María Dueñas atribui sucesso internacional a escrever "histórias universais"

Rio de Janeiro, 16 set (EFE).- A escritora espanhola María Dueñas, que apresentou nesta quarta-feira no Rio de Janeiro a versão em português de seu último romance, "Destino: A temperança", acredita que o sucesso internacional de seus livros ocorre por falarem de "paixões humanas" em "histórias universais".

"Eu não tenho a fórmula mágica", afirmou Dueñas, que está no Brasil como parte de uma turnê mundial para promover a obra, ao ser perguntada em entrevista à Agência Efe sobre o segredo de seu sucesso.

A escritora, nascida na cidade de Puertollano em 1964, disse saber o motivo da aceitação de suas obras pelas reações dos próprios leitores, que ressaltam a importância das "tramas ágeis e envolventes", dos personagens "com grandes cargas de humanidade" e a escolha de cenários "atrativos".

Em "Destino: A temperança", lançada pela editora Planeta em março com tiragem de 500 mil exemplares para Espanha e América Latina, Dueñas aborda a história de Mauro Larrea, um espanhol que consegue refazer sua vida após percorrer as ruas da Cidade do México, de uma Havana colonial e de Jerez de la Frontera (Espanha) em pleno apogeu.

"Gosto de construir personagens que superem adversidades, que quando a vida os derruba tenham coragem e vontade necessárias para, com dor, ficar de pé outra vez e buscar novas perspectivas", argumentou a autora.

Dueñas negou que ao escrever o romance tivesse em mente a crise que obrigou milhares de espanhóis a saírem do país nos últimos anos. No entanto, disse que foi bom ver certos "paralelismos" entre esta situação e a história do personagem principal do novo livro, já que ao longo da história há "uma necessidade recorrente de sair da zona de conforto para sobreviver".

Com mais de cinco milhões de exemplares vendidos e com obras traduzidas em 35 idiomas, a escritora, que alcançou o sucesso em plena crise com a publicação de seu primeiro romance, "O tempo entre costuras", não pretende se colocar como um exemplo de superação da adversidade em tempos difíceis.

Dueñas considera que seu último livro "pode ser um exemplo de que não se deve jogar a toalha". O que não se pode fazer, segundo ela, é "se deixar levar pela corrente", já que, às vezes, as situações negativas "têm que servir para dar mais valor à vida", destacou.

A escritora, que visitará Japão, Chile, Uruguai e México nas próximas semanas, afirmou que devido a seu "passado acadêmico" tem uma "tendência ao rigor", fruto de uma minuciosa pesquisa, que pode ser observada no conteúdo de seus livros.

O trabalho de mergulhar em "jornais, planos e imagens" do passado significa "meses para cada romance", o que acaba sendo "fascinante", considera.

Além dos grandes fatos históricos, Dueñas revelou que tem um interesse em particular "pelas coisas pequeninas", que permitem transmitir os costumes, a arquitetura, os barulhos e os cheiros de tudo sobre o que escreve, mas sempre com o cuidado de evitar excessos.

"Não há nada mais tedioso do que um romance em que o autor quer nos quer dar aula sobre o quanto sabe", afirmou Dueñas.

Sobre uma possível adaptação de sua última obra às telas, depois do grande sucesso da versão de "O tempo entre costuras" para a televisão, a escritora confirmou que, apesar de "ainda não ter nenhum projeto definitivo", pode ser uma possibilidade.

Para divulgar "Destino: A temperança", a autora visitará nos próximos dias as cidades de São Paulo e Curitiba, onde participará de diversos eventos e conversas com leitores e representantes do setor literário.