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Restos mortais de Cervantes já descansam em novo monumento na Espanha

Da EFE, em Madri

11/06/2015 13h58

Os restos mortais do escritor espanhol Miguel de Cervantes já descansam no novo monumento em sua homenagem erguido na igreja de San Ildefonso do convento das Trinitárias de Madri, em cuja cripta foram achados em março por uma equipe de pesquisadores.

"Jaz aqui Miguel de Cervantes Saavedra 1547-1616", afirma a placa comemorativa do sepulcro inaugurado hoje, que inclui versos de "Os trabalhos de Persiles e Sigismunda" de Cervantes: "O tempo é breve, as ânsias crescem, as esperanças minguam e, contudo, levo a vida sobre o desejo que tenho de viver".

Quase três meses depois da descoberta dos restos de Cervantes, sua esposa e outras pessoas enterradas na igreja primitiva do convento - localizada em um ponto diferente ao atual -, a prefeita de Madri, Ana Botella, e o diretor da Real Academia Espanhola (RAE), Darío Villanueva, inauguraram hoje o monumento.

Em sua parte visível, o sepulcro consta de uma placa de pedra caliça de 1,6m de altura e 1,2m de largura sobre um suporte talhado em rocha que está situado à esquerda da porta de entrada da igreja, que tem a consideração de Bem de Interesse Cultural.

Em seu interior se encontram três urnas depositadas em um nicho para estátuas que contêm os restos da já famosa redução 32 da cripta da antiga igreja, onde a equipe de pesquisadores, arqueólogos e historiadores, liderado por Francisco Exteberria, localizou os restos do escritor.

"Aqui estamos para que a Espanha e o mundo voltam a honrar os restos mortais de Cervantes como não se tinha feito em três séculos, quando foram transferidos em 1697 ao solo da cripta", declarou Botella.

A um ano do quarto centenário da morte de Cervantes, a prefeita de Madri considerou saldada a dívida com o homem que deixou um legado "único e irrepetível" a 500 milhões de pessoas que compartilham a "riqueza comum" que é a língua espanhola.

Por sua vez, o diretor da RAE, que repassou a vinculação histórica da instituição acadêmica com Cervantes e o convento, considerou que a ciência física e legista permitiu pôr ordem na casa e apresentar Cervantes com a mesma dignidade e reconhecimento do que gozam o maiores escritores de outros países cultos.

A descoberta do novo monumento nas Trinitárias fecha um projeto de quase um ano que terminou no último dia 17 de março, quando o legista e diretor da busca confirmou que entre os fragmentos achados na cripta da igreja das Trinitárias se encontravam, "sem divergências", alguns restos pertencentes a Miguel de Cervantes.

O autor sentia devoção pelos Trinitários porque devia a vida e a liberdade a esta ordem fundada no final do século 12 para libertar os cristãos aprisionados por não cristãos durante as Cruzadas. Por isso quis ser enterrado naquela que então, no início do século 17, era uma modesta igreja.