A sociedade matriarcal do rio Jequitinhonha em 50 imagens
Fabio Manzano.
São Paulo, 26 nov (EFE).- A terra úmida que margeia os 1.090 quilômetros do rio Jequitinhonha se transformou em matéria-prima sob as enrugadas mãos de artesãs locais, cuja força e talento fizeram esta região de Minas Gerais prosperar e que foram retratadas por Maurício Nahas na exposição 'Do pó da terra', exibida em São Paulo.
Com argila natural do rio, as artesãs elaboram objetos de arte com os quais garantem o sustento de suas famílias, um cenário que Nahas quis imortalizar em 50 imagens que, até 3 de janeiro, ficarão em cartaz no Museu Afro Brasil.
"Por razões econômicas, os homens da família saíram da região em busca de dinheiro, e as mulheres, por outro lado, ficaram investindo seu tempo na produção de objetos de arte a partir de técnicas que aprenderam com os povos nativos", disse Nahas à Agência Efe.
O fotógrafo fez parte de uma equipe que em 2013 acompanhou durante 20 dias a população local para gravar um documentário que complementasse a mostra 'Do pó da terra', um nome que evoca a passagem bíblica e que faz menção ao artesanato local.
"O vale de Jequitinhonha sempre foi uma região muito pobre, e quando viram que se podia ganhar mais dinheiro com as bonecas (de argila) do que trabalhando fora, os maridos retornaram e começaram a cuidar de seus filhos e da casa para que suas mulheres pudessem se dedicar à arte", explicou o fotógrafo.
Algumas das figuras produzidas na região chegaram a atravessar o Atlântico. Uma das artesãs mais conhecidas, Izabel Mendes, filha de uma "paneleira" (quem modela panelas de argila), expôs suas criações na Fundação Cartier de arte contemporânea, em Paris.
"As bonecas de argila se parecem muito com as mulheres do vale, porque quase sempre se representam uma figura feminina sem a companhia do companheiro, que está longe trabalhando nas fábricas de açúcar", afirmou Nahas.
Ansioso para retratar a região - na qual 56,6% da população é analfabeta -, o fotógrafo destacou que as técnicas de modelagem costumam passar de mãe para filha por via "oral" e, "embora sejam pessoas simples e sem educação formal, desenvolvem um trabalho complexo reconhecido por galerias internacionais".
No entanto, "a nova geração não deseja assumir o legado da família e acaba abandonando o vale para buscar uma nova vida nas grandes cidades, como São Paulo ou Rio de Janeiro", concluiu o artista.
São Paulo, 26 nov (EFE).- A terra úmida que margeia os 1.090 quilômetros do rio Jequitinhonha se transformou em matéria-prima sob as enrugadas mãos de artesãs locais, cuja força e talento fizeram esta região de Minas Gerais prosperar e que foram retratadas por Maurício Nahas na exposição 'Do pó da terra', exibida em São Paulo.
Com argila natural do rio, as artesãs elaboram objetos de arte com os quais garantem o sustento de suas famílias, um cenário que Nahas quis imortalizar em 50 imagens que, até 3 de janeiro, ficarão em cartaz no Museu Afro Brasil.
"Por razões econômicas, os homens da família saíram da região em busca de dinheiro, e as mulheres, por outro lado, ficaram investindo seu tempo na produção de objetos de arte a partir de técnicas que aprenderam com os povos nativos", disse Nahas à Agência Efe.
O fotógrafo fez parte de uma equipe que em 2013 acompanhou durante 20 dias a população local para gravar um documentário que complementasse a mostra 'Do pó da terra', um nome que evoca a passagem bíblica e que faz menção ao artesanato local.
"O vale de Jequitinhonha sempre foi uma região muito pobre, e quando viram que se podia ganhar mais dinheiro com as bonecas (de argila) do que trabalhando fora, os maridos retornaram e começaram a cuidar de seus filhos e da casa para que suas mulheres pudessem se dedicar à arte", explicou o fotógrafo.
Algumas das figuras produzidas na região chegaram a atravessar o Atlântico. Uma das artesãs mais conhecidas, Izabel Mendes, filha de uma "paneleira" (quem modela panelas de argila), expôs suas criações na Fundação Cartier de arte contemporânea, em Paris.
"As bonecas de argila se parecem muito com as mulheres do vale, porque quase sempre se representam uma figura feminina sem a companhia do companheiro, que está longe trabalhando nas fábricas de açúcar", afirmou Nahas.
Ansioso para retratar a região - na qual 56,6% da população é analfabeta -, o fotógrafo destacou que as técnicas de modelagem costumam passar de mãe para filha por via "oral" e, "embora sejam pessoas simples e sem educação formal, desenvolvem um trabalho complexo reconhecido por galerias internacionais".
No entanto, "a nova geração não deseja assumir o legado da família e acaba abandonando o vale para buscar uma nova vida nas grandes cidades, como São Paulo ou Rio de Janeiro", concluiu o artista.
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