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Incensado por multidão, Ai Weiwei volta à cena artística chinesa

6.jun.2015 - O artista chinês Ai Weiwei posa para selfie com fãs em sua primeira exibição solo em Pequim - Ng Han Guan/AP
6.jun.2015 - O artista chinês Ai Weiwei posa para selfie com fãs em sua primeira exibição solo em Pequim Imagem: Ng Han Guan/AP

Pequim

06/06/2015 14h02

Pequim, 6 jun (EFE).- O artista Ai Weiwei foi recepcionado por uma multidão neste sábado na inauguração de sua primeira exposição individual na China, com a qual retorna à cena artística de seu país natal da qual foi afastado pelas autoridades há quase meia década.

A reconstrução de um templo com mais de 400 anos de história da dinastia Ming foi a escolha do talentoso Ai, também famoso por seu peculiar ativismo político e social, para sua estreia em uma mostra monográfica com sua obra na China, já que até agora tinha participado apenas de exibições coletivas.

No entanto, foi sua presença, mais que seus trabalhos, o que chamou a atenção nas duas galerias de Pequim, a Contínua e a de Arte Contemporânea Tang, que recebem conjuntamente a exposição intitulada apenas como "Ai Weiwei".

O artista, transformado hoje em estrela, recebeu o calor de sua legião de fãs, manifestada em forma de ramos de flores, felicitações e palavras de ânimo.

Em troca, Ai distribuiu saudações, abraços e principalmente selfies, centenas de selfies, que lhe pediam admiradores que se aglomeravam formando uma multidão a seu ao redor à espera de sua vez para tirar uma foto com ele.

Essas demonstrações de afeto se explicam, em parte, porque ver o artista passeando entre obras suas expostas em Pequim se transformou em um acontecimento excepcional nos últimos anos.

Ai, que ganhou popularidade na China por sua contribuição ao projeto do estádio olímpico de Pequim, foi afastado do circuito artístico chinês há pouco mais de quatro anos por seus enfrentamentos com o regime comunista.

Seu ativismo e suas críticas ao governo chinês lhe valeram reconhecimento internacional como artista comprometido, mas também lhe custaram a desaprovação do governo e uma privação de liberdade, primeiro, e de movimento, depois.

Após sua detenção em abril de 2011 no aeroporto da capital chinesa, Ai passou 81 dias detido por "incitar à subversão contra o Estado", e depois foi acusado de vários crimes financeiros.

Em seguida, o artista permaneceu um ano sob prisão domiciliar, até que em junho de 2012 recebeu permissão para sair de casa, mas não do país por ser alvo investigações de bigamia, pornografia e troca ilícita de divisas estrangeiras.

Foi talvez sua marginalização na China, onde seu nome está censurado na popular rede social Weibo (o equivalente local do Twitter), que lhe deu o impulso definitivo no cenário internacional.

"Ai Weiwei tem muitas exposições individuais no exterior, mas aqui, onde vive e cresceu, não havia tido nenhuma ainda. Significa muito para ele", afirmou à Agência Efe o curador da exposição inaugurada em Pequim, Cui Cancan, para quem se trata "não só do artista mais importante da China, mas de todo o mundo".