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Telenovelas reinam na América Latina, mas devem inovar para seguir no topo

21/01/2016 21h55

Miami, 21 jan (EFE).- Executivos de televisão afirmaram nesta quinta-feira que a América Latina tem grande potencial para seguir criando e consumindo telenovelas, apesar de reconhecerem que elas devem acompanhar as mudanças da audiência contemporânea.

No fim da Feira da Associação Nacional de Executivos de Programas de Televisão nos Estados Unidos (Natpe), diretores de importantes emissoras e produtoras na América Latina debateram em Miami sobre o futuro das telenovelas e a TV por assinatura na região.

O diretor de Entretenimento e Negócios Internacionais da "Telefé", da Argentina, Tomás Yankelevich, disse que a América Latina tem um "potencial enorme" para seguir produzindo telenovelas, mas reiterou a necessidade de "inovar" para continuar no topo da audiência, algo que a região "está fazendo constantemente".

"É preciso buscar parceiros estratégicos na região, onde possamos gerar e coproduzir produtos em conjunto para estar à altura das audiências latino-americanas", afirmou Yankelevich.

Na avaliação do diretor-executivo de Negócios Intercionais da Rede Globo, Raphael Correa, a telenovela é um "elemento de conexão muito forte entre o conteúdo e o espectador". E, por isso, os roteiristas devem "se aproximar da audiência contemporânea".

Profissionais da região concordaram que a telenovela tradicional não está desaparecendo, destacando que o gênero está evoluindo graças ao surgimento de novas narrativas e plataformas.

Andrés Mendoza, vice-presidente de Programação e Estratégia da "Unimás", que pertence à "Univisión", principal emissora hispânica dos EUA, disse à Efe que surgiram as chamadas "drama-séries", um formato "mais curto, com elementos em comum com a telenovela tradicional e com tramas inesperadas".

Segundo Mendoza, essa evolução ocorre porque a audiência tem muitas opções, mais canais e mais alternativas atualmente. Por isso, as grandes emissoras apostam em novos formatos.

Mendoza explicou que a "Univisión" está modificando sua oferta com produções de conteúdos "ligeiramente diferentes aos das telenovelas". No entanto, a emissora segue apostando nas "narconovelas", histórias baseadas nos chefes do narcotráfico, que "seguirão reinando na televisão latina, seja ficção ou baseada em fatos reais".

A emissora já anunciou a produção de uma série sobre a vida do mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán, baseada em um livro escrito pelo ex-narcotraficante colombiano Andréz López López.

"O gênero foi um sucesso nos últimos cinco anos e a audiência segue pedindo mais", explicou.

O debate organizado na Napte serviu para discutir os desafios da telenovela na indústria da televisão na região, já que elas são o principal produto das emissoras.

Segundo o diretor da "Telefé", o surgimento de novas plataformas de conteúdo, além da televisão convencional, não está afetando a produção de telenovelas. As emissoras, porém, têm que conseguir "transferir as receitas da televisão aberta para a internet".