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França investiga roubo de quadros de uma das herdeiras de Picasso

A francesa Jacqueline Roque (1926-1986), última mulher de Pablo Picasso - Justin R. Jones
A francesa Jacqueline Roque (1926-1986), última mulher de Pablo Picasso Imagem: Justin R. Jones

De Paris (França)

14/05/2015 11h04

A justiça francesa investiga um suposto roubo de três quadros pertencentes à Catherine Hutin-Blay, a filha da última companheira de Picasso --Jacqueline Roque--, que fez a denúncia dos fatos em março, procedimento que levou à detenção nesta semana do marchand de arte Olivier Thomas.

A informação foi revelada nesta quinta-feira (14) pelos jornais "Le Figaro" e "Le Parisien", que disseram que Thomas --57 anos, gerente da Air Transit International, empresa de compra e venda de arte-- tinha sido detido na segunda-feira pela polícia e foi colocado ontem em liberdade sem acusações.

A Promotoria de Paris abriu uma investigação em 23 de março por roubo, receptação e fraude com base na denúncia apresentada por Hutin-Blay, 67, que apontava o desaparecimento de um quadro de Rembrandt de 1656, "L'Homme au Casque d'Or" e dois retratos de sua mãe feitos por Picasso em 1957, "Femme se Coiffant" e "Espagnole à l'Éventail".

A filha de Jacqueline Roque --que foi absolvida no processo pela ocultação de 271 de obras de Picasso por parte do eletricista do artista, no qual o mesmo foi condenado em fevereiro-- afirma que em 2008 encarregou ao marchand de arte um inventário antes que as peças que estavam em sua residência em Mougins, no último atelier do gênio espanhol, fossem transferidas.

Olivier Thomas as transferiu para instalações da Air Transit e a relação com Hutin-Blay se deteriorou, sobretudo quando, no final de 2012, ele a impediu de acessar os estoques da empresa, até que ela forçou uma visita ao ameaçar chamar a polícia, mas naquela ocasião não deu pela falta de nada.

Em janeiro deste ano, as coisas mudaram quando o restaurador Flavio Capitulano perguntou à herdeira de Picasso se a mesma tinha vendido dois retratos de sua mãe, segundo o "Le Figaro".

Capitulano tinha recebido uma encomenda de Olivier Thomas para restaurar os três quadros que são agora alvo da denúncia, e que segundo o marchand de arte procediam de uma compra de "um fundo do atelier de Picasso".

O restaurador, em sua declaração, contou que essas obras seriam oferecidas a um suposto comprador, que segundo diversas informações era o magnata russo Dimitri Rybolovlev, proprietário do clube de futebol de Mônaco.

De fato, Rybolovlev iniciou um procedimento legal contra a empresa de armazenamento de arte Natural Le Coultre, em Genebra, e contra seu presidente, Yves Bouvier, acusado em fevereiro por fraude, já que o magnata russo afirma ter sido enganado sobre o preço de compra de algumas obras.

Especula-se que Bouvier seja cúmplice de Thomas. O "Le Figaro" afirma que Rybolovlev, ao saber que havia uma denúncia de Hutin-Blay, que reivindica 10 milhões de euros por danos e prejuízos, decidiu devolver os quadros alvos de controvérsia e processar o vendedor por fraude.