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Sétima arte chega de bicicleta às zonas rurais do Senegal

28/11/2015 10h01

Saliou Traoré.

Dacar, 28 nov (EFE).- Uma ideia na cabeça e uma bicicleta na estrada: assim pode ser resumido o "Cinécyclo Tour du Sénégal" (Tour de Cinema de Bicicleta do Senegal), iniciativa do francês Vincent Hanrion, que pretende percorrer três mil quilômetros para produzir a energia necessária para exibir filmes em regiões rurais do Senegal onde a energia elétrica não chega.

Durante os próximos seis meses, Vincent, de 29 anos, irá a vários cantos do país africano com sua bicicleta, que a cada pedalada irá gerar eletricidade para projetar gratuitamente filmes e documentários.

"Vamos percorrer um total de três mil quilômetros e fazer projeções em dezenas de povoados sem luz", explicou Vincent durante a apresentação do projeto em Dacar.

A proposta só é viável porque o jovem tem um sistema de transmissão de vídeo - móvel, ecológico e autônomo - que foi especialmente criado para isso.

Na bicicleta, de 23 quilos, vai todo o equipamento necessário para as sessões de cinema, idealizadas depois de uma viagem a Québec, no Canadá, em 2013. Há dois anos, Vincent teve a ideia de juntar suas três paixões: viagens, bicicleta e cinema.

A primeira parada do Cinécyclo será em Ziguinchor, e durará 15 dias, e a última em Saint-Louis, em junho do ano que vem. Ao todo, serão 40 locais de projeção.

Todas as exibições serão feitas ao ar livre com entrada franca para garantir que qualquer pessoa possa aproveitar a oportunidade, em muitos casos única. Na programação, 12 animações, quatro filmes de sensibilização sobre agricultura e meio ambiente e três longas senegaleses, possivelmente do diretor Moussa Touré.

"Estamos em plena negociação com Moussa para poder apresentar seus filmes, que têm muito sucesso e que são em wolof (o idioma mais falado no Senegal)", comentou Vincent.

Se der certo, a ideia do francês é levar o Cinécyclo a outros países da África. Alguns jovens senegaleses, inclusive, já se interessaram pela proposta e se juntaram para tornar ainda mais viável o projeto e aplicar o sistema autônomo de geração de eletricidade para outras finalidades.

"Criamos uma associação e estamos tentando legalizá-la. Além disso, estamos buscando patrocinadores para que nos acompanhem", disse Sekouba Keita, um dos integrantes do grupo, explicando que o sistema poderia ser adaptado às necessidades domésticas locais e garantir o funcionamento, por exemplo, de aparelhos como fogão e rádio.