiCaprio, é o maior desafio que o diretor e roteirista mexicano já enfrentou até hoje.
"Um filme é como um parto. Dói tanto que a única forma de ter outro filho é você esquecer essa dor. A dor é temporária, um filme é para sempre. Na realidade, já me esqueci da dor", garante em entrevista à Agência Efe.
Baseada em fatos reais, "O Regresso" conta a história do explorador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio), que durante uma expedição é gravemente ferido por um urso e depois é abandonado por seus companheiros de caçada. Alimentado pela sede de vingança e pelo amor à família, Glass se nega a morrer e começa uma longa viagem através do inóspito Oeste americano em busca do homem que o traiu: John Fitzgerald (Tom Hardy).
"Este projeto me deu muito medo porque nunca tinha feito algo assim. Nunca tinha filmado uma árvore ou um cavalo, mas a possibilidade de falhar era o que me excitava", explica.
O desejo pessoal de integrar-se à natureza durante um ano - depois da neurótica e urbana "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" - e a história em si, também foram fatores preponderantes na hora de aceitar o trabalho.
"É um filme de aventuras e sobrevivência, mas, ao mesmo tempo, é uma metáfora da vida e de quantas vezes nascemos e renascemos. Um ataque de um urso não é pior do que lidar com um câncer ou perder um ente querido. Passar por um divórcio, ficar sem emprego, as pessoas desesperadas e os emigrantes. São todas viagens e as pessoas às vezes tem que morrer para se reinventar e renascer", sustenta.
Falando de imigração, e dado que ele é um - como bem lembrou Sean Penn na entrega do Oscar do ano passado -, "O Regresso" é também uma declaração contra a xenofobia e o racismo que mostra a América em ebulição do século XIX, onde todos vinham de fora.
"Não tenha medo da imigração. É preciso agir com compaixão e empatia. Não podemos continuar reduzindo esta gente desesperada aos estereótipos dos discursos, que tiram deles a integridade humana", defende Iñárritu, perguntado sobre as políticas restritivas na Europa e as declarações polêmicas de Donald Trump.
Desde que estreou seu primeiro filme, "Amores Brutos" (2000) até hoje, Alejandro González Iñárritu passou de marginalizado pela indústria de Hollywood a ser o diretor com quem todos querem trabalhar.
"É muito estranho. Para mim, o único que mudou foi o custo do filme, mas meu processo é o mesmo. Sempre tive a sorte de atuar com total liberdade. Todos os erros dos meus filmes me pertencem, porque nunca tive que fazer nada que eu não quisesse, nem mexer em uma linha de diálogo, nem tirar ou pôr uma cena", garante.
Quanto aos futuros projetos, por enquanto, ele diz que não quer pensar sobre.
"Meu projeto agora se chama hibernar, como o urso em uma caverna", afirma, em tom bem humorado.
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