Rei espanhol elogia "olhar crítico" de escritor que levou Prêmio Cervantes
O rei Felipe VI da Espanha elogiou nesta quinta-feira (23) o "olhar crítico" do mais recente ganhador do Prêmio Cervantes, o escritor catalão Juan Goytisolo, de 84 anos. Para o monarca, a "deslumbrante obra" do autor "ajudará a abordar novamente visões e ideias estabelecidas e consolidadas" e estimular uma reflexão sobre o presente e o passado, "para assim, talvez, encarar melhor o futuro".
Felipe e Letizia da Espanha presidiram nesta quinta, pela primeira vez como reis, a cerimônia de entrega do Prêmio Cervantes, no habitual palco do auditório da Universidade de Alcalá de Henares, em Madri.
Em discurso, o rei espanhol definiu Goytisolo como um dos principais representantes de Cervantes em castelhano das últimas décadas, e "uma figura central da literatura espanhola", que também realizou "contribuições fundamentais" à história cultural do país em questões como a influência muçulmana e a importância do conceito de "limpeza de sangue" na Idade Moderna.
"Homem mestiço", o escritor premiado enfatizou "a interação fértil das diferentes culturas, especialmente a da civilização árabe no pensamento europeu e universal", lembrou Felipe VI, que ressaltou que "o olhar crítico [de Goytisolo] também é voltado para a atualidade", através de várias colaborações em obras literárias e de sua participação em documentários culturais.
"Sua deslumbrante obra nos enriquece e tenho certeza de que continuará fazendo o mesmo. Desfrutaremos dela, que também nos ajudará a abordar novamente visões e ideias estabelecidas e consolidadas; nos estimulará a refletir sobre nosso presente e nosso passado para assim, talvez, encarar melhor o futuro", disse o monarca.
Felipe VI dedicou grande parte do discurso a ressaltar os vínculos entre o autor de Don Quixote e o escritor catalão. Segundo o rei, "poucos autores podem ser considerados tão cervantinos como Goytisolo", comentou, citando a reflexão do escritor espanhol Francisco Ayala (1906-2009) de que "a pátria de um escritor é seu idioma", para concluir que a "pátria literária" do premiado pode ser Cervantes.
O monarca encerrou o pronunciamento com o desejo de que Goytisolo continue "enriquecendo" a "realidade cultural" espanhola, dando o "parabéns mais afetuoso" ao escritor por um prêmio "que reconhece sua contribuição extraordinária à literatura em espanhol".
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