Destaque da CineBH fala sobre diferenças e semelhanças de Brasil e Argentina
Carolina Radu.
Belo Horizonte, 20 out (EFE).- Apaixonada pelo Brasil, a diretora argentina Lucrecia Martel se sentiu lisonjeada quando soube que seria a homenageada da 9ª edição do CineBH - Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte.
Com 18 trabalhos no currículo, entre longas, curtas e séries de TV, ela acredita que a Argentina vive um excelente momento no âmbito do cinema, em boa parte por conta dos incentivos do governo às produções culturais, apesar de continuar a haver defasagem na distribuição.
"Os recursos do governo não são suficientes, mas são uma grande ajuda. O problema ainda é a distribuição para as salas de cinema. Grandes sucessos como "Relatos Selvagens" (2014), "O Segredo dos Seus Olhos" (2009) e "Um Namorado Para a Minha Esposa" (2008) são casos isolados, pois são pensados para ter uma grande distribuição e divulgação na imprensa, por isso não podemos falar que existe uma mudança. Neste quesito ainda precisamos melhorar", explicou a diretora em entrevista exclusiva à Agência Efe durante o festival na capital mineira.
Para ela, o Brasil vive os mesmos problemas com os filmes nacionais, mas em compensação o país tem produções mais polarizadas.
"Vocês têm muitos trabalhos regionais. Em Pernambuco, por exemplo, há muitas produções. Nós não temos isso lá, tudo é em Buenos Aires. Aqui, vocês têm São Paulo, Rio, a região Norte..., além do mais, a mistura de origens do povo brasileiro faz com que o seu cinema seja menos 'branco' do que o cinema argentino. O cinema argentino é muito 'branco', e isso chama a atenção. Um país que tem mais ou menos 60% de sua população com sangue indígena...", questionou.
Perto de finalizar seu mais novo trabalho, "Zama" - atualmente em fase de edição -, Lucrecia conta que gostaria de vir ao Brasil para o lançamento do filme, previsto para o meio do ano que vem.
"Ficaria muito feliz de poder vir. E acho que virei pelo prazer de estar com a equipe", revelou a diretora do filme que tem quatro brasileiros no elenco, entre eles Matheus Nachtergaele.
A cineasta, que já visitou Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Gramado e Paraty, conta que agora quer conhecer melhor Belo Horizonte.
"Ainda não consegui ir a muitos lugares, mas espero passear mais antes de ir, fiquei encantada com a arquitetura. Acho que seria incrível rodar uma ficção científica aqui. Me pareceu uma cidade muito fácil de enquadrar", explicou.
Lucrecia começou no cinema de forma casual, filmando familiares. O entusiasmo cresceu e, com 18 anos, entrou para um curso de animação. Para os que pretendem seguir esse caminho, ela indica abrir os horizontes.
"É importante ter uma formação sólida, e muita gente dessa área não tem. Comece estudando literatura, filosofia, arquitetura e, depois, faça um curso de cinema, que não dura mais do que quatro meses. O mais difícil para filmar é ter um ponto de vista, uma posição, uma visão sobre o mundo, e isso você não consegue em uma escola de cinema", receitou.
Belo Horizonte, 20 out (EFE).- Apaixonada pelo Brasil, a diretora argentina Lucrecia Martel se sentiu lisonjeada quando soube que seria a homenageada da 9ª edição do CineBH - Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte.
Com 18 trabalhos no currículo, entre longas, curtas e séries de TV, ela acredita que a Argentina vive um excelente momento no âmbito do cinema, em boa parte por conta dos incentivos do governo às produções culturais, apesar de continuar a haver defasagem na distribuição.
"Os recursos do governo não são suficientes, mas são uma grande ajuda. O problema ainda é a distribuição para as salas de cinema. Grandes sucessos como "Relatos Selvagens" (2014), "O Segredo dos Seus Olhos" (2009) e "Um Namorado Para a Minha Esposa" (2008) são casos isolados, pois são pensados para ter uma grande distribuição e divulgação na imprensa, por isso não podemos falar que existe uma mudança. Neste quesito ainda precisamos melhorar", explicou a diretora em entrevista exclusiva à Agência Efe durante o festival na capital mineira.
Para ela, o Brasil vive os mesmos problemas com os filmes nacionais, mas em compensação o país tem produções mais polarizadas.
"Vocês têm muitos trabalhos regionais. Em Pernambuco, por exemplo, há muitas produções. Nós não temos isso lá, tudo é em Buenos Aires. Aqui, vocês têm São Paulo, Rio, a região Norte..., além do mais, a mistura de origens do povo brasileiro faz com que o seu cinema seja menos 'branco' do que o cinema argentino. O cinema argentino é muito 'branco', e isso chama a atenção. Um país que tem mais ou menos 60% de sua população com sangue indígena...", questionou.
Perto de finalizar seu mais novo trabalho, "Zama" - atualmente em fase de edição -, Lucrecia conta que gostaria de vir ao Brasil para o lançamento do filme, previsto para o meio do ano que vem.
"Ficaria muito feliz de poder vir. E acho que virei pelo prazer de estar com a equipe", revelou a diretora do filme que tem quatro brasileiros no elenco, entre eles Matheus Nachtergaele.
A cineasta, que já visitou Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Gramado e Paraty, conta que agora quer conhecer melhor Belo Horizonte.
"Ainda não consegui ir a muitos lugares, mas espero passear mais antes de ir, fiquei encantada com a arquitetura. Acho que seria incrível rodar uma ficção científica aqui. Me pareceu uma cidade muito fácil de enquadrar", explicou.
Lucrecia começou no cinema de forma casual, filmando familiares. O entusiasmo cresceu e, com 18 anos, entrou para um curso de animação. Para os que pretendem seguir esse caminho, ela indica abrir os horizontes.
"É importante ter uma formação sólida, e muita gente dessa área não tem. Comece estudando literatura, filosofia, arquitetura e, depois, faça um curso de cinema, que não dura mais do que quatro meses. O mais difícil para filmar é ter um ponto de vista, uma posição, uma visão sobre o mundo, e isso você não consegue em uma escola de cinema", receitou.
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