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Feira do Livro em Assunção repassa 150 anos da Guerra do Paraguai

Soldados "voluntários da pátria" vindos do Ceará, em foto tirada entre 1867 e 1868, durante a Guerra do Paraguai - Reprodução/Acervo Biblioteca Nacional do Brasil
Soldados "voluntários da pátria" vindos do Ceará, em foto tirada entre 1867 e 1868, durante a Guerra do Paraguai Imagem: Reprodução/Acervo Biblioteca Nacional do Brasil

De Assunção

23/04/2015 15h04

A Feira Internacional do Livro do Paraguai reúne a partir desta quinta-feira (23) cerca de 1 milhão de exemplares de livros de diferentes temas, sob o lema "150 anos da Guerra do Paraguai", em memória à disputa vivida pelo país contra Brasil, Argentina e Uruguai, entre 1864 e 1870. O evento vai até o dia 3 de maio, no Centro de Convenções do centro comercial Marechal Shopping.

A edição da feira deste ano, organizada pela Câmara do Livro Assunção-Paraguai (Clap), pretende "cicatrizar feridas" e repassar a história de uma guerra que dizimou a população paraguaia, disse à Agência Efe a secretária-geral da Clap, Vidalia Sánchez.

Para isso, a Feira Internacional do Livro do Paraguai contará com a presença de historiadores reconhecidos nos três países que formaram um bloco contra o país vizinho: o brasileiro Mario Maestri, o argentino Felipe Pigna e a uruguaia Ana Ribeiro.
 
A Biblioteca Nacional paraguaia participa pela primeira vez da feira, onde apresentará a reedição de "Sobre os Escombros da Guerra: Uma Década de Vida Nacional (1869-1880)", obra de Héctor F. Decoud que estava esgotada e aborda as penúrias da sociedade do país no pós-guerra.

Além disso, a biblioteca fornece à feira fotografias de sua propriedade sobre o conflito. As imagens se somarão à série de fotografias cedida pela embaixada do Uruguai em Assunção que documenta diferentes momentos da Guerra do Paraguai, o terceiro confronto bélico fotografado da história.

A secretária-geral comentou que, apesar da grande quantidade de livros editados no Paraguai sobre a disputa, o tema sempre está dentro do interesse do público leitor. Além disso, Vidalia disse que, embora o setor editorial paraguaio seja reduzido e se restrinja a apenas dez ou 15 editoras ativas, a reivindicação de bons materiais a preços acessíveis é cada vez maior, por isso que "o livro paraguaio goza de muito boa saúde".

Títulos como "Yo, el Supremo" ("Eu, o Supremo"), do famoso escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, e os dicionários de língua guarani são alguns dos que têm maior expectativa de venda, junto com os romances e ensaios históricos, segundo Vidalia.

Com quase cem estandes, a Feira Internacional do Livro do Paraguai abrigará 46 expositores e 126 atividades distintas, como exposições artísticas, conferências e conversas.

Também estão previstas atividades em comemoração dos 90 anos da guarânia, um dos gêneros musicais mais representativos do Paraguai, criado pelo compositor José Asunción Flores, que receberá homenagem no evento com uma mostra fotográfica.

Pela feira, passarão também autores internacionais, como o espanhol Rafael Soler, a italiana Gabriella Dionisi e o peruano Carlos Augusto Ramos.